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Futebol

Seleção brasileira quer ver a bola rolar

Arquivo Geral

07/06/2006 0h00

Passar um dia trancado no hotel já é cansativo. Imagine 18. Os jogadores da seleção brasileira fazem contagem regressiva para a estréia na Copa, marcada para terça-feira, contra a Croácia. Ninguém mais suporta a concentração, os rígidos horários para o café, o almoço e o jantar, as reuniões, os exaustivos treinos, os mesmos gritos dos torcedores e as perguntas dos repórteres – muitas vezes repetitivas.

A ansiedade no elenco é grande. Está chegando a hora de pôr em prática o favoritismo brasileiro, time mais badalado na Europa às vésperas do início da competição. "Não vemos a hora de começar a jogar", declarou Kaká, em busca de seu primeiro título mundial como titular. Até Carlos Alberto Parreira revelou estar com o metabolismo alterado, comendo e dormindo menos. "Um pouco de adrenalina faz bem", comentou o técnico.

A rotina, iniciada em 21 de maio, em Weggis, tornou-se  incômoda para os atletas. Os mais experientes, como Dida, Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo, já haviam participado de outras Copas e estão acostumados à situação. Mesmo assim, demonstram impaciência.

Um fator favorece o aumento do tédio. Enquanto a maioria das seleções disputou amistosos de preparação contra equipes fortes, em partidas emocionantes, o Brasil enfrentou adversários de quinta categoria e entrou em campo sabendo que seria o vencedor. Os 8 x 0 no Lucerna e 4 x 0 na Nova Zelândia  não mexeram com ninguém no elenco. "Eles não agüentam mais, estão cansados e já vêem motivos em muitas coisas para reclamar", afirmou uma pessoa da comissão técnica. "Todos torcem para que a Copa comece logo".

Alguns ficam de mau humor e se tornam rabugentos. Outros, mais agitados, como Robinho e Roberto Carlos, fazem bagunça na concentração para fazer o tempo passar.
Algumas atividades contribuem para diminuir a cansativa rotina, mas não resolvem mais o problema. Já se tornaram repetitivas: videogame,  bingo, ping-pong e outros. Nos jogos virtuais, o último campeão foi o volante Emerson. Juninho Pernambucano é imbatível no ping-pong. Kaká levou na mala vários DVDs de seriados americanos, como Friends. O tempo, no entanto, parece não passar.

Contatos com imprensa
Até mesmo os contatos com os jornalistas já são motivos de reclamações dos jogadores. "Ficamos muito próximos (da imprensa) nesses 17 dias, agora precisamos nos concentrar mais para a competição", declarou Roberto Carlos, um dos porta-vozes do elenco.

Dos 23 atletas, apenas três atuam no Brasil: Rogério Ceni, Mineiro e Ricardinho. Os outros jogam na Europa e não estão acostumados a dar entrevistas com freqüência. Muitas vezes, passam semanas sem conversar com jornalistas.

Vários reclamam da zona mista, área reservada para a imprensa pela qual todos têm de passar diariamente. Centenas de pessoas da imprensa ficam no local em busca de declarações dos astros da seleção. O número de estrangeiros é elevado e chega a assustar.  Ronaldo, por exemplo, não quis atender aos repórteres nos últimos dois dias. Passou reto sem dizer nada. "O Ronaldo não vê problema em dar entrevistas, mas não gosta de ter de responder às mesmas perguntas várias vezes num dia", comentou uma pessoa próxima do atacante. (Agência Estado)

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