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Futebol

Alemanha arruma a casa para receber a Copa do Mundo

Arquivo Geral

06/06/2006 0h00

A Alemanha precisou de um longo trabalho de estruturação de suas sedes para conseguir convencer os membros da Fifa, no fim da década de 90, que tinha plenas condições de receber a Copa do Mundo de 2006, a segunda do país, que já recebeu o Mundial em 1974, ano em que se sagrou bicampeão.

A grande dificuldade foi provar para os outros que era possível para uma nação que já foi dividida ao meio se unir em torno de um ideal. Na maioria das cidades é visível o contraste entre um lado ocidental, marcado por construções modernas e pelo que de melhor existe no chamado Primeiro Mundo, e um lado oriental, que traz nas ruínas de seus prédios a lembrança de quem pouco se preocupou em evoluir.

A Alemanha, então, teve que colocar a mão no bolso, mas não foi algo tão difícil para uma potência que esbanja para o mundo uma forte indústria automobilística, química, têxtil, além de ser uma das mais completas nações em termos da agropecuária na Europa. Tudo regado a muito carvão, principal riqueza natural do país. O que tinha de moderno foi apenas melhorado. As ruínas dos prédios ganharam um algo mais de histórico, virando inclusive atração turística há poucos dias do Mundial.

Fica até difícil definir um orçamento total para tudo o que foi gasto com a Copa do Mundo. O Governo contribuiu com a menor parte. A iniciativa privada arcou com a imensa maioria das obras, principalmente porque foi atraída por nomes que ainda guardam algo de deuses para a população local, como o Kaiser Franz Beckenbauer, o maior jogador alemão de futebol de todos os tempos e que preside o Comitê Organizador do Mundial.

"Realmente a iniciativa privada teve papel muito importante na história da Copa do Mundo deste ano, pois se não fosse ela talvez a gente não tivesse conseguido fazer metade do que foi feito. Mas temos que pensar também que essa mobilização só foi possível porque o povo alemão acreditou desde o início que seria muito importante voltarmos a receber um Mundial. O alemão tem o futebol no seu sangue, é o que ele gosta de fazer no fim de semana. Não nos interessamos tanto por outros esportes como pelo futebol. Vai ser um mês de grande comoção e tudo valeu à pena", disse Franz Beckenbauer.

E realmente tem que valer à pena. Só na reforma e construção de estádios foram investidos 1,5 bilhão de euros (aproximadamente R$ 4 bilhões). O mais caro foi o Allianz-Arena, construído na região de Fröttmaning, situada na parte norte de Munique. Entre reformar o Estádio Olímpico da cidade e construir um outro a população local, através de referendo, optou pela segunda opção. Com isso, 341 milhões de euros foram gastos.

"Sábia decisão. Quando a obra foi concluída não tive o menor receio de dizer que estava diante do mais bonito estádio do mundo", elogia o presidente do Bayer de Munique, Heinz Rummenigge, o grande nome do futebol alemão na década de 80. O futebol realmente mexeu com o país. Para a primeira-ministra Angela Merkel não há nada que não possa ser aproveitado após o Mundial.

"Ganhamos uma cara nova. Passamos por uma verdadeira cirurgia plástica em nossas cidades. Tiramos o excesso do que tinha de ruim e aproveitamos o que havia de melhor nas nossas cidades e no nosso povo. Estamos dando ao mundo uma prova do que é reestruturação. Faremos uma Copa muito melhor do que fizemos no século passado, com tudo o que foi feito sendo aproveitado por anos a fio após o Mundial", disse Angela Merkel, por intermédio de sua assessoria de imprensa.

Com isso não se tem muito o que esperar de ruim nesta Copa do Mundo e dentre as seleções visitantes existe a certeza de que Alemanha será uma grande anfitriã. "Com certeza espero o que há de melhor em termos de organização na Alemanha. Fica muito mais fácil para as seleções visitantes disputar a Copa do Mundo num país que tem tradição no futebol, acostumado a grandes campeonatos. Não tenho a menor dúvida de que a Seleção Brasileira vai encontrar o que há de melhor na Alemanha", disse o supervisor Américo Faria, que há muitos anos cuida de toda a logística da Seleção Brasileira em competições importantes.

O MEDO DO TERRORISMO E DA GRIPE AVIÁRIA

Apesar de toda a organização os alemães temem que duas coisas possam atrapalhar o país na Copa do Mundo fora de campo. Trata-se da gripe aviária e do risco de terrorismo. Nos últimos meses aumentou consideravelmente o número de parlamentares que temem o cancelamento do Mundial por causa da pandemia do vírus H5N1, a gripe aviária. O temor começou com uma entrevista dada pelo especialista em agricultura do Partido Liberal (FDP) Hans-Michael Goldmann ao jornal "Bild", o principal do país.

"Caso também pessoas adoeçam, não precisamos mais pensar se vamos ou não vamos cancelar a Copa! A hipótese de realizar o Mundial é absurda nesse caso. Nenhuma pessoa seria maluca a ponto de ir a um estádio em caso de pandemia", disse Goldmann, lembrando que o vírus se alastra em aglomerações.

O Governo alemão ironizou a situação e quase toda semana, através de notas oficiais, alerta que a hipótese de o Mundial ser cancelado por causa da gripe aviária é nula.

Mas uma coisa as autoridades alemães não conseguem ironizar, o risco de terrorismo. Depois do 11 de setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas foram derrubadas no ataque do grupo terrorista do saudita Osama Bin Laden a Nova York, qualquer grande evento torna-se um alvo em potencial.

Como a Constituição da Alemanha não permite que o exército ocupe as ruas, caberá a forças-tarefas a missão de cuidar da segurança da população. Os militares ficarão de olho nos movimentos de supostos terroristas e na segurança das fronteiras.

"Posso dizer que estamos preparados. Não vamos permitir que pessoas que vivem à margem da sociedade por opção própria estraguem uma festa dos povos", disse Angela Merkel, primeira-ministra alemã, por intermédio de sua assessoria de imprensa.

A CASA DA SELEÇÃO BRASILEIRA

Após fazer uma pré-temporada na Suíça, a Seleção Brasileira chegará em 4 de junho a cidade de Königstein, onde ficará hospedada no Kempinski Hotel Falkenstein, deslocando-se para Berlim, Munique e Dortmund, respectivamente os locais de seus jogos contra Croácia (13 de junho), Austrália (18 de junho) e Japão (22 de junho).

O hotel está localizado a 20 minutos do Aeroporto Internacional de Frankfurt.

No site de Königstein, o prefeito Siegfried Fricke comunica aos torcedores alemães e de outros países que a cidade hospedará na Copa do Mundo a Seleção Brasileira, retratada como "a mais popular e até agora a mais bem-sucedida seleção do mundo". O prefeito assegura que os participantes do Mundial farão todos os esforços para que os "queridos" hóspedes brasileiros tenham uma agradável estada na linda cidade, cujos pontos turísticos são abordados em matéria no site.

"É muito bom saber do carinho que todos têm com a Seleção Brasileira no exterior", comentou o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ao saber das palavras do prefeito.

Depois, de 18 a 24 de junho, a Seleção Brasileira ficará hospedada no Castelo Lerbach. O hotel, situado na localidade de Bergisch Gladebachd, nas proximidades das cidades de Colônia e Leverkusen, já está reservado para a delegação permanecer até o dia 28 de junho, caso o Brasil se classifique em primeiro lugar no seu grupo para as oitavas-de-final.

Daí em diante, a delegação se deslocará para as cidades onde estão previstos os seus jogos. Na possibilidade de o Brasil se classificar em segundo lugar no seu grupo, já existe a alternativa de hotel nas proximidades da cidade de Kaiserslautern, onde está previsto o jogo no dia 26 de junho.

AS SEDES

Ao todo 12 cidades receberão jogos da Copa do Mundo de 2006. Vamos a elas:

BERLIN: É a capital do país, cidade mundial e metrópole cultural, com mais de 170 museus e 35 teatros – é uma testemunha viva da história alemã. Excursões para Potsdam, para conhecer a Floresta do Spree (Spreewald), ou uma excursão ao Mar Báltico.
Estádio: Olympiastadion
Capacidade: 76.000 lugares
Custos de reforma: 242 milhões de euros

MUNIQUE:
O charme de cidade grande com ar de interior, a beleza dos Alpes e o brilho mediterrâneo, as riquezas da arte e a Oktoberfest, o folclore e a alta tecnologia, cervejarias e alta cozinha, ópera e arte – isso é Munique. Excursões por exemplo à região pitoresca dos Alpes ou ao castelo Neuschwanstein.
Estádio: Stadion München
Capacidade: 66.000 lugares
Custos de reforma: 341 milhões de euros
LEIPIZIG: A cidade cultural cheia de charme é lugar dinâmico para feiras, congressos e comércio – mas também metrópole cultural, da vida noturna e das compras, com muitas atrações históricas. Ponto de partida para viagens, por exemplo a Meissen, Erfurt, Weimar, Dresden.
Estádio: Zentralstadion
Capacidade: 44.000 lugares
Custos de reforma: 91 milhões de euros
NUREMBERG: Cidade onde o dinamismo dos dias atuais está combinado ao charme da Idade Média. Empresas de alta tecnologia e feiras natalinas, laptops e pães de mel, o moderno e o tradicional – e no topo de tudo, o Kaiserburg.
Estádio: Frankenstadion
Capacidade: 45.500 lugares
Custos de reforma: 56 milhões de euros

STUTTGART: Dizem que ela é uma das mais bonitas metrópoles da Europa. Rodeada por colinas, florestas e vinhedos, a cidade localizada no Vale do Rio Neckar conta com castelos, galerias e diversas opções culturais.
Estádio: Estádio Gottlieb-Daimler
Capacidade: 53.500 lugares
Custos de reforma: 56 milhões de euros

KAISERSLAUTERN: O Centro cultural do Palatinado (Pfalz), em meio ao parque natural "Pfälzerwald", centro do esporte futebol. Excursões seguindo a Rota do Vinho (Deutsche Weinstrasse), com suas vinícolas pitorescas, assim como longas caminhadas.
Estádio: Olympiastadion
Capacidade: 76.000 lugares
Custos de reforma: 242 milhões de euros
FRANKFURT: A porta de entrada para a Alemanha. Centro de negócios, cultura e vida social no coração da região dos rios Reno (Rhein) e Meno (Main). Metrópole das compras e cidade cultura. Excursões para Mainz, Wiesbaden e a região de Rheingau.
Estádio: Waldstadion
Capacidade: 48.000 lugares
Custos de reforma: 126 milhões de euros

COLÔNIA:
Cidade alegre às margens do Reno, com uma cultura de 2 mil anos, ruas de comércio movimentadas, museus, arquitetura moderna e a catedral (Patrimônio Mundial da Unesco). Ponto de partida para passeios de navio, excursões para os castelos de Brühl (Brühlerschlösser) ou para as regiões de Ahrtal e Eifel.
Estádio: Stadion Köln
Capacidade: 45.000 lugares
Custos de reforma: 110 milhões de euros
DORTMUND: Cidade da cerveja, Dortmund reflete uma cultura industrial dinâmica, ao lado de uma variedade de museus e castelos e, claro, um futebol de nível mundial. Excursões para Bochum ou Essen, cidade musical e da antiga mina de carvão (Zeche Zollverein), que é Patrimônio Mundial da Unesco.
Estádio: Westfalenstadion
Capacidade: 69.000 lugares
Custos de reforma: 36 milhões de euros
GELSENKIRCHEN: O seu imponente estádio demonstra que Gelsenkirchen tem o futebol no coração. A antiga exploração de carvão influenciou as cidades da região, dando origem a características culturais próprias.
Estádio: Arena AufSchalke
Capacidade: 52.000 lugares
Custos de reforma: 192 milhões de euros
HANNOVER: Cidade internacional das feiras e da exposição mundial EXPO 2000. Sua história, rica em variedade, oferece muitas atrações. Inúmeras opções culturais enchem essa cidade e seus arredores de vida e convidam a excursões, como por exemplo, à região de Lüneburger Heide.
Estádio: Niedersachsenstadion
Capacidade: 45.000 lugares
Custos de reforma: 64 milhões de euros
HAMBURGO: A verde cidade à beira mar, é a segunda maior metrópole da Alemanha e um dos maiores portos da Europa. Uma cidade mundial com atrações como a arquitetura, bonitos passeios, musicais internacionais, galerias de comércio e grandes áreas verdes.
Estádio: Stadion Hamburg
Capacidade: 50.000 lugares
Custos de reforma: 97 milhões de euros

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