O técnico Carlos Alberto Parreira disse, após o jogo-treino de ontem, que mais um tijolinho foi acrescentado ao trabalho da seleção rumo à Copa do Mundo. Para ele, a principal lição foi a de que o Brasil mostrou que dispõe não apenas de 11 jogadores. Os reservas que entraram cumpriram a sua parte, numa demonstração de que a equipe terá muitas opções para mudar durante a competição.
"Estamos na reta de chegada. Faltam 12 dias e o treinamento atingiu o rendimento planejado por nós. Foi o primeiro treino forte depois de oito meses e todo mundo sabe que os jogadores atuam de uma forma diferente na seleção. Neste sentido estamos evoluindo", disse o treinador.
Parreira elogiou a distribuição em campo e a saída rápida para os contra-ataques, mas deixou claro que a equipe precisa evoluir muito para estrear bem na Copa: "Os jogadores estão voltando a encontrar a melhor forma de atuar em conjunto na seleção. Mas as oportunidades apareceram e fizemos muitos gols. As melhores jogadas do segundo tempo foram as de velocidade, quando roubamos a bola na defesa. Claro que o ir e vir na Copa vai ser muito mais intenso e estamos nos preparando para isso. Como início, estamos bem. A natureza não dá saltos", explicou.
O técnico não gosta muito de fazer análises individuais de seus jogadores, mas elogiou a movimentação de Kaká e voltou a fazer uma aposta em Ronaldo Fenômeno. "A função do Ronaldo é esta mesmo, fazer gols. E nos dois amistosos ele marcou, contra o time sub-20 do Fluminense e contra o Lucerna. Na Copa do Mundo, não vai ser diferente. Ele precisa apenas melhorar o ritmo de jogo, já que ficou 52 dias sem atuar. Peço a todos um pouquinho de paciência. Todos nós vamos precisar do seu talento".
O mais festejado foi Kaká, um dos principais responsáveis pelo funcionamento do quarteto mágico. O meia foi elogiado pelo treinador porque fez tudo o que ele havia pedido. Atacou, deu bons passes e, também, mostrou solidariedade ao time, ajudando na marcação nos momentos necessários. É claro que o adversário não impôs dificuldade, mas o jogador do Milan fez seu papel muito bem. "O Kaká cumpriu sua função, portou-se bem, espalhou-se no campo e abriu espaços", comentou Parreira.
Lúcio quer ser o fator surpresa
O jogo-treino de ontem contra a seleção de Lucerna foi um ensaio particular para o zagueiro Lúcio. O gol que fez e algumas subidas à frente fizeram o camisa 3 admitir que sonha em ser um elemento surpresa na Copa. Parreira aprovou e até deu força para as investidas do zagueiro ao ataque: "Lúcio sabe fazer isso e vai aparecer na frente como um elemento-surpresa", disse.
Quando marcou seu gol (o terceiro com a camisa da seleção), o zagueiro comemorou como se fosse campeonato. "Meu principal papel na seleção é defender. Mas é claro que, sempre que der, vou ao ataque tentar o gol", comentou o zagueiro brasileiro.
Lúcio sabe que, por causa do quadrado formado pelos dois Ronaldos mais Kaká e Adriano, a preocupação de Parreira é com a defesa: "Os quatro sabem da responsabilidade que têm. Por isso buscamos o equilíbrio entre ataque e defesa", completou Lúcio.