Em 2013, o Mogi Mirim atingiu as semifinais e foi considerado a grande supressa do Campeonato Paulista. No Estadual deste ano, porém, o Sapo vive situação oposta: não vence há quatro partidas, é o vice-lanterna do Grupo D e luta contra o rebaixamento à Série A2. Na última rodada, a equipe acabou derrotada pelo modesto Ituano, dentro de casa, por 1 a 0, em jogo que contou com um irrisório público de 639 torcedores. O fato foi a gota d’água para o presidente e meia do clube, Rivaldo, desabafar.
Logo depois do tropeço diante do time de Itu, o pentacampeão mundial detonou torcedores, empresários e autoridades públicas da cidade nas partidas da equipe no Campeonato Paulista deste ano. Ele ainda se irritou por ter sido hostilizado e visto a sua equipe ser vaiada. Assim, afirmou que está prestes a “estourar” com a situação e desafiou os críticos a assumirem seu papel.
“Essas pessoas que criticam, que falam, sentem na segunda-feira comigo e com o Wilson (Bonetti, empresário) que eu libero o Mogi Mirim para ver se dão conta. Vamos para os cálculos fortes. Quer assumir? Qual é a empresa forte aqui ou o cara que banca, que tem grana pra bancar o Mogi Mirim? Banquem o Mogi Mirim. Não por cinco ou seis anos como eu estou bancando. Banquem só um ou dois anos. Quero ver como se não tem ninguém ajudando”, disparou.
O meia/presidente também reclamou da falta de apoio da prefeitura e revelou que teve de contratar jardineiros para limparem a área externa ao Estádio Romildo Vitor Ferreira. Ele, por outro lado, reconheceu que o elenco do Mogi, diferente de 2013, não é tão forte e culpou o fim da parceria de co-gestão com a Energy Sports pela má campanha em 2014.“Eu não sou de Mogi, e estou fazendo o quê aqui se a própria cidade não ajuda?”, indagou.
O ponto que mais incomodou Rivaldo, no entanto, foi o comportamento dos torcedores do Sapo neste fim de semana. Apenas 639 pessoas pagaram para ver o time em campo neste domingo e, ainda por cima, mostraram-se mais preocupadas em reclamar do que em incentivar os atletas na partida contra o Ituano. “Para mim, isto é uma decepção, porque eu fui campeão do mundo, fui melhor do mundo, joguei em vários campos, com as melhores torcidas do mundo”, declarou o atleta.
“Para mim, é como se fosse uma pelada ter 600 pessoas (na arquibancada)”, criticou. “Eu tenho toda a minha história, e ficar aqui passando vergonha? Pra mim, isso aqui é vergonha. Essas 600 pessoas no campo são uma vergonha. Eu, com todo nome que eu tenho, poderia estar numa praia, numa lancha, qualquer lugar no Brasil ou no mundo. Poderia estar vendo jogo do Barcelona”, desabafou o jogador que foi eleito o melhor do mundo em 1999, quando atuava pelo clube catalão.
Para finalizar, Rivaldo não deixou de comentar a polêmica da renomeação do estádio do Mogi. Até o meia se tornar presidente, a casa do Sapo se chamava Papa João Paulo II. Quando o pentacampeão mundial assumiu, no entanto, escolheu o nome do pai para o local. O fato, até hoje, não foi bem digerido pelos moradores da cidade, que acusam Rivaldo de ter ferido a tradição do clube.
O jogador, no entanto, atacou quem o critica por causa disto. “Vem pra campo, coloca 5 mil pessoas no estádio que eu coloco o nome do Papa”, desafiou, desapontado com a situação: “eu que sou de fora tenho que fazer o Mogi Mirim grande? As pessoas é que têm que fazer o Mogi Mirim grande”, decretou. Lutando contra o descenso e em uma crise profunda, a equipe volta a atuar dentro de casa pelo Campeonato Paulista no dia em 6 de março, contra o Santos, dono da melhor campanha do Estadual.