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Moda

Ecológico e enobrecido, o linho conquista a moda

A Europa Ocidental é a maior produtora mundial de linho, 80% do qual é produzido na França. Fácil de manusear, não requer irrigação

Redação Jornal de Brasília

17/05/2021 8h29

Já foi associado a lençóis retirados do armário da avó. Rústico, gótico ou requintado, o linho invade as passarelas e é exibido no museu como símbolo do luxo moderno, aclamado por suas propriedades ecologicamente responsáveis.

Um pequeno campo de linho foi instalado esta semana por um mês e meio em frente à prefeitura de Paris. O canto gravado de pássaros pode ser ouvido em meio aos sons dos carros.

“Queremos mostrar aos parisienses que é uma fibra que cresce aos nossos pés e que as roupas que vemos nas semanas de moda vêm desta planta verde”, comenta à AFP Marie-Emmanuelle Belzung, delegada geral da Confederação Europeia do Linho.

A Europa Ocidental é a maior produtora mundial de linho, 80% do qual é produzido na França. Fácil de manusear, não requer irrigação e com a fibra extraída mecanicamente sem produtos químicos, esse material atende a critérios cada vez mais buscados pelos consumidores.

“Nunca vimos tanto linho” como nas últimas coleções, ressalta Belzung.

No início de 2020, Laetitia Casta desfilou vestindo um conjunto de bustiê com saia de linho, cor natural, do estilista Jacquemus. Em sua última coleção, quase metade das silhuetas foram feitas de linho.

Para o verão de 2021, o tecido “se destaca claramente com um salto de +102% nos looks em linho nas passarelas”, segundo o último estudo da Tagwalk, buscador de palavras-chave que analisa as coleções apresentadas nas quatro principais semanas de moda mundiais.

Entre os estilistas, 49% apresentaram pelo menos um look de linho em sua coleção, enquanto Dior, Tom Browne, Fendi ou Louis Vuitton usam esse material “significativamente”.

Fendi traz vestidos midi e calças largas ultrafemininos, na Margiela, o linho aparece em smokings e vestidos de noiva em estilo gótico.

A inovação tecnológica dos últimos dez anos dificulta a identificação do linho em tecidos luxuosos e glamorosos com adição de lurex ou glitter para enobrecê-lo ou em stretch que não enruga.

O linho pré-lavado dá às roupas “uma queda, flexibilidade e movimento que antes não tinha”, enfatiza Belzung.

A maior revolução é a possibilidade de fazer malhas de linho, cuja fibra forte antes quebrava as agulhas. Isso permite a fabricação de camisetas de linho em todas as cores a preços acessíveis.

“O linho é cada vez mais vendido, está sendo integrado a todos os produtos”, sublinha Valérie Chaleyssin, diretora de marketing da BHV Marais.

O linho, que atualmente representa apenas 0,4% das fibras têxteis, parece ter um futuro brilhante. E a oferta acompanha.

O grupo Depestele, maior produtor privado na Europa, “recolhe até 12.000 hectares de fibra de linho contra 5.000 hectares há 10 anos. É um avanço muito grande e vemos que há um interesse real neste material”, declara à AFP Romain Depestele, responsável pela direção do grupo familiar.

“Os materiais produzidos localmente com pouca água num contexto ambiental mais exigente são hoje para o consumidor um elemento de luxo”, confirma à AFP Olivier Gabet, diretor do museu de artes decorativas que inaugurou em outubro de 2020 a exposição “Luxes”.

As paredes das salas desta mostra, que reabrirá no dia 19 de maio, estão cobertas por espessas metragens de linho dourado que serão recicladas em obras de arte.

© Agence France-Presse

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