A grande dificuldade foi provar para os outros que era possível para uma nação que já foi dividida ao meio se unir em torno de um ideal. Na maioria das cidades é visível o contraste entre um lado ocidental, marcado por construções modernas e pelo que de melhor existe no chamado Primeiro Mundo, e um lado oriental, que traz nas ruínas de seus prédios a lembrança de quem pouco se preocupou em evoluir.
A Alemanha, então, teve que colocar a mão no bolso, mas não foi algo tão difícil para uma potência que esbanja para o mundo uma forte indústria automobilística, química, têxtil, além de ser uma das mais completas nações em termos da agropecuária na Europa. Tudo regado a muito carvão, principal riqueza natural do país. O que tinha de moderno foi apenas melhorado. As ruínas dos prédios ganharam um algo mais de histórico, virando inclusive atração turística há poucos dias do Mundial.
Fica até difícil definir um orçamento total para tudo o que foi gasto com a Copa do Mundo. O Governo contribuiu com a menor parte. A iniciativa privada arcou com a imensa maioria das obras, principalmente porque foi atraída por nomes que ainda guardam algo de deuses para a população local, como o Kaiser Franz Beckenbauer, o maior jogador alemão de futebol de todos os tempos e que preside o Comitê Organizador do Mundial.
E realmente tem que valer à pena. Só na reforma e construção de estádios foram investidos 1,5 bilhão de euros (aproximadamente R$ 4 bilhões). O mais caro foi o Allianz-Arena, construído na região de Fröttmaning, situada na parte norte de Munique. Entre reformar o Estádio Olímpico da cidade e construir um outro a população local, através de referendo, optou pela segunda opção. Com isso, 341 milhões de euros foram gastos.
"Sábia decisão. Quando a obra foi concluída não tive o menor receio de dizer que estava diante do mais bonito estádio do mundo", elogia o presidente do Bayer de Munique, Heinz Rummenigge, o grande nome do futebol alemão na década de 80. O futebol realmente mexeu com o país. Para a primeira-ministra Angela Merkel não há nada que não possa ser aproveitado após o Mundial.
Com isso não se tem muito o que esperar de ruim nesta Copa do Mundo e dentre as seleções visitantes existe a certeza de que Alemanha será uma grande anfitriã. "Com certeza espero o que há de melhor em termos de organização na Alemanha. Fica muito mais fácil para as seleções visitantes disputar a Copa do Mundo num país que tem tradição no futebol, acostumado a grandes campeonatos. Não tenho a menor dúvida de que a Seleção Brasileira vai encontrar o que há de melhor na Alemanha", disse o supervisor Américo Faria, que há muitos anos cuida de toda a logística da Seleção Brasileira em competições importantes.
Apesar de toda a organização os alemães temem que duas coisas possam atrapalhar o país na Copa do Mundo fora de campo. Trata-se da gripe aviária e do risco de terrorismo. Nos últimos meses aumentou consideravelmente o número de parlamentares que temem o cancelamento do Mundial por causa da pandemia do vírus H5N1, a gripe aviária. O temor começou com uma entrevista dada pelo especialista em agricultura do Partido Liberal (FDP) Hans-Michael Goldmann ao jornal "Bild", o principal do país.
"Caso também pessoas adoeçam, não precisamos mais pensar se vamos ou não vamos cancelar a Copa! A hipótese de realizar o Mundial é absurda nesse caso. Nenhuma pessoa seria maluca a ponto de ir a um estádio em caso de pandemia", disse Goldmann, lembrando que o vírus se alastra em aglomerações.
O Governo alemão ironizou a situação e quase toda semana, através de notas oficiais, alerta que a hipótese de o Mundial ser cancelado por causa da gripe aviária é nula.
Como a Constituição da Alemanha não permite que o exército ocupe as ruas, caberá a forças-tarefas a missão de cuidar da segurança da população. Os militares ficarão de olho nos movimentos de supostos terroristas e na segurança das fronteiras.
"Posso dizer que estamos preparados. Não vamos permitir que pessoas que vivem à margem da sociedade por opção própria estraguem uma festa dos povos", disse Angela Merkel, primeira-ministra alemã, por intermédio de sua assessoria de imprensa.
Após fazer uma pré-temporada na Suíça, a Seleção Brasileira chegará em 4 de junho a cidade de Königstein, onde ficará hospedada no Kempinski Hotel Falkenstein, deslocando-se para Berlim, Munique e Dortmund, respectivamente os locais de seus jogos contra Croácia (13 de junho), Austrália (18 de junho) e Japão (22 de junho).
O hotel está localizado a 20 minutos do Aeroporto Internacional de Frankfurt.
"É muito bom saber do carinho que todos têm com a Seleção Brasileira no exterior", comentou o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ao saber das palavras do prefeito.
Daí em diante, a delegação se deslocará para as cidades onde estão previstos os seus jogos. Na possibilidade de o Brasil se classificar em segundo lugar no seu grupo, já existe a alternativa de hotel nas proximidades da cidade de Kaiserslautern, onde está previsto o jogo no dia 26 de junho.
AS SEDES
Ao todo 12 cidades receberão jogos da Copa do Mundo de 2006. Vamos a elas:
Estádio: Olympiastadion
Capacidade: 76.000 lugares
Custos de reforma: 242 milhões de euros
MUNIQUE: O charme de cidade grande com ar de interior, a beleza dos Alpes e o brilho mediterrâneo, as riquezas da arte e a Oktoberfest, o folclore e a alta tecnologia, cervejarias e alta cozinha, ópera e arte – isso é Munique. Excursões por exemplo à região pitoresca dos Alpes ou ao castelo Neuschwanstein.
Estádio: Stadion München
Capacidade: 66.000 lugares
Custos de reforma: 341 milhões de euros
Estádio: Zentralstadion
Capacidade: 44.000 lugares
Custos de reforma: 91 milhões de euros
Estádio: Frankenstadion
Capacidade: 45.500 lugares
Custos de reforma: 56 milhões de euros
STUTTGART: Dizem que ela é uma das mais bonitas metrópoles da Europa. Rodeada por colinas, florestas e vinhedos, a cidade localizada no Vale do Rio Neckar conta com castelos, galerias e diversas opções culturais.
Estádio: Estádio Gottlieb-Daimler
Capacidade: 53.500 lugares
Custos de reforma: 56 milhões de euros
Estádio: Olympiastadion
Capacidade: 76.000 lugares
Custos de reforma: 242 milhões de euros
Estádio: Waldstadion
Capacidade: 48.000 lugares
Custos de reforma: 126 milhões de euros
COLÔNIA: Cidade alegre às margens do Reno, com uma cultura de 2 mil anos, ruas de comércio movimentadas, museus, arquitetura moderna e a catedral (Patrimônio Mundial da Unesco). Ponto de partida para passeios de navio, excursões para os castelos de Brühl (Brühlerschlösser) ou para as regiões de Ahrtal e Eifel.
Estádio: Stadion Köln
Capacidade: 45.000 lugares
Custos de reforma: 110 milhões de euros
Estádio: Westfalenstadion
Capacidade: 69.000 lugares
Custos de reforma: 36 milhões de euros
Estádio: Arena AufSchalke
Capacidade: 52.000 lugares
Custos de reforma: 192 milhões de euros
Estádio: Niedersachsenstadion
Capacidade: 45.000 lugares
Custos de reforma: 64 milhões de euros
Estádio: Stadion Hamburg
Capacidade: 50.000 lugares
Custos de reforma: 97 milhões de euros