Roberto Wagner
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O revezamento da tocha olímpica pelo Brasil tem provocado emoção ímpar aos condutores. A cada cidade visitada – a chama percorrerá mais de 300 até chegar ao Rio de Janeiro em 5 de agosto –, sorrisos e lágrimas compõem belas histórias protagonizadas por atletas, famosos ou anônimos. O tour democrático, porém, sofreu um contratempo em seu 49º dia de trajeto. Após a cerimônia no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) de Manaus, uma onça fugiu e foi abatida após tentar atacar um militar.
O animal selvagem participou como pano de fundo para fotos durante a passagem da tocha. Ontem, por meio de nota oficial, o Rio 2016 reconheceu o erro. “Erramos ao permitir que a Tocha Olímpica, símbolo da paz e da união entre os povos, fosse exibida ao lado de um animal selvagem acorrentado. Essa cena contraria nossas crenças e valores. Estamos muito tristes com o desfecho que se deu após a passagem da tocha. Garantimos que não veremos mais situações assim nos Jogos Rio 2016”, dizia a nota.
Hoje, a chama desembarca no município do interior de Mato Grosso do Sul e completa seu 51º dia de travessia pelo País. A missão do Rio 2016 é evitar que novos casos graves como a morte da onça em Manaus se multipliquem nos últimos 44 dias até a abertura.
Chamou atenção
O caso em Manaus, sem dúvida, foi o capítulo mais triste do revezamento da tocha olímpica no Brasil, mas não foi o único polêmico. Antes de ter que se retratar pelo erro de segunda-feira, o Rio 2016 já teve de se explicar sobre questões menos trágicas, porém embaraçosas.
Logo no primeiro dia do tour, em Brasília, a diretora de uma escola-modelo do Piauí, Aurilene Vieira de Brito, foi simplesmente pulada pela organização. Ela seria a quinta a receber a flama, mas acabou “esquecida” pelo comboio. Ela informou que recebeu uma carta da organização se desculpando e dizendo que o salto teria sido por questões de segurança – havia muito protesto no dia.
Cadeirante

Rio 2016/André Mourão
Outro fator de grande repercussão – esse sem culpa alguma do Rio 2016 – ocorreu durante a passagem da tocha pela cidade de Anápolis, em Goiás. João Paulo Nascimento, jogador de basquete de cadeira de rodas, ficou de pé após um desequilíbrio no fim de sua participação. O caso provocou reação instantânea na Internet, mas o próprio atleta esclareceu:
“Ouvi cada baboseira. Sou deficiente físico. Disseram que sou falso cadeirante, nada disso. Para os leigos e ignorantes, aquilo é uma cadeira de basquete. É uma cadeira para lesão leve, um problema no joelho, como o meu. Então, sim, eu fico em pé, não uso a cadeira todo dia, não uso no meu dia a dia”, disse João Paulo, que tem Geno Valgo, a doença do joelho em “X”.
Buraco no caminho

Reprodução/Youtube
Outra peripécia com a tocha ocorreu em Recife. João Reinaldo da Costa Lima Neto, 69 anos, mais conhecido por Nikita, tropeçou num buraco no asfalto e foi ao chão. A queda viralizou rapidamente na Internet e, por sorte, provocou apenas arranhões no ex-nadador e um dos principais técnicos do País.
Rússia terá que provar “limpeza”
Em uma decisão sem precedentes, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que todos os atletas russos e quenianos, em todas as 28 modalidades, terão de provar que estão limpos do doping e passar por novos testes para que sejam aceitos para competir nos Jogos do Rio de Janeiro, em agosto. A entidade manteve a suspensão sobre os russos no atletismo. Mas, atendendo um apelo do governo de Vladimir Putin, o COI barrou a decisão de impedir que atletas possam competir pela Rússia.
O anúncio foi feito em Lausanne, na Suíça, depois de uma reunião de cúpula do COI. O objetivo era o de mandar um recado forte a todos os países de que casos como o de Moscou, onde há forte suspeita da existência de apoio estatal no esquema de uso de substâncias proibidas por atletas, não serão tolerados.