O mundo esportivo já viu seleções de grande qualidade técnica como as do Brasil de 50 e 82, a Hungria de 54 e a Holanda de 74, todas formadas por jogadores de grande talento, mas que não levaram sorte nas copas, perdendo para equipes de menor capacidade técnica mas de maior competência na hora da decisão.
Em contrapartida, outros jogadores sem o mesmo talento tiveram a felicidade de participar de uma equipe vencedora. O futebol brasileiro é pródigo nesses exemplos. Em cada time que conquistou uma Copa do Mundo havia pelo menos um jogador de técnica contestada que teve a felicidade de ser campeão.
O lateral-direito De Sordi em 1958, os zagueiros Jurandir em 62 e Fontana em 70 eram exemplos de jogadores que sempre causaram desconfiança por onde passaram. O técnico Carlos Alberto Parreira recebeu muitas críticas por conta da convocação e escalação do meia Paulo Sérgio na Copa de 94. Na Copa de 2002, havia muita gente que não engolia Belletti. Eles são representantess de um grupo de talento sempre questionado mas que conquistou o título de campeão do mundo que muito craque consagrado gostaria de ter.
FRUSTRAÇÃO BRASILEIRA
País com maior número de títulos e, consequentemente, de jogadores campeões mundiais, o Brasil conta com craques consagrados como Pelé, Garrincha, Didi, Gérson, Romário, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, que integram a galeria dos campeões do mundo. Já outros craques brasileiros reconhecidos nacional e internacionalmente não podem ostentar esta glória em seus currículos e até hoje se sentem frustrados por não terem conquistado o campeonato mundial de seleções.
A lista de craques maltratados pelo destino em termos de Copa do Mundo tem início com Leônidas da Silva, o Diamante Negro, inventor da bicicleta, que jogou as copas de 1934 e 1938. Ele chegou a ser artilheiro em 38 e deslumbrou o mundo. E ainda foi prejudicado pela ausência de copas entre 38 e 50 quando estava no melhor da sua forma.
A trágica derrota de 50 deixou alguns dos maiores jogadores da história do Brasil sem o título e carregando o peso do fracasso nas costas pelo resto das suas vidas. Zizinho, Danilo, Jair e Ademir entraram como heróis naquele 16 de julho e saíram como vilões após a surpreendente derrota para o Uruguai.
A geração de 82, dirigida pelo mestre Telê Santana e repleta de craques, também não conseguiu realizar o sonho de ser campeã do mundo. Jogadores como Zico, Falcão, Sócrates, Júnior e Leandro mereciam melhor sorte no Mundial da Espanha, mas pararam na Itália de Paolo Rossi nas quartas-de-final. Zico tornou-se o maior símbolo da geração de heróis sem títulos mundiais. O Galinho de Quintino também disputou a Copa de 78 mas acabou perdendo a vaga para Jorge Mendonça.
Em 86, viajou para o México em precárias condições físicas, e sofreu a maior decepção da sua extraordinária carreira ao desperdiçar o pênalti no tempo normal contra a França, no seu último jogo em Copas. O Brasil acabou eliminado pelos franceses e Zico encerrou sua carreira na seleção sem conquistar o título que sua carreira merecia.
Zico conquistou muitas glórias pelo Flamengo, inclusive o título mundial de clubes, mas a frustração pelas copas perdidas nunca o abandonou. Sócrates e Júnior jogaram em 82 e tiveram uma segunda chance em 86. Falcão, o rei de Roma, foi ao México, mas ficou na reserva.
Estrangeiros frustrados
Alguns grandes jogadores nem tiveram a chance de disputar uma Copa do Mundo. Ídolo de duas nações, Di Stefano não disputou um Mundial pela Argentina, seu país-natal. Na década de 40, foi prejudicado pela paralisação da competição devido à Segunda Guerra Mundial. Na década de 50, Di Stefano se transformou no maior ídolo da história do Real Madrid. Se naturalizou espanhol e foi convocado para defender a Fúria em 1962. Mas, machucado, não disputou um jogo sequer no Chile.