
Flamengo e Paschoalotto/Bauru iniciam a disputa pelo título da sétima edição do Novo Basquete Brasil (NBB) às 21h30 (de Brasília) desta terça-feira, no Rio de Janeiro. Alex Garcia, jogador mais experiente do time paulista, luta pelo inédito tetracampeonato e vê a possível conquista como chance para embalar rumo à disputa da Copa Intercontinental.
“Seria mais um feito importante na minha carreira”, disse o ala de 35 anos, com passagem pela NBA, em entrevista à Gazeta Esportiva. Pelo Brasília, Alex conquistou as edições de 2010, 2011 e 2012 do NBB. Em 2003, pelo COC/Ribeirão Preto, ganhou o antigo campeonato nacional.
O triunfo de Bauru romperia o domínio de Brasília e Flamengo, únicos campeões da história do NBB, e embalaria o time rumo à disputa do título mundial contra o poderoso Real Madrid – o atual ganhador do torneio intercontinental, coincidentemente, é o Rubro-Negro.
Em sua quinta final do NBB, um recorde, Alex briga por três premiações individuais. Ganhador do troféu de melhor defensor em todas as seis edições anteriores do torneio, ele deseja manter a hegemonia. O ala do Bauru ainda concorre como ala e MVP.
Gazeta Esportiva – Depois de fazer uma grande campanha na fase de classificação do NBB (28 vitórias e duas derrotas), o Bauru sofreu para vencer Franca e Mogi nos playoffs. Vocês ficaram surpresos com a dificuldade encontrada nas duas séries?
Alex – Foram dois confrontos duros. O fato de termos feito uma boa campanha na primeira fase não significa que pensávamos que os playoffs seriam fáceis. Muda tudo porque, independentemente do retrospecto, todos os times estão na mesma situação. Franca dificultou bastante e Mogi até fugiu um pouco do que prevíamos, realizando algumas coisas diferentes. Mas nossa equipe é muito forte e conseguimos a classificação.
Gazeta Esportiva – Na decisão, Bauru enfrenta o Flamengo, um adversário que você conhece bem. O que está esperando da série final, em melhor de três partidas?
Alex – O Flamengo é o atual bicampeão do NBB, um time difícil, que se conhece bem e vem ganhando títulos nos últimos anos. Nesse primeiro jogo, queremos conquistar uma grande vitória no Rio de Janeiro, mas também existe o risco de sofrer uma derrota até pesada. Não podemos repetir os erros cometidos contra Franca e Mogi. Precisamos entrar para matar e não deixar jogar, com atenção na defesa. Se dermos 1% de confiança, eles entram na partida e fica difícil. Vimos o que fizeram contra Limeira na semifinal.
Gazeta Esportiva – Bauru ganhou do Flamengo duas vezes na fase de classificação. Isso serve para aumentar um pouco a confiança de vocês na final ou acaba não interferindo muito?
Alex – Eu acho que não tem nada a ver, como mostraram os recentes confrontos com Franca e Mogi. Na fase de classificação, vencemos todos os jogos contra eles com certa facilidade. Na época das partidas contra o Flamengo, estávamos em outro momento do campeonato, crescendo bastante. Além disso, ainda contávamos com o Jefferson (sofreu lesão no tendão de Aquiles), um cara que me ajuda muito, porque segura um jogador a mais e facilita a penetração. Nas finais, precisamos focar na defesa. Com uma defesa forte e rebote na mão, não tem um time no Brasil que corra como o nosso no contra-ataque.
Gazeta Esportiva – Você vai enfrentar o Flamengo na final do NBB pela terceira vez na carreira. Ainda tem alguma rivalidade com eles dos tempos de Brasília?
Alex – Acho que não, já passou. Pelo Brasília, perdi o primeiro NBB para o Flamengo e depois conseguimos dar troco no segundo. Nos últimos anos, essas duas equipes acabaram sendo protagonistas do torneio, mas para mim a rivalidade com o Flamengo já passou. Aqui em Bauru, a rixa maior é com Franca e Limeira.
Gazeta Esportiva – Até agora só Flamengo e Brasília (três títulos cada) conquistaram o NBB. Acha que o triunfo de um novo time seria bom para o próprio torneio?
Alex – Se seria bom para o basquete brasileiro ou não, eu não sei. Mas para nós, seria ideal. A cidade de Bauru respira basquete e almeja muito o título. O investimento nesse ano foi alto em busca dessa conquista e temos uma grande oportunidade agora. Sabemos que o mando de quadra não é garantia alguma e vamos nos preparar bem para ter sucesso.
Gazeta Esportiva – Bauru ganhou o torneio nacional masculino pela única vez em 2002. Como você sente os torcedores da cidade diante de uma nova decisão?
Alex – O pessoal está bem ansioso. Antes do quinto jogo contra Mogi, já tinha gente preocupada com uma eventual derrota. Na cidade, só se fala da decisão do NBB. Mas não podemos entrar na euforia do torcedor. Já fui campeão por Ribeirão Preto e Brasília. Seria muito especial ganhar mais um título nacional pela terceira equipe diferente.
Gazeta Esportiva – Se o Bauru vencer o Flamengo na final, você passa a ser o único jogador com quatro títulos do NBB, superando o Marcelinho Machado…
Alex – Seria mais uma conquista importante para mim. Estou na minha quinta final de NBB e posso ser o primeiro jogador a ganhar quatro títulos. Ficaria muito feliz, ainda mais por ser em uma nova equipe, diferente de Brasília e Flamengo.
Gazeta Esportiva – Como o Ginásio Panela de Pressão não tem a capacidade mínima exigida pelo regulamento para receber as finais, vocês precisarão enfrentar o Flamengo em Marília. Acha que o Bauru perde um pouco de força?
Alex – Na prática, infelizmente vamos disputar três partidas fora de casa. Não conhecemos o ginásio de Marília, eu mesmo nunca fui. Estamos chateados, porque Bauru gosta muito de basquete. No quinto jogo contra o Mogi, ficaram mais de 2 mil pessoas para fora. É quase a capacidade do Panela de Pressão. Se tivesse um ginásio para 10 mil pessoas na cidade, em alguns confrontos estaria lotado facilmente. Mas devemos cumprir o regulamento do campeonato. De qualquer forma, tenho certeza que os torcedores vão em peso para Marília.
Gazeta Esportiva – Qual é o papel do técnico Guerrinha no sucesso alcançado pelo Bauru ao longo da temporada?
Alex – Ele é o líder, o maestro, o cara que comanda, responsável por toda a estrutura da equipe atual. É uma pessoa tranquila, que vem sabendo lidar com as situações. Conta com o respeito de todos os atletas e tem o time na mão. Consegue trocar bem as peças durante o jogo. Claro que ninguém acerta sempre, mas o Guerrinha está fazendo um grande trabalho e gosto de atuar com ele.
Gazeta Esportiva – O Guerrinha possui um elenco forte, com Taylor, Fischer, Gui Deodato, Robert Day, Murilo Becker, Rafael Hettsheimeir, você… Acha que a qualificação do grupo é um dos maiores trunfos do Bauru?
Alex – O entrosamento dos reforços com os que já estavam no time veio bem rápido. Por isso ganhamos o Paulista, o Sul-Americano e a Liga das Américas tão rapidamente. Era difícil esperar que a química entre os jogadores surgisse em tão curto período de tempo. Isso facilita o trabalho do Guerrinha e dos próprios atletas. Foi muito legal. O grupo atual deve ficar junto pelo menos durante a próxima temporada e posso falar que em termos de convivência, é um dos melhores da minha vida profissional.
Gazeta Esportiva – Até agora, você foi o único jogador premiado como melhor defensor no NBB. Acha que vem mais um troféu?
Alex – A expectativa é essa. Se ganhar novamente, vou ficar muito feliz. Seria o sétimo troféu de melhor defensor para guardar na minha residência em Ribeirão Preto. Mas é claro que o primeiro objetivo é conquistar o título do NBB.
Gazeta Esportiva – Sei que ainda falta algum tempo para a decisão do título intercontinental, mas recentemente o Real Madrid foi definido como adversário de vocês na disputa, ainda sem data e local divulgados. O que achou do rival?
Alex – Dos três brasileiros que se classificaram para disputar o título intercontinental nos últimos anos (Pinheiros, Flamengo e Bauru), vamos pegar a maior pedreira, sem tirar os méritos do Flamengo, campeão no ano passado. O time do Real Madrid vem atuando junto há bastante tempo e é 60% da seleção espanhola, então se conhece bem. Eles vão chegar com bom ritmo de jogo. Apesar de ser um adversário duríssimo, vai ser bacana e fico muito feliz por poder representar a cidade de Bauru em um evento tão importante. A visibilidade dos patrocinadores e da própria equipe vai ser enorme.
Gazeta Esportiva – Para chegar com maior status contra o Real Madrid, nada melhor do que ganhar o NBB contra o atual campeão mundial…
Alex – Acho que sim. Seria um trunfo para o Real Madrid ver que não está enfrentando um time qualquer. Eles precisam vir preocupados também. Temos nosso valor e vamos fazer de tudo para conquistar o título intercontinental.