Chovia, o campo estava pesado e alguns jogadores usavam calças compridas para se proteger do frio. Mas tudo isso não foi suficiente para dar a dimensão de como foi o clima no treino da seleção brasileira, ontem, em Weggis, na Suíça. Edmílson e Adriano trocaram jogadas ríspidas, durante o bate-bola da tarde, e o clima ficou pra lá de quente na gelada Thermoplan Arena.
Tudo começou quando o magrinho e corajoso Edmilson, abrindo os trabalhos do dia, atingiu o rosto do grandalhão Adriano, que mostrou todo seu descontentamento, apalpando os lábios com as mãos e fazendo cara feia. Alguns minutos depois, o grandalhão da Inter de Milão foi à forra, com uma violenta entrada por trás, que deixou Edmilson estatelado na grama, soltando palavrões.
O caso não teve grandes repercussões, mas mostrou certa tensão entre os dois. Essa não foi a primeira vez que eles se estranharam. Na quinta-feira, Adriano e Edmilson também trocaram entradas pesadas. Em uma delas, o atacante da Inter de Milão deixou o volante no chão. Edmilson, jogador do Barcelona, sentiu o braço e foi atendido pelos médicos, mas voltou a jogar. O volante, daí a pouco, deu um pisão no pé de Adriano, que não ficou satisfeito com a jogada.
Ontem, ao sofrer a entrada de Edmilson, Adriano levou a mão à boca talvez esperando um pedido de desculpas. Como este não veio, o revide de Adriano, que fez o único gol do treino, não demorou. Parreira não interrompeu as atividades em nenhum momento para chamar a atenção dos jogadores.
Edmilson, que está lutando por uma vaga no time titular, já deixou claro que não se dá por satisfeito apenas por estar no grupo que disputará a Copa do Mundo. "Quero jogar", afirmou o volante, apesar de reconhecer que Parreira já tem sua definição clara do time que vai começar a competição. Mas ele sabe, também, que é forte candidato a conseguir seu lugar na equipe se o quarteto mágico não funcionar nas primeiras rodadas do Mundial.
Convite às lesões
O frio intenso no campo, ontem, levou até mesmo jogadores acostumados ao inverno europeu, como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Cicinho e Robinho, a recorrer a agasalhos pesados para suportar os 9° que fazia no gramado. Treinaram de calças compridas, assim como os goleiros Dida, Rogério e Júlio César. O frio em Weggis não é, porém, mais intenso do que o da Basiléia, onde a seleção jogará o amistoso contra o Lucerna, hoje. A previsão é que a temperatura oscile entre quatro e oito graus, talvez com neve.
Segundo Cafu, um convite às lesões: "É melhor jogar no frio do que numa temperatura de 40 graus. Podemos dar o máximo, pois o desgaste é menor. Mas há grande risco de se machucar. É preciso tomar cuidado", alertou o capitão.
Na opinião de Zé Roberto, chuva como a de ontem, durante todo o dia, é pior que o frio. "Como a gente joga na base dos toques, envolvendo o adversário, a chuva atrapalha, pois faz o campo ficar mais pesado. Mas a maioria dos jogadores atua na Europa e está acostumada ao frio e à chuva. Acredito que as condições climáticas não vão trazer prejuízo ao futebol que o Brasil quer apresentar na Copa", disse.
A tendência é que comece a esquentar em Weggis a partir de amanhã. Mas quando for para Frankfurt, na Alemanha, dia 5, a seleção encontrará frio de 1 grau. "Isso não é problema. Temos casacos e farto material", diz Rodrigo Paiva, o assessor de imprensa da CBF. (Agências O Dia e Agência Estado)