Quando o relógio se aproxima da meia-noite do dia 31 de dezembro, antigos costumes reaparecem como parte de um ritual coletivo. Independentemente de crença ou religião, as superstições de Ano-Novo continuam presentes nas celebrações, atravessando gerações como gestos simbólicos de esperança, proteção e desejo de um recomeço mais favorável.
Uma das práticas mais populares no Brasil é pular sete ondas, tradição associada às religiões de matriz africana e ao simbolismo do mar como força de renovação. Cada salto costuma ser acompanhado de um pedido, em um gesto que mistura fé, respeito à natureza e expectativa por dias melhores.
Na ceia, o cardápio também carrega significados. Comer lentilha é visto como um convite à prosperidade e à abundância, já que os pequenos grãos remetem a moedas. Uvas, romãs e sementes guardadas na carteira simbolizam fertilidade, sorte e dinheiro ao longo do novo ano.
Já carnes como o porco, que avança com o focinho, são associadas ao progresso, enquanto aves, que ciscam para trás, costumam ser evitadas por quem prefere não “andar para trás” na vida.
Outro costume bastante difundido é guardar dinheiro no bolso ou usar uma nota nova na passagem do ano, como forma de atrair estabilidade financeira. Há ainda quem evite varrer a casa ou jogar lixo fora antes da meia-noite, acreditando que isso pode levar embora a sorte que se deseja conservar.
Apesar das diferenças regionais e culturais, essas superstições compartilham um mesmo sentido: transformar a virada em um momento de intenção. Em meio a um mundo marcado por incertezas, repetir rituais, mesmo sem acreditar plenamente neles, funciona como uma pausa simbólica para reorganizar desejos e projetar futuros possíveis.