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Cinema com ela
Cinema com ela

As trilogias e a maldição do terceiro capítulo

Arquivo Geral

26/04/2018 19h26

Atualizada 27/04/2018 22h03

Quando um filme com ambições altas o suficiente para uma futura franquia, espera-se que o primeiro capítulo seja satisfatório. A maioria, consegue de fato atender às expectativas do público, que anseia por uma sequência.  Por exemplo, X-Men – O Filme, realizado por Bryan Singer, estreou em 2000 com pretensões modestas e ganhou uma sequência excepcional em 2003, mas o ápice foi atingido e o sucesso foi ausente no terceiro filme, X-Men – O Confronto Final.  O texto dessa semana (em homenagem ao terceiro Vingadores) é sobre os filmes que não conseguiram fugir da maldição do terceiro e último capítulo da trilogia. Como as franquias são os meios mais rentáveis de Hollywood, exemplo é o que não vai faltar.

Começo aqui, que na minha opinião, é o mais grave de todos: O Poderoso Chefão – Parte 3. Primeira vez que conferi O Poderoso Chefão, não acreditava na possibilidade de alguém suplementar a ausência de Marlon Brando na sequência, até porque a película baseada no romance de Mario Puzo, contava a juventude de Vito Corleone e sua ascensão ao poder. Pois Robert DeNiro me provou o contrário na pele do jovem mafioso e concomitante a Brando, conquistou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 1974. (Recorde inédito em Hollywood). Além disso, narrativa de Francis Ford Coppola dava gosto ao mostrar qual personagem tinha a violência mais legítima. Tudo isso aliado aos conflitos do protagonista em assumir o trono do pai.

Diane Keaton rindo de nervoso com o desastre de O Poderoso Chefão – Parte 3

Quando os créditos da segunda parte rolaram, fãs acreditavam que um clímax sucederia em breve. A expectativa foi dobrada pois Coppola lançou o filme 16 anos depois. A espera valeu a pena? Não! E Poderoso Chefão – Parte 3 mostrou que a maldição do terceiro capítulo era real com atuações podres, roteiro preguiçoso e edição desastrosa. Claramente, Coppola estava apenas batendo ponto nos estúdios Paramount Pictures.

No âmbito dos quadrinhos temos dois exemplos: após a trilogia original de X-Men, o erro foi persistido nos prelúdios. X-Men – Primeira Classe deu um refresco memorável em uma franquia que atingiu momentos desastrosos com X-Men Origens – Wolverine e o já comentado X-Men – O Confronto Final.

Pose para o mico. X-Men – O Confronto Final foi responsável por congelar a franquia durante alguns anos

Sua sequência, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, que uniu o elenco original e novato, conseguiu superar todos os filmes dos mutantes já realizados. Mas o terceiro longa-metragem, X-Men Apocalipse, diminuiu toda aquela vivacidade tão almejada no primeiro capítulo da nova franquia. Em uma cena retirada do corte final de X-Men Apocalipse, Jean Grey ao sair de uma sessão de Star Wars – O Retorno de Jedi fala: “Todos nós sabemos que o terceiro filme é o pior”. Metalinguagem acertadíssima.

 

Pânico e desespero em X-Men Apocalipse não apenas em tela, mas na plateia também

A outra franquia arruinada pelo terceiro filme é: Homem-Aranha, de Sam Raimi. O primeiro apresentava métodos genuínos de construção de personagem, o segundo soube muito bem mostrar quão comum um herói é humano ao retirar a máscara. E por fim (mesmo), Homem-Aranha 3, ignorou todos os elementos que fizeram dos títulos anteriores um sucesso. Há quem defenda, mas não tem como comparar com as obras anteriores. Um bom argumento? Peter Parker emo.

Sam Raimi dirige Tobey Maguire como o Peter Parker mais tosco em Homem-Aranha 3

O segmento de suspense também não saiu ileso. Wes Craven renovou o thriller nos anos 1990 com Pânico. A ideia era usufruir da metalinguagem como uma sátira aos slashers-movies das décadas passadas. O sucesso foi tão estrondoso que gerou alguns genéricos com qualidades inferiores, mas modestos como Lenda Urbana e Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado. O segundo capítulo, como todos os filmes já citados até agora, conquistou um ápice brilhante e para seguir o padrão, Pânico 3 afundou a franquia até 2010.

Parker Poser, Courteney Cox e David Arquette simulam a reação da plateia após exibição de Pânico 3

Meu espaço por aqui não é tão amplo igual a todos os exemplos que existem em Hollywood, mas acho que já dá para compreender que existe um esgotamento criativo na segunda parte da franquia, não é? Infelizmente, uma explicação cabível para este acontecimento é que a tentativa dos diretores em superar o primeiro capítulo é tão acertada, que não sobra mais nada em termos inventivos. E com a pressão dos estúdios, um terceiro capítulo é, perdão a expressão, cuspido e cagado (literamente). 

 

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