Chocado. Foi desta forma que o brasileiro Marcelo Melo recebeu a notificação da Federação Internacional de Tênis (ITF) sobre a existência da substância isometepteno no exame antidoping realizado durante o Torneio de Queens, no início de setembro.
Melo reconhece que errou ao tomar o medicamento Neosaldina sem consultar um médico, mas acredita que a punição de dois meses fora das quadras foi exagerada – o jogador poderia ter sido apenas advertido ou até pegar até um ano de gancho.
“Fiquei chocado quando recebi a notícia. Sempre fui muito preocupado com isso e não poderia imaginar que um simples remédio para dor de cabeça teria uma substância proibida”, lamentou. “Essa substância é considerada leve e a pena já é automaticamente reduzida de até dois a até um ano de suspensão. Mas eu esperava apenas uma advertência”, completou.
A ITF puniu Melo em dois meses por entender que o atleta não teve a intenção de obter vantagem esportiva ao ingerir o medicamento. Mas, mesmo acreditando que poderia ter sido poupado da suspensão, o tenista preferiu não recorrer da decisão.
“Cometi um erro de não ter consultado um médico porque a responsabilidade pelo meu corpo é minha. Resolvi não recorrer porque, na verdade, eu fui o culpado pelo que aconteceu”, admitiu. “Nunca tomei proteína nem suplemento, por isso nunca pesquisei sobre isso. A Neosaldina é um remédio que a minha mãe sempre me receitou, mas agora eu não tomo mais sequer aspirina sem consultar um médico”, completou.
Melo concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira visivelmente abatido. Além do constrangimento moral, o tenista perdeu os 250 pontos que conquistou por ter chegado às quartas-de-final da chave de duplas do Aberto dos Estados Unidos ao lado do compatriota André Sá e US$ 25.850 pelo resultado no Grand Slam norte-americano e pela queda no quali individual do Torneio de Queens.
“Eu não sei quando eles (Associação dos Tenistas Profissionais – ATP) tiram os pontos, mas devo cair para 34º, 35º lugar no ranking, que é a posição na qual eu estava antes do Aberto dos Estados Unidos”, afirmou o atleta, que atualmente é o 25º colocado no ranking e, ao lado de Sá, brigava para ficar entre as oito melhores duplas que disputam a Masters Cup no final do ano. “Já era difícil, mas agora as chances de disputar a Masters são praticamente nulas”, reconhece.
O mineiro, que completou 24 anos no último domingo, comentou ainda que a Confederação Brasileira de Tênis poderia ajudar a evitar esse tipo de problema com os atletas. “De repente a CBT poderia ter um programa ou uma cartilha do que se pode ou não tomar. Poderia ter um centro médico mais informativo para os jogadores”, vislumbrou.