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Taróloga de rua resgata tradição mística da Chapada dos Veadeiros

Atualmente, o turismo na Chapada dos Veadeiros é fortemente influenciado pelas riquezas naturais. Anos atrás, eram o esoterismo e o misticismo os responsáveis por atrair turistas a Alto Paraíso de Goiás.

Redação Jornal de Brasília

17/08/2021 17h34

Taróloga de rua resgata tradição mística da Chapada dos Veadeiros

Há um ano vivendo na Chapada dos Veadeiros, a taróloga Aradia Cali tem uma trajetória diversa e muito rica. Ela nasceu em Goiás, se formou taróloga em Barcelona, na Espanha, e já trabalhou como cartomante em todos os estados nordestinos. Hoje, aos 41 anos, Aradia está terminando de construir sua casa em Alto Paraíso de Goiás – cidade que ela escolheu ficar “por um bom tempo”, depois de tantas andanças pelo Brasil e pelo mundo.

Diante de toda a misticidade pela qual a cidade – localizada a 260 km de Brasília – é reconhecida e adorada por muitos, Aradia explica sua escolha de permanecer na região. “Alto Paraíso, especificamente, é uma cidade do signo de Sagitário e eu como sagitariana estou apaixonada pela zona. Com certeza ficarei uma boa temporada na região. Estive 16 anos fora do Brasil e durante este tempo morei em sete países (França, Peru, Canadá, Chile, Colômbia, México e Espanha). Contudo, escolhi Alto Paraíso e o meu próprio estado, Goiás, como minha base. No próximo ano, já vacinada contra a covid com as duas doses, penso em fazer algumas pequenas viagens para outros estados a trabalho, mas a Chapada é hoje em dia o meu lar.”

Atualmente, o turismo na Chapada dos Veadeiros é fortemente influenciado pelas riquezas naturais e ecológicas da região, como as belíssimas cachoeiras, trilhas, formações geológicas, rios, vegetação e até o céu estrelado durante a noite. Anos atrás, eram o esoterismo e o misticismo os responsáveis por atrair turistas a Alto Paraíso de Goiás.

É claro que a cidade ainda é um destino muito procurado por aqueles que buscam conhecimento espiritual e esotérico, afinal, o grande cristal de quartzo sobre o qual a Chapada dos Veadeiros se ergue continua ali, o Paralelo 14 segue cortando a região e óvnis ainda são avistados pelos moradores e visitantes. A vontade de Aradia é reativar o misticismo a partir de um outro olhar. “Depois de alguns escândalos de abusos sexuais envolvendo homens-gurus no Brasil e ao redor do mundo, acho que está mais que na hora de colocarmos ênfases em mulheres com poder espiritual”, acredita. Como exemplo, ela cita as raizeiras e benzedeiras da Chapada. “Me considero parte dessas mulheres que estão na Chapada fazendo um trabalho místico-espiritual. Esse território Kalunga e com população cigana também tem muito a nos ensinar sobre o misticismo da região. Pelo momento, esta é a minha missão aqui”, afirma.

Cartomancia de Rua e Tarô feminista

Aradia trabalha há mais de quatro anos exclusivamente com leitura de cartas, seja baralho cigano ou tarô. Ela conta que faz os atendimentos em diversos espaços, mas defende que jogar cartas em locais públicos e ao livre, como parques, orlas e praças é seu grande diferencial.

“Por esta razão, uma das minhas marcas é o que eu chamo de Cartomancia de Rua, que é, inspirada nas ciganas, a tradição de jogar cartas ou o oráculo em via pública e não em estabelecimentos fechados e privados”, explica. “Jogar cartas ao ar livre e na rua me traz muita visibilidade. Mesmo que a pessoa não tenha se consultado comigo, como ela me vê ali na rua, ela me indica aos consulentes. O meu diferencial com certeza é o fato de ser acessível e atender em um local público”, acrescenta a taróloga

A abordagem de Aradia na leitura de cartas é o feminismo, muito comum em outros países da América Latina. O Tarô Feminista consiste em jogar cartas visando empoderar as pessoas e particularmente mulheres promovendo a autonomia e direito de escolha. “Justamente por isso o tarô feminista é contra, por exemplo, amarrações amorosas, pois estas são práticas que tiram a independência e o livre arbítrio das pessoas”, afirma Aradia. Segundo a taróloga, a perspectiva feminista está presente em seu trabalho há dois anos, de modo sistemático, e Aradia pensa, inclusive, em uma nova forma de metodologia.

Aventuras na Chapada

Aradia chegou em Alto Paraíso de Goiás em plena pandemia, em agosto do ano passado, quando a cidade ainda estava fechada para o turismo em uma tentativa de conter a disseminação do coronavírus na região. Nesse período, a taróloga continuou com seus atendimentos de forma virtual. Com a reabertura da cidade, Aradia passou a atender presencialmente, com máscara e cartas plastificadas como medida contra a covid. Atualmente, a taróloga atende por volta de 15 pessoas por dia, entre consultas online e presenciais. De acordo com Aradia, metade de sua clientela é moradora da região e a outra metade é turista – brasileiros e estrangeiros.

Encontrá-la na cidade não é difícil. Aradia é a taróloga de cabelo roxo que joga cartas há um ano praticamente no mesmo lugar, perto do Banco do Brasil, na avenida principal de Alto Paraíso, onde estão localizados os principais restaurantes e grande parte do comércio da cidade. A taróloga promete um atendimento sem julgamentos, com empatia e feito com uma linguagem acessível aos consulentes. “Para mim, a leitura de cartas é para dar previsão, aconselhar e abrir portas. Este é o meu objetivo como profissional”, finaliza.

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