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Hélio Doyle

Policiais civis ficaram mesmo para trás

Arquivo Geral

16/08/2016 7h00

Os policiais civis de Brasília têm um argumento forte em defesa do aumento que reivindicam: a categoria é a única do governo de Brasília que nos últimos anos seis anos teve reajuste salarial acumulado abaixo da inflação. Entre 2010 e 2014, as 37 categorias de servidores do Distrito Federal tiveram aumentos acima da inflação, como mostra estudo feito pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag).
Como têm seus salários equiparados à Polícia Federal, os policiais civis não tiveram reajustes em 2010, 2011 e 2012. Em 2013, 2014 e 2015 tiveram 5% ao ano, como os federais. Por isso os sindicatos alegam que os policiais civis estão sofrendo uma perda de 46,53% — inflação de 62,29% e reajuste acumulado de 15,76.

Não querem perder a equiparação

Agora que o governo federal concedeu 37% de aumento à Polícia Federal, em três anos, os policiais civis querem o mesmo índice. E não aceitam a justificativa do governo de Brasília de que não pode usar mais dinheiro do Fundo Constitucional para arcar com cerca de R$500 milhões a mais na folha de 2017. Lembram que os recursos do Fundo, segundo a lei que o criou em 2002, são prioritariamente para a segurança.
Mas, sobretudo, os policiais civis não querem perder a equiparação de seus salários com os dos federais. Acham que depois será difícil retomá-la.

Todos com aumentos maiores que a inflação

Os números levantados pela Seplag mostram, pelo crescimento da folha de pagamentos, que os aumentos concedidos pelo governo anterior aos servidores sempre superaram a inflação. A diferença sempre foi maior para os funcionários pagos pelo Tesouro do DF, mas também os que receberam com recursos do Fundo Constitucional tiveram aumentos superiores à inflação ou, em 2011, quase iguais.
Em 2010, com uma inflação de 5,91%, os servidores pagos pelo Tesouro tiveram aumentos médios de 16,56% e os pagos pelo Fundo tiveram 8,38%. Seguindo a mesma ordem, nos anos seguintes os números foram:

Já em 2015, com inflação de 10,67%, os aumentos foram de 9,51% e 13,01. O estimado para 2016 é inflação de 8,84% com aumentos de 6,28% e 10,8%.

Aliás…

Os policiais civis também não aceitam o argumento de que se lhes for dado aumento, os mesmos percentuais terão de ser concedidos aos bombeiros e policiais militares. Eles dizem que, no mesmo período em que os policiais civis tiveram aumento acumulado de 15,76%, os bombeiros e policiais militares receberam 60,04% de reajustes.

Em busca do espaço perdido

A pressão dos sindicatos de delegados e agentes para que todos os chefes da Polícia Civil peçam exoneração, deixando os cargos vagos, é vista no governo como manobra de policiais-políticos e políticos não policiais para criar uma crise e tomar o controle da corporação. Há muita pressão para que até o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, peça demissão. Seba é muito ligado ao governador Rodrigo Rollemberg e está no comando desde o início da gestão.
Nas articulações para criar uma crise na Polícia Civil e ocupar espaços, são identificados o deputado federal Laerte Bessa, os distritais Raimundo Ribeiro e Celina Leão e os ex-deputados Milton Barbosa e Alírio Neto. Todos com fortes aliados na corporação, entre ativos e inativos.

Quem tem culpa, tem medo

Pegou muito mal a ausência do vice-governador Renato Santana na Câmara Legislativa para ser acareado com a sindicalista Marli Rodrigues. Se não mentiu na audiência anterior, Santana não teria motivos para temer a acareação com a presidente do SindSaúde e não daria o bolo nos distritais.
Pior é o vice-governador não ter explicado sua ausência aos deputados, deixando isso a cargo de seu advogado, que enviou à Câmara um texto formal e burocrático, no tradicional juridiquês.
Pelo jeito, o vice-governador teve medo de encarar Marli e os distritais.

Cada um defende seu lado

Em situações de crise são frequentes os embates entre os advogados e os comunicadores. Os advogados se preocupam com as questões jurídicas e os especialistas em comunicação pensam na imagem pública do atingido. Sempre é possível conciliar os pontos de vista diferentes, mas muitas vezes as discussões são acaloradas.
Em resumo, advogados geralmente querem que seus clientes fiquem calados. Comunicadores geralmente querem que eles se expliquem publicamente. O problema é que muitos não têm o que explicar e relutam em reconhecer os erros – que podem prejudicá-los nos tribunais.
Quando o cliente opta pelo caminho sugerido pelo advogado, pode até ser absolvido alguns anos depois. Mas sua imagem e reputação já foram abaladas.

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