Nesta sexta-feira (22), o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) reativou o projeto cão-guia de cegos, iniciativa voltada à formação de animais de assistência para pessoas com deficiência visual e Transtorno do Espectro Autista (TEA). A retomada foi marcada pela inauguração de um novo Centro de Treinamento de Cães, no Setor Policial Sul, espaço que busca se consolidar como referência nacional em inclusão social e bem-estar animal.
Durante a cerimônia, oito filhotes foram entregues a famílias socializadoras, que acompanham as primeiras etapas de adaptação e socialização dos animais. O comandante-geral do CBMDF, coronel Moisés Alves Barcelos, destacou o esforço institucional para a retomada do programa. “Hoje conseguimos entregar o canil e contar com uma legislação de suma importância. Quem ganha é a sociedade, que terá profissionais capacitados e pessoas assistidas com qualidade”, afirmou.
O novo centro também será utilizado para capacitação de mão de obra. Dez alunos de escolas cívico-militares iniciaram um curso de adestramento, que seguirá até dezembro. Os estudantes receberam kits de apoio com apostilas e mochilas. Para o secretário-executivo de Segurança Pública, Alexandre Rabelo Patury, a iniciativa une inclusão, segurança e formação cidadã: “Acreditamos muito que segurança pública é educação e oportunidade. Quando o governo investe nisso, com certeza está mudando o curso da história”.
Formação e adaptação
De acordo com o major João Gilberto Silva Cavalcanti, coordenador do projeto, os cães passam cerca de dez meses com as famílias socializadoras, período em que aprendem a lidar com diferentes ambientes, como metrô, aviões, supermercados e até parques de diversões. Após essa fase, retornam ao CBMDF para completar o treinamento e, em seguida, são entregues aos tutores definitivos.
“O cão consegue ser os olhos, dar independência e mobilidade. Vai ajudar várias pessoas que precisam, além de oferecer um curso profissionalizante aos alunos das escolas cívico-militares, que poderão utilizar esse certificado no futuro”, explicou o bombeiro.
Experiências pessoais
Entre os participantes, a servidora pública Roseliza Honda, de 51 anos, recebeu o cãozinho Arcos. Moradora do Lago Norte, ela já havia participado do projeto há quase 20 anos. “A maior diferença é ver o resultado lá na frente, quando o cão termina a formação, fica bem adaptado e você vê ele dando mobilidade e mudança no estilo de vida daquela pessoa que não tem visão”, relatou.
Segundo Roseliza, embora haja apego ao animal, a família entende o caráter temporário da experiência. “Fazemos o melhor, amamos do mesmo jeito, só que a gente sabe que uma hora ele volta para o centro de treinamento para ser formado e um dia vai encontrar uma pessoa que é a cara metade dele. É uma oportunidade de se doar e auxiliar aquele que realmente vai precisar”, disse. Ela ressaltou ainda a necessidade de conscientização social: “Muitos estabelecimentos barram a entrada do cão porque não entendem que a lei também respalda os filhotes em formação”.
Já o aposentado Justino Bastos, de 53 anos, compartilhou a vivência com seu terceiro cão-guia, o labrador Forró. Para ele, a reativação do projeto representa transformação de vida. “É maravilhoso. O cão desvia dos obstáculos, dá mais segurança e também proporciona inclusão social. As pessoas se aproximam para conversar, querem saber sobre o cão. Isso muda muito a qualidade de vida. É de grande importância a reabertura desse projeto aqui no DF, a gente fica muito feliz com a possibilidade de outras pessoas terem essa oportunidade”.
Com informações da Agência Brasília