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Gastronomia

Trust: veja a avaliação do restaurante com cabines isoladas

Casa abriu na última semana e tem conceito inovador, pelo menos no espaço seguro para visitas

Luciana Barbo

27/07/2020 22h08

Atualizada 27/10/2020 23h58

Quem me acompanha pelas redes sociais, especialmente pelo Instagram, sabe tenho saído de casa praticamente uma vez por semana desde 19 de março, especialmente para ir a supermercados e farmácias, ou para levar alguma consulta médica. Nesse período, também estive na abertura da programação do Festival Drive In, no qual não precisei sair do automóvel.

Daí que a notícia de um restaurante com cabines isoladas e, ainda mais, à beira do Lago Paranoá, me animou. E o convite da marca de cerveja Stella Artois para compor a noite de avant première foi a deixa para me arriscar numa saída mais “radical”, mas cercada de vários cuidados proporcionados pelo Trust, o local em questão.

Como eu sei que meus leitores, seguidores e ouvintes estão curiosos para saber sobre o restaurante e o que achei, eis aqui o meu relato.

Como é a experiência

    Ao chegar à portaria do Clube Cota Mil, onde o restaurante está instalado, todos os passageiros do carro têm a temperatura aferida. Após estacionar e descer a rampa que dá acesso ao salão de festas do clube, duas pessoas te recepcionam. Claro que é preciso estar de máscara para chegar até aí.

Enquanto uma atendente passa as instruções para que o cliente esterelize seus sapatos no tapete especial, outra confere novamente a temperatura de cada comensal. Depois é passar álcool gel nas mãos em um totem com acionamento por pedal e seguir outro atendente que o leva até a sua cabine. Antes de entrar, mais algumas instruções, inclusive sobre o aparelhinho com tecnologia de luz infravermelha para esterelizar celulares e bolsas, principalmente. Este fica com o cliente até o final do serviço.

Existem opções de cabines bem em frente ao lago, cobertas e com capacidade para duas pessoas; e no gramado, com face superior aberta e quatro lugares. O cliente pode escolher onde quer ficar previamente quando faz a reserva pela Bilheteria Digital.

A decoração é bem austera e faz todo o sentido, para facilitar a sanitização do local após o uso. Mesas e cadeiras em madeira e sousplats em rattan tentam imprimir uma certa sofisticação. O ambiente é confortável, passa a sensação de segurança e é menos claustrofóbico do que imaginei. Senti falta do álcool em gel na mesa, conforme indica o decreto de 2 de julho que autoriza o funcionamento de bares e restaurantes, o ue foi justificado Maurício Rodrgues, um dos sócios e idealizadores do Trust. “Como o cliente higieniza as mãos na entrada e também quando vai ao banheiro, optamos por disponibilizar o item nos 15 balcões de apoio dos atendentes, em frente às cabines. Estes podem ser solicitados quando o cliente quiser “, afirma ele.

Isolamento

Em um dos lados da cabine há um interruptor para acender uma luz e chamar os atendentes quando necessário. Eles não entram no espaço isolado e os pedidos são entregues numa tábua longa. Os clientes, então, precisam retirar os pratos dessa bandeja e colocar na mesa, o que, diante das circunstâncias provocadas pela covid-19, não é nenhum bicho de sete cabeças. Por falar no atendimento, é preciso ressaltar que todos são muito educados e prontos para tirar as dúvidas com muita prestreza e polidez.

Mas um detalhe me chamou a atenção ao ver as informações sobre as reservas: a casa cobra R$ 11 por pessoa, para cobrir custos com a higienização. Nas redes sociais, o assunto já gerou polêmica. “Optamos por não embutir esse valor no cardápio, para deixar clara a cobrança”, afirma Maurício. A justificativa para esse valor é o tipo de sanitização especial e acima do que prevê o decreto, realizada nos espaços.

Os banheiros funcionam no salão interno do clube e é preciso ir de máscara. Ali, uma pessoa fica de plantão para higienizar o que for usado com álcool líquido e em gel. A orientação é de que as mãos também sejam higienizadas com estes produtos após o uso dos toaletes e a lavagem com água e sabão.

Já a música, por enquanto, é mecânica, sem uma playlist especial. Na noite em que estive lá, foi baseada em MPB. A ideia, de acordo com Maurício, é conseguir liberação para um DJ ou música ao vivo em breve. Acredito que esse esforço tornaria o ambiente mais intimista e agregaria bastante à experiência.

Resumindo até aqui: eu me senti bem segura no ambiente e creio que essa experiência possa ser replicada em outros lugares e mesmo depois da pandemia, com alguns ajustes de formato. Então, em relação à segurança, visual privilegiado para o Lago Paranoá e atendimento, valeu bastante a visita.

O menu

Num primeiro momento, achei o cardápio pequeno, mas como tenho pensado muito em como será a realidade pós-pandemia, entendi que é totalmente justificado. Nesse novo cenário, ter um estoque com muitos itens é uma ameaça ao negócio. Fora a logística que se torna mais complicada. Aliás, podem ir se preparando para menus muito mais enxutos daqui para frente em qualquer tipo de estabelecimento de alimentação.


Couvert e camarão empanado com molho tártaro

No entanto, a redução no número de pratos não precisa esbarrar na falta de criatividade. Para Maurício, o cardápio entrega gastronomia contemporânea com opções de peixes, carnes e massas capaz de agradar a todos os paladares. Embora se ancore num porto seguro, eu acredito a ementa sem graça e ultrapassada.

Ora, estamos falando de um novo normal, de um projeto inovador, que propõe uma experiência única, então acredito que o menu deveria traduzir tudo isso.  Maaaas, como eu sou chata com essa coisa de conceito, conversei com outras pessoas que estiveram na noite de apresentação e elas me colocaram a mesma opinião. Ou seja, não estou sozinha nesta.

É bom frisar que não há acho problema algum oferecer filé, camarão, salmão, bacalhau e massa. Esses ingredientes podem compor pratos excepcionais e até inesquecíveis com um pouco de empenho. Mas aqui  eles compõem fórmulas batida, cansada, sem inventividade. Mas essa ainda não é a questão central. Na verdade, o que me preocupa é execução X preço.

A comida

Massa recheada com queijo e bacalhau com batatas ao murro , brócolis, azeitonas e alho laminado
As entradas passam por camarão empanado com molho tártaro, algo que a gente vê desde os anos 1990. O item é batido, mas foi o que mais gostei. Estava crocante e o molho tinha certa acidez e cremosidade. Custa R$ 48 com 10 unidades do crustáceo.

Já o couvert segue o padrão: fatias de ciabatta, pimentões no azeite, caponata, mozzarella de búfala (que estava rígida) e azeitonas. Sai a R$ 33 para duas pessoas também. Ainda há uma terceira opção, o arancini recheado com bacalhau (R$ 45), descrito como “esplêndido”. Não provei este porque não estava no menu especial da avant première.

Dos sete principais, provei três. O filé com molho de vinho e risoto de parmesão está presente em muitos restaurantes da cidade e não ficou de fora aqui também. Mas a carne veio bem fora do ponto, o molho precisava de mais redução e o arroz estava sem graça, cozido e denso demais. Não achei que vale os R$ 95 assinalados no menu.

Já o bacalhau com batatas, lâminas de alho e brócolis pede uma cocção mais cuidadosa. Um azeite aromatizado com ervas e um toque de limão, ou outro elemento ácido, traria alegria ao prato e justificaria os R$ 102.

Por sua vez, a massa recheada com queijo (R$ 65) não tinha o toque de damasco prometido no menu. Se este elemento adocicado estivesse ali, poderia elevar o sabor insosso e quebrar a acidez acima da média do molho de tomates.

De sobremesa, provei o strogonoffe de chocolate com nozes (R$ 24). Na verdade, a receita é uma mousse que agradaria aos paladares mais adultos se fosse elaborada com maior quantidade de cacau, o que lhe daria uma cor mais viva e dispensaria o uso excessivo de açúcar.

Em suma

Eu entendo que a casa está começando e, especialmente a cozinha, precisa de ajustes. Como vai funcionar até outubro neste local, creio que é possível fazer uma reformulação do menu para adequá-lo à proposta inovadora e entregar uma experiência completa ao cliente.

Vou torcer bastante para que isso aconteça, porque o local é, antes de tudo, seguro. També tem um visual muito bacana, atendimento solícito e simpático, e merece sucesso pela inovação, pioneirismo e investimento.

Eu voltaria? Se estivesse com vontade de sair de casa para desopilar, sim. Mas me concentraria nas entradas, nos drinques (de R$ 29 a R$ 35) ou numa garrafa de vinho (a partir de R$ 96).

E você, vai lá conferir?

Serviço:
Trust – Gastronomia Segura
Endereço: Cota Mil Iate Clube
Telefone: (61) 98454-6120
Instagram: @TrustBsb
Reservas na Bilheteria Digital

 

 

 

 

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