No futebol brasileiro, essas decepções também se sucederam através da história. Para a torcida brasileira, a hora do espanto começou em 1950 quando craques do quilate de Zizinho, Jair, Danilo e Ademir não foram capazes de justificar a fama e não souberam impor sua melhor categoria diante dos uruguaios.
Na Copa de 54, craques já consagrados como o ponta direita Julinho e o meia Didi não justificaram a fama que levavam na bagagem e foram suplantados por uma Hungria muito mais talentosa. Didi ainda teria chance de se recuperar e mostrar seu talento em 1958 e 1962, mas Julinho, à exceção de um amistoso diante da Inglaterra em 59 quando transformou as vaias do Maracanã em aplausos, nunca mais teve uma chance.
Se em 62, os veteranos deram conta do recado, a Copa de 1966 foi o canto de cisne para muitos jogadores. O goleiro Gilmar, o lateral Djalma Santos, o central Belini e até Mané Garrincha deram seu adeus de forma melancólica. Além disso a Copa chamuscou as imagens de Gérson e Jairzinho que só conseguiriam dar a volta por cima em 70 e enterrou a carreira do goleiro Manga na Seleção Brasileira.
A infelicidade de Zico
Em 1974, só a defesa funcionou. Jogadores como Jairzinho, Rivellino e Paulo César se revelaram incapazes de levar o Brasil a mais um título. Em 78, na Argentina, a decepção ficou por conta da dupla de ataque formada por Zico e Reinaldo, considerados os grandes jogadores da época. Os dois atacantes tiveram dificuldade com a grama alta de Mar del Plata e acabaram barrados por Jorge Mendonça e Roberto Dinamite.
Na Copa de 82, Zico voltou em grande estilo e cercado de craques como Falcão, Júnior, Leandro e outros. Só que eles não foram capazes de suplantar as falhas de Valdir Peres, a hesitação de Luisinho e a falta de categoria de Serginho Chulapa. Essas apostas erradas de Telê se revelaram desastrosas na hora do confronto com a Itália.
Em 86, Zico voltou a ser o personagem principal ao disputar uma copa sem totais condições físicas e desperdiçar um pênalti decisivo contra a França. Esta Copa também marcou o adeus de Sócrates que fez um campeonato absolutamente medíocre. Na Copa de 90, o torcedor brasileiro apostava em Renato Gaúcho e Romário que quase não entraram em campo. E Muller, artilheiro no São Paulo, cansou de perder gols contra a Argentina na partida que causou a eliminação da equipe canarinha.
Em 1994, apesar do título, Raí herói do bicampeonato mundial de clubes pelo São Paulo, jogou fora todas as chances concedidas por Parreira e acabou barrado por um limitado Mazinho. Em 98 na França, as esperanças brasileiras que repousavam nas costas de Ronaldo desabaram todas no dia da final contra a França quando o atacante sofreu uma convusão e entrou em campo fora das suas melhores condições físicas.
Além disso, jogadores como Edmundo e Dunga que falavam muito e não jogaram nada, contribuiram para levar o título para o time da casa. Em 2002, Ricardinho foi convocado para ser o ponto de equilibrio da Seleção no meio campo mas acabou perdendo a posição para um esforçado Kléberson que ganhou a preferência de Felipão e acabou ajudando o Brasil a conquistar o tão sonhado pentacampeonato.