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Futebol

Goleiros, heróis e vilões da Seleção Brasileira

Arquivo Geral

06/06/2006 0h00

O humorista Dom Rossé Cavaca tinha algumas definições bem humoradas sobre a profissão de goleiro e uma delas dizia que ele exerce uma função tão maldita que até onde ele pisa a grama não nasce. Através dos tempos, os goleiros têm sido grandes personagens do mundo do futebol. Não apenas por sua participação em grandes vitórias, mas principalmente por suas falhas em momentos decisivos e que acabam marcando de uma forma definitiva as suas carreiras.

Uma boa Copa do Mundo pode levantar uma carreira obscura como uma passagem negativa numa competição mundial pode comprometer uma carreira brilhante. No Brasil, os exemplos se multiplicam e se alguns goleiros se transformaram em heróis inesquecíveis outros se tornaram imperdoáveis vilões, cujas falhas jamais foram esquecidas.

OS GOLEIROS NA COPA

A Seleção Brasileira começou sua discreta participação em copas do mundo levando e utilizando dois goleiros em 1930, no Uruguai. Joel, do América e Veloso, do Fluminense, jogaram uma partida cada sem deixar marcas positivas ou negativas. Em 1934, na França, o goleiro era Pedrosa, do Botafogo, que sofreu três gols da Espanha e voltou para casa junto com o resto do time.

Na Copa de 1938, disputada na Itália, o Brasil levou dois goleiros que já se destacavam como os melhores do país. Batatais, do Fluminense Válter, do Flamengo, jogaram duas partidas cada e ajudaram o time a conquistar o terceiro lugar. Em 1950, no Brasil, surge o primeiro grande vilão entre os goleiros brasileiros. Moacir Barbosa, do Vasco, era o titular absoluto de uma equipe considerada perfeita.

Coragem, arrojo e elasticidade faziam de Barbosa o homem ideal para a equipe que deveria conquistar o primeiro título mundial. Só que a derrota para o Uruguai desabou inteira sobre as costas do goleiro, acusado de falhar nos dois gols do adversário, principalmente do segundo gol marcado por Gighia que ameaçou cruzar e chutou entre o goleiro e a trave. Por causa daquele gol, Barbosa nunca foi perdoado e se dizia pior que um condenado. No Brasil, dizia Barbosa, a pena máxima é de 30 anos e ele estava condenado a uma excecração eterna por ter tomado aquele gol.

Em 1954, Castilho, do Fluminense, fez uma copa discreta que terminou para o Brasil no dia do confronto com os poderosos húngaros. Gilmar dos Santos Neves era o goleiro da primeira Seleção Brasileira a conquistar um título mundial. Ele defendia o Corinthians e ficou invicto até as semifinais quando foi vencido pelo ataque francês, o mais eficiente da competição. Seu estilo sóbrio e seguro o transformaram num dos maiores goleiros da história do Brasil em todos os tempos.

Em 62, com um time mais velho, Gilmar, agora no Santos, continuou levando segurança ao gol do Brasil e ajudando o time a conquistar o bicampeonato. Gilmar ainda disputaria a Copa do Mundo de 1966 que se transformou num verdadeiro fiasco para o Brasil. Ele jogou duas partidas, contra Bulgária e Hungria, e acabou substituído pelo botafoguense Manga que fracassou diante de Portugal, jogo que determinou a eliminação brasileira e transformou o pernambucano em mais um vilão.

Em 1970, o Brasil conquistou o tri mas o goleiro Félix, do Fluminense, esteve longe de ter uma participação de destaque, cometendo falhas em quase todas as partidas. Só a qualidade do resto do time impediu que a fraca atuação do goleiro comprometesse a campanha brasileira.

Em 1974 e 1978, a Seleção Brasileira não conseguiu arrumar grande coisa, mas o goleiro Leão, então no Palmeiras, conseguiu se sobressair como destaque da equipe nas duas competições. Na Copa de 1974, ele só levou o primeiro gol nas quartas-de-final, diante da Argentina.

Em 1982, na Espanha, no grande time montado por Telê, um verdadeiro piano afinado que tinha no goleiro Valdir Peres, uma nota falsa. O frango sofrido na primeira partida diante da Rússia nunca saiu da memória dos torcedores brasileiros. Ele foi mantido até o final da participação brasileira sem obter o menor destaque.

Em 1986, novamente no México, o gol brasileiro era ocupado por Carlos, considerado um profissional sério e discreto que tinha ficado na reserva em copas anteriores. Carlos só levou um gol, exatamente diante da França na partida que eliminou a equipe brasileira. E na cobrança de pênaltis, ainda protagonizou um lance de infelicidade quando uma cobrança de um jogador francês bateu na trave, voltou nas suas costas e entrou nas redes brasileias.

O gaúcho Tafarell disputou três copas, igualando-se a Gilmar em número de competições disputadas. Em 1990, na Itália, ele era goleiro do Inter de Porto Alegre e teve uma participação apenas discreta. Foi também vencido pelo lance genial de Maradona que decretou a eliminação brasileira. Em 94, nos Estados Unidos, quando o Brasil quebrou um jejum de 24 anos, Tafarel, então na Regianna da Itália, apareceu como grande herói, brilhando intensamente na disputa de pênaltis contra os italianos que acabou resultando no título brasileiro.

Em 1998, na França, Tafarell que jogava no Atlético Mineiro, teve o seu momento de herói na semifinal, na disputa de pênaltis contra a Holanda, mas ainda tem gente que o acusa de falhar na decisão quando Zidane marcou dois gols de cabeça, em cobranças de escanteio.

Em 2002, o palmeirense Marcos chegou à Copa disputada na Coréia e Japão cercado de desconfiança mas acabou se tornando em um dos grandes nomes da Seleção Brasileira principalmente na partida final contra a Alemanha quando praticou grandes defesas e ajudou o time de Felipão a conquistar o pentacampeonato mundial. Agora em 2006, será a vez de Dida, do Milan, tentar mostrar ao mundo que pode ser o novo herói do futebol brasileiro.

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