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A crônica do racha anunciado

Embates internos no PL expõe fissuras entre Valdemar Costa Neto e o clã Bolsonaro

Vladimir Porfírio

01/10/2025 5h48

Valdemar

Foto.: Beto Barata/ PL

Não é por acaso a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro diante da metralhadora giratória de seu filho, Eduardo Bolsonaro, o 03. A opção intransigente de ambos contra a aprovação de uma anistia “light” sinaliza algo muito além de mera coincidência de opiniões.

Na contramão de líderes do centrão, o chefe do PL, Valdemar Costa Neto, disse a interlocutores que o partido deve acompanhar Bolsonaro, que, como Eduardo, rejeita terminantemente o projeto relatado por Paulinho da Força.

O episódio confirma que a fidelidade do cacique do PL ao “mito” segue intacta, mesmo depois de Valdemar ser chamado de “canalha” por Eduardo em entrevista.

A tréplica de Costa Neto, entretanto, levou a pendenga a níveis extremos. Quando ele jogou na cara do 03 os palavrões que ele dirigiu ao pai em mensagens reveladas pela PF, o grupo de Eduardo passou a admitir cabeçadas e golpes abaixo da cintura nesse ringue.

Segundo versões conspiratórias ainda não confirmadas, a candidatura do “filho do mito” por um partido nanico poderia reduzir a bancada de deputados do PL, na medida em que o bolsonarismo se dividiria em duas legendas.

A manobra afetaria o milionário Fundo Partidário do PL, calculado pelo número de votos para deputado federal.

Seria também uma resposta às acusações de ciúmes do 03 pelos repasses autorizados por Costa Neto para Michele, presidente do PL Mulher.

Nessa dinâmica que imita a lógica da lacração nas redes, Eduardo que seu grupo rejeitava qualquer ajuda financeira de Costa Neto.

Parlamentares da turma do “deixa disso” fazem vista grossa, mas admitem que não se pode desprezar os milhões de engajamentos virtuais em favor de uma candidatura do 03. A militância raiz mandou um recado claro e nem Bolsonaro entra no mérito. Até porque o movimento digital se ancora na lógica antisistema que embalou sua própria ascensão, no estilo Olavo de Carvalho.

Mesmo desautorizado pelo pai, Eduardo já abriu mão de uma eleição quase certa ao Senado por São Paulo, pelo PP, para agora surfar num projeto que apresenta lastro.

Entre vereadores e deputados estaduais, Eduardo somaria hoje apoio estimado entre 70 e 90 políticos que se declaram “eduardistas”.

Para essa turma, se Bolsonaro-pai não voltar, Eduardo é o sucessor natural.

Um ex-colaborador da área econômica de Bolsonaro, aliás, alerta que o capitão gosta de ganhar tempo, “dando linha para campos opostos”, antes de escolher o rumo. Uma senha para muita gente pôr as barbas de molho.

Para esfriar a fervura, Bolsonaro anunciou a impossibilidade da candidatura do filho, numa satisfação a Costa Neto e Tarcísio de Freitas, em recente encontro com o ex-governador paulista. Mas, como um olho fica no peixe e outro no gato, o ex-presidente segue sem uma definição pública sobre a candidatura de Tarcisio de Freitas, monitorando as reações do bolsonarismo raiz, que hoje dita tendências da direita na internet

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