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Notícia Animal

Cresce o número de acidentes envolvendo cobras no DF

Foram notificados 92 casos de picadas de serpentes neste ano, contra 65 no mesmo período do ano passado

Redação Jornal de Brasília

24/09/2025 18h25

Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília

Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília

Por Larissa Barros 

O número de acidentes envolvendo cobras apresentou crescimento no Distrito Federal em 2025. Segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF), até a segunda semana de setembro já foram notificados 92 casos de picadas de serpentes, contra 65 no mesmo período do ano passado. O aumento de 41,5% acende um alerta entre autoridades e especialistas, já que os registros refletem a circulação cada vez mais frequente desses animais em áreas urbanas e rurais do DF. 

As notificações são feitas pelas unidades de saúde do DF a partir dos atendimentos realizados em hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Unidades Básicas de Saúde (UBS). As regiões administrativas com maior número de ocorrências são Planaltina, Paranoá e Brazlândia.

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mais de 60 espécies de serpentes já foram registradas no DF. Entre as não peçonhentas, são comuns as falsas-corais, dormideiras e corre-campo. Em áreas de mata, aparecem espécies como caninanas, jibóias e cobras-cipó. Já entre as peçonhentas, destacam-se a cascavel e algumas espécies de jararacas.

O ICMBio explica que, embora possa parecer que as cobras estão invadindo áreas urbanas, na realidade ocorre o contrário, é a expansão das cidades que avança sobre os habitats naturais desses animais. “As serpentes são sempre mais comuns nas áreas naturais. O que pode parecer um aumento da presença de serpentes é, na verdade, a área urbana se expandindo sobre as áreas onde elas já ocorriam”, esclarece o Instituto.

As mudanças de clima também contribuem para o aparecimento de serpentes em ambientes humanizados. “Seja um frio repentino ou uma chuva forte, nesses momentos de transição é que devemos ter mais cuidado, porque as serpentes podem buscar refúgio em construções humanas. Nesses casos, é importante não deixar portas abertas”, orienta o ICMBio.

Quando uma cobra é encontrada em casa, o instituto recomenda avaliar se o animal realmente oferece risco. “Na maioria das vezes é apenas uma serpente que sempre viveu ali e, por acaso, foi avistada por uma pessoa. Se nada for feito, ela simplesmente seguirá o seu caminho e continuará vivendo em equilíbrio no ambiente”, explica.

A orientação é prender animais domésticos, afastar pessoas do local e aguardar. Em geral, a serpente se retira sozinha. Caso o animal represente perigo, o Corpo de Bombeiros ou a patrulha ambiental podem ser acionados para a remoção. “Não se recomenda que pessoas inexperientes façam o manejo de serpentes sem saber se a espécie é venenosa ou não. Uma serpente, quando avistada, não representa perigo. O perigo está nas ações que tomamos após vê-la”, reforça o ICMBio.

No tratamento médico, o soro antiofídico é essencial e está disponível em dez hospitais de referência no DF, entre eles o Hospital Materno Infantil de Brasília, o Hospital Regional da Asa Norte, o Hospital Regional de Brazlândia, o Hospital da Região Leste (Paranoá), além dos Hospitais Regionais de Ceilândia, Gama, Santa Maria, Planaltina, Sobradinho e Taguatinga.

“A distribuição de soro é realizada nos hospitais de acordo com a notificação. Todas as unidades de referência estão abastecidas e há estoque suficiente para atender a demanda. A lista pode ser ampliada, se necessário, para garantir o atendimento adequado à população”, afirmou a SES-DF em nota.

Para prevenir acidentes, especialistas recomendam manter ambientes limpos e organizados, sem entulhos, lixo ou restos de alimentos que atraiam roedores e insetos, presas naturais das serpentes. Em áreas de mato, a grama deve ser mantida baixa e o folhiço removido, para aumentar as chances de avistar o animal. O uso de roupas e calçados adequados também é fundamental, calças, blusas de manga comprida, botas ou perneiras reduzem o risco de acidentes. A maioria dos casos ocorre justamente com pessoas que não estavam devidamente protegidas.

O ICMBio reforça ainda que evitar acidentes também é uma forma de proteger a biodiversidade. “Os serviços municipais de meio ambiente e de saúde são importantíssimos para realizar o resgate adequado dos animais, tanto os que estão em perigo quanto os que representam risco para as pessoas. Se este serviço não está disponível na sua cidade, cobre de seus prefeitos e vereadores”, conclui o Instituto.

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