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Coluna Informação #048 – Cadê o PT e o PSL?

É atribuída ao banqueiro e ex-governador de Minas Gerais Magalhães Pinto e frase que diz que “política é que nem nuvem; você olha, está de um jeito; olha de novo, está de um jeito diferente”

Rudolfo Lago

09/10/2020 11h19

Foto: Agência Brasil

É atribuída ao banqueiro e ex-governador de Minas Gerais Magalhães Pinto e frase que diz que “política é que nem nuvem; você olha, está de um jeito; olha de novo, está de um jeito diferente”.

Se as nuvens da política não mudarem até novembro, elas são sinais de forte tempestade nas eleições municipais em cima dos dois partidos que polarizaram as eleições presidenciais: PT e PSL. As últimas pesquisas publicadas com a intenção de voto nas capitais do país mostram as duas legendas praticamente fora da disputa.

Não há pesquisa publicada depois das convenções partidárias e da definição das candidaturas em seis capitais (Aracaju, Teresina, Macapá, Boa Vista, Rio Branco e Porto Velho). Onde já foi divulgada pesquisa, o PSL não lidera em nenhuma capital. E o PT está à frente somente em Vitória, com João Coser, que já foi prefeito da cidade.

Os percalços vão na direção oposta do esforço inicial dos dois partidos para estas eleições. O PT é o partido que mais lançou candidatos pelo país. Tem candidato próprio em 79 das cidades onde haverá segundo turno. O PSL lançou mais de 21 mil candidatos de forma geral nestas eleições (para prefeito, vice e vereador), mais que o dobro do que tinha lançado na eleição anterior.

Talvez seja mais fácil explicar o perrengue do PSL nas capitais. Antes nanico, o partido despontou nas últimas eleições presidenciais porque tinha nas suas fileiras o presidente Jair Bolsonaro. Em um movimento que até hoje ninguém consegue entender completamente, Bolsonaro saiu do PSL, tentou fundar um novo partido, até agora deu com os burros n’água nessa pretensão, e o país vive uma situação inédita de ter uma eleição municipal com um presidente sem filiação partidária. Sem Bolsonaro, o PSL luta para não voltar à sua condição nanica anterior.

Mais complicada parece a situação do PT. Como o partido que mais tempo ficou no poder na história republicana brasileira pode apresentar desempenho tão pífio na primeira eleição que disputa depois da derrota que sofreu nas urnas em 2018?

A única explicação possível está na sua profunda lulodependência, que parece ser tão dramática quanto a famosa neymardependência da Seleção Brasileira. Sem Luiz Inácio Lula da Silva, o PT fica como fica como a Seleção sem Neymar. Em 2018, Lula ainda conseguiu levar Fernando Haddad para o segundo turno. Mas, numa eleição municipal, por mais que possa vir a ser nacionalizada pela pandemia do novo coronavírus, a figura do comandante barbudo se dilui.

A isso se somam as escolhas equivocadas. Em São Paulo, o partido corre o imenso risco de passar por um vexame sem precedentes na cidade que é seu berço. Jilmar Tatto, o nome escolhido, tem somente 1% das intenções de voto, segundo a última pesquisa do Ibope.

Mas e Bolsonaro: ele fora de um partido parece bom cabo eleitoral? Bem, até agora sua adesão a uma campanha parece vir sendo determinante somente em São Paulo, onde Celso Russomanno (Republicanos) lidera com seu nome ligado a ele. É verdade, registre-se, que se trata da maior cidade do país, e isso terá um peso em 2020, caso Russomanno realmente vença. No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (também do Republicanos), parece estar perdendo terreno para Eduardo Paes, do DEM.

E o DEM é a grande surpresa. No começo do governo Lula, o partido chegou a discutir sua possibilidade de extinção. Agora, lidera o pleito, segundo as pesquisas, em quatro capitais (Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Florianópolis). É o partido que tem hoje forte comando sobre o poder Legislativo, com os presidentes das duas Casas, Rodrigo Maia (RJ) e Davi Alcolumbre (AP).

Finalmente, uma última leitura sobre as pesquisas joga sinal mais que amarelo, laranja, sobre o MDB. Desde a tentativa que fez com Orestes Quercia em 1994, o partido optou por reforçar a sua capilaridade nas eleições regionais, para governador, deputado, senador e também para prefeito. Com isso, ganhava musculatura para sempre ser grande e oferecer-se como aliado de qualquer governo no Congresso. Bem, o MDB não lidera em nenhuma capital…

Ao que parece, tem muita gente que terá de rever suas estratégias se quiser brilhar de alguma forma nas eleições daqui a dois anos…

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