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Notícia Animal

Cachorros abandonados nas ruas expõem descaso e falta de assistência

Moradores de regiões administrativas do DF solicitam ajuda com o aumento de cachorros nas ruas com chegada do frio

Daniel Xavier

19/06/2025 15h29

Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

É nas primeiras horas da manhã, quando o Itapoã desperta para um novo dia, que o problema se torna mais visível. Pelas paradas de ônibus e nas calçadas, cachorros abandonados perambulam sem dono, tentando encontrar alimentos, abrigo ou um pouquinho de carinho. Há cachorros traumatizados que se tornaram agressivo. A situação preocupa moradores do Itapoã e de outras regiões administrativas do Distrito Federal que passam pela mesma situação de cachorros abandonados.

Enquanto o poder público ainda estrutura políticas efetivas de proteção animal, é a solidariedade dos moradores que tenta suprir a ausência do Estado. Os cidadãos comuns têm assumido, com poucos recursos, o papel de cuidadores improvisados. Moradora do Itapoã há mais de duas décadas, Gildene Marcos de Sousa, 42 anos, relata que a situação de cachorros nas ruas em sua região nunca mudou. “Aonde você for, tem cachorro abandonado. No posto, na administração, nas paradas. É todo dia”, conta.

Gildene Marcos trabalha em uma vendinha próxima à parada de ônibus na Q 377 do Itapoã. Foi ali, no trajeto diário, que ela encontrou um parceiro inseparável: o cachorro que batizou de Pile. Desde que foi abandonado após a morte da antiga dona, o animal passou a acompanhar Gildene todos os dias. “Eu dou água e ração quando posso. O Pile está comigo desde que foi jogado na rua, depois que a dona morreu. Ele me reconhece, vai até minha casa”, conta ela, emocionada.

A sensação de impotência de ajuda para os cães é compartilhada por muitos vizinhos, que observam o crescimento desses animais nas ruas, sem que haja medidas concretas para reduzir o problema. Maria Kelly, de 19 anos, destaca o risco que esses cachorros representam, principalmente para crianças. “Teve um dia que eu estava levando meu irmão na escola e um cachorro avançou nele. Só não mordeu porque eu estava perto”, relata. Para ela, é urgente a criação de políticas públicas que acolham esses animais e protejam os moradores. “Eles não têm como pedir ajuda, então alguém precisa olhar por eles”, desabafa.

Ações em curso e limitações

Segundo a Secretaria de Proteção Animal do Distrito Federal (Sepan), está em curso um projeto-piloto do programa Castra DF, voltado para cães e gatos em situação de rua. A iniciativa prevê captura humanitária, castração, vacinação, microchipagem e, posteriormente, o encaminhamento para adoção responsável. A secretaria afirma ainda que promove ações itinerantes em diversas regiões administrativas e trabalha para incentivar a guarda responsável.

Apesar disso, a realidade enfrentada nas ruas do Itapuã mostra que as ações ainda não são suficientes. A própria Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais (DRCA), confirma que não existe, até o momento, uma parceria formal com a Sepan. Os resgates e acolhimentos de animais feridos ou abandonados seguem dependendo do trabalho voluntário de protetores independentes.

“Mesmo com o anúncio da construção de um abrigo público, não fomos oficialmente informados sobre a localização ou funcionamento do espaço”, afirma o chefe da DRCA, Jônatas Silva. As denúncias de abandono continuam chegando por canais oficiais, e os policiais seguem atuando na responsabilização dos tutores negligentes, com a possibilidade de prisão em flagrante e indiciamento.

Um pedido de ajuda 

Enquanto as ações governamentais ainda não chegam a quem convive diariamente com o problema, moradores de diferentes regiões do Distrito Federal seguem cobrando estrutura e atenção. É o caso de Tailine Abade Marques, de 33 anos, moradora da Vila São José, em Brazlândia. Ela relata que há grande concentração de animais abandonados em pontos movimentados da cidade, como o terminal rodoviário do Veredas, a rodoviária do centro, a principal via da quadra 5 Norte, as proximidades do restaurante Giraffas, a Rua do Lago e nos arredores da escola técnica de Brazlândia. “Eles ficam ali mesmo nesse frio, ao relento”, lamenta.

O apelo por políticas públicas mais eficazes também é reforçado por Maria Kelly, do Itapoã. “A gente quer um projeto que funcione de verdade, com gente cuidando, resgatando, orientando. Não dá pra continuar vendo os bichinhos sofrendo, passando fome e virando ameaça sem que ninguém faça nada”, diz.

Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília
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itapoã créditos daniel xavier do jornal de brasília
Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília
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