João Paulo Mariano
Especial para o Jornal de Brasília
Enquanto o Governo do Distrito Federal (GDF) planeja fazer um grande evento para os Jogos Olímpicos Rio 2016, os torcedores não demonstram tanta animação. Pelo menos por enquanto. A 21 dias do início da competição na capital, ainda há ingressos disponíveis para todas as 10 partidas – incluindo os dois jogos da seleção brasileira. O futebol sem vitórias, serviços públicos falhos e as turbulências políticas são apontados pelas pessoas como fatores desestimulantes.
Até mesmo a estreia da seleção olímpica, marcada para o dia 4 de agosto, no Mané Garrincha, contra a África do Sul, tem a possibilidade de exibir cadeiras vazias.
Brasília, porém, pode não ser a única a sofrer com locais vagos. Segundo os últimos dados da Rio 2016, no geral, há ainda cerca de 1,7 milhão de ingressos sem dono. Foram vendidos 4,3 milhões (72%) de um total de 6 milhões.
Para a empresária Bia Calza, 29, o futebol é uma paixão. Grávida de 7 meses e meio, ela garante que só não irá ao Estádio no dia 4 de agosto se não estiver passando bem. Em contrapartida, constata que não há o mesmo espírito da Copa de 2014, quando via todo mundo super animado. Os motivos para ela são as dificuldades políticas atuais: “O terremoto foi muito grande. As pessoas não estão com uma autoestima muito elevada”, argumenta.
Tamires Mascarenhas, 29, segue a linha de Bia. Entusiasmada com a oportunidade de socializar com turistas e participar das animações, ela também sente um clima diferente. “Não é como na Copa. Falta menos de um mês e ninguém comenta quase nada. Nem mesmo os meus amigos que vão para o Rio demonstram animação”, afirma a psicóloga.
Preço mais baixo
Além das partidas do Brasil, Brasília irá receber a atual campeã olímpica, a seleção mexicana, e oferece ingressos a preços baixos, a partir de R$ 40 no feminino e R$ 50 no masculino. O valor máximo é de R$ 100.
Os custos são bem menores do que os da Copa do Mundo, que eram comercializados a partir de R$ 70.
De acordo com os dados da Rio-2016, os torcedores de Brasília foram os que mais compraram ingressos para os jogos na Capital, seguidos pelos goianos, paulistas, mineiros e cariocas.
Otimismo de quem vai ao estádio
Os estudantes Rodolfo Marra, 24, e Gustavo Soares, 22, aproveitaram o primeiro dia de trocas de ingressos em Brasília para retirar os bilhetes, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães – o local passou o dia inteiro tranquilo e sem filas.
Rodolfo e Gustavo estarão no Mané Garrincha nos dias 4 e 7 para conferir Neymar e companhia. “Acho que o Brasil ganha. A seleção olímpica é melhor que a principal. Espero que venha o título”, comenta Rodolfo. Ele torce para que o time vença já que, segundo ele, a Copa foi um “fracasso”.
Samuel Moura, 27, é apaixonado por esporte. Para ele, a possibilidade de ter contato com moradores de outros países é muito bom e esse seria um dos motivos que o leva a crer que a Olimpíada é importante. Nessa parte, o GDF também é bastante otimista. A previsão é de que cada visitante gaste R$ 520 por dia e a arrecadação seja de R$ 156 milhões.
A torcedora Rafaela Soares, 21, está bastante otimista: “Estou nervosa pelo momento que o Brasil está passando na seleção, mas a expectativa é a melhor. O time está estruturado”. Ela vai junto a família ao confronto do Brasil com a África do Sul, no dia 4. Em Brasília, participou de muitos jogos das Copa das Confederações e do Mundo de 2014 e, segundo ela, achou a experiência muito legal.
Saiba mais
O técnico Rogério Micale enviou à Fifa a lista oficial para a disputa da Olimpíada com dois novos nomes: Renato Augusto e Walace.
