Para além das quadras da Asa Sul e Norte, outras regiões como Guará e Águas Claras também são ponto de encontro para saborear cachorros-quentes clássicos, tradicionais e artesanais. De molhos caseiros a acompanhamentos caprichados, os hot dogs fora do Plano Piloto têm história, sabor e muita personalidade. O Jornal de Brasília visitou alguns que podem ser a opção perfeita para celebrar o Dia do Cachorro-Quente, que é celebrado neste dia 9 de setembro.
Para todos os momentos
José Gonçalves, conhecido por Ezequias, 60 anos, é proprietário do Hot Dog do Ezequias. Localizado na QE 32 do Guará II há 35 anos, Ezequias se orgulha de ter um estabelecimento que marcou tanto a vida das pessoas pela região, atravessando gerações. Ele contou que uma pessoa uma vez chegou na lanchonete e disse que estava há tantos anos fora, já lanchou em tantos lugares do mundo, mas não encontrava um cachorro-quente igual o dele. “Fico muito satisfeito. Daqui a pouco vem os filhos, os netinhos das pessoas que sempre vieram aqui desde pequenos”. Ezequias afirma que no quiosque, as pessoas vivem seus momentos do dia a dia e também celebram os momentos em famílias. “Quando eles nos pedem para comemorar o aniversário na lanchonete, nós ficamos tão felizes”.
O cachorro-quente de Ezequias é tradicional, com molho de tomate caseiro. O autônomo Lyncon Brhener, 33, frequenta o quiosque desde os 7 anos: “Esse cachorro-quente faz parte da minha história. O meu aniversário de 7 anos mesmo foi lá”. Para ele, o diferencial do sanduíche deles está no preparo: “Sou o rei do dog e posso afirmar que o na chapa do Ezequias é o melhor”, diz, destacando ainda a pasta de alho, carro-chefe da casa.

Lyncon se recorda de levar a primeira namorada ao quiosque. “E até comentei com um amigo meu que era bacana, porque na época com R$10 a gente comia dois dogs bomba, um cachorro-quente ao molho e um refrigerante”, contou. Lyncon afirma que tudo que viveu e ainda vive ao visitar o lugar, são histórias que ficam marcadas. “Esse quiosque era um ponto de encontro e uma referência na hora do lanche”, completou.
Tradição que atravessa o quadradinho
Com 15 unidades em 13 regiões, o Dog do Jhow começou em Águas Claras, em 2014. Lúcio Alves, 46 anos, é franqueado e conhece bem a história dessa marca que está criando uma tradição nas cidades do DF: “Foi o próprio Jhow — que na verdade se chama Robério — que criou esse produto fantástico. E o nome veio do jeito como ele chama todo mundo: ‘E aí, Jhow?’”, explicou.
Lúcio administra os quiosques localizados no Recanto das Emas e Riacho Fundo I. “Eu posso dizer que é um produto que não tem cliente insatisfeito. E quem vem conhecer a primeira vez se surpreende, porque é realmente um produto muito bom”, comentou. O cardápio traz pão de leite ninho artesanal, salsicha, três tipos de maionese, queijo, molho e batata palha. “Nosso cachorro-quente tem bastante queijo, trazendo mais sabor.”

A contadora Beatriz dos Santos, 26 anos, estava comendo o Dog do Jhow junto com a mãe. Ela frequenta a unidade há pelo menos um ano. “Eu peço bastante pelo delivery, mas como eu moro bem pertinho do quiosque, também venho muito quando dá”, comentou. Para Beatriz, o que mais se destaca no hot dog do Jhow é o molho, que ela considera bem caprichado. Ela conheceu o estabelecimento através de um aplicativo de delivery, mas uma amiga já tinha indicado o lugar. “Outra coisa que me fidelizou também, foi o cartão de fidelidade que eles têm. Depois de 10 cachorro-quentes que você pede, você ganha mais um”, completou.
Acompanhamentos criativos
Para além do cachorro-quente tradicional, no Guará também tem o Dogo Gourmet, com hot dogs inovadores. Segundo a dona do quiosque, Janaína Vasconcelos, de 46 anos, os cachorro-quentes costumam ser queridinhos do público, não só no Guará, mas em qualquer lugar. “A nossa clientela é bem fiel, mas desde a pandemia o movimento tem mudado bastante”, afirmou. Ela contou que a proposta do negócio mudou um pouco desde a criação, em 2015. “Nós trabalhamos com salsichas artesanais, além da salsicha comum. Elas são 100% suínas, sem corante ou conservante.”
A proposta, atualmente, é que o acompanhamento do hot dog mude todos os dias. “Nós temos o tradicional, que é com queijo muçarela, milho, batata palha, salsicha e molho de tomate artesanal. Mas também temos o que a gente chama de acompanhamento surpresa”, apontou. Como ela explicou, em determinado dia da semana o cachorro-quente pode vir com guacamole, em outro, com vinagrete — ou até mesmo com bacon. “São tantas coisas. Tem queijo gorgonzola e purê de batata, por exemplo. Mas sempre tem alguma coisa diferente. Geralmente, a gente coloca três acompanhamentos diferentes por dia.” Outra criação recente do Dogo, é o cachorro-quente na chapa com o pão prensado.
O administrador Bruno Lima, 40 anos, mora no Guará a vida toda e se considera um cliente assíduo do Dogo Gourmet há seis anos. “Eu, minha filha e minha esposa somos clientes e sempre comparecemos para comer o hot dog umas duas vezes por mês”, disse. Para ele, o mais atrativo no estabelecimento é o diferencial da linguiça artesanal, além de ser o único lugar que ele conhece que tem guacamole. Como comer no quiosque é um programa familiar, ele destaca outro item importante no espaço da Janaína: “Minha filha tem 11 anos e adora esse cachorro-quente. No espaço da Jana tem aqueles cadernos da moda para as crianças pintarem.” Segundo ele, até a esposa costuma entrar na brincadeira artística enquanto espera o pedido.

De comer rezando
Giovanna Santiago, 23 anos, trabalha na empresa de sua família, o quiosque de cachorro-quente Bendito Dog, que fica em Águas Claras. De franqueado a outra rede de cachorro-quente, Giovanna conta que o pai abriu o próprio negócio e assim nasceu a Bendito Dog. O reconhecimento veio alguns anos depois, em 2022, quando o empreendimento ganhou o prêmio de melhor de Brasília, em um reality show da Coca-Cola. “A gente ficou em primeiro, o Dog da Igrejinha ficou em terceiro e um de Samambaia ficou em segundo”.
Ronaldo Santiago Afonso, 56 anos, pai de Giovanna e proprietário do Bendito Dog, diz que o crédito do sucesso de seu cachorro quente é o molho 100% de tomate, sem nenhum conservante. Quem vai comer no estabelecimento, vai se deparar com um menu que a cada dia trabalha com um cachorro-quente diferente. “Na quarta-feira e no domingo, o cardápio é o hot dog de filé mignon, já na quinta-feira é o de estrogonofe de frango e na sexta é o maná, que é um hot dog de frango, molho branco e bacon”. Além do cachorro-quente com molho caseiro, Ronaldo também faz caldos e um suco natural de maracujá.
Além da comida, o espaço também promove ações sociais e cultos mensais na Praça do Sabiá. “Tentamos manter a essência de um ambiente familiar”, diz Ronaldo, que conhece todos os clientes pelo nome — e até o nome dos cachorros deles.

A empresária Célia Queiroz, 42 anos, e Wagner Freire, 57 anos, auditor, moram na quadra em que o Bendito Dog funciona e costumam comer ali.”Eu conheço o Bendito há uns seis anos”, afirmou Célia. Para ela, várias coisas tornam o produto deles um diferencial no mercado: “Eu acho que primeiro o atendimento e a forma que eles levam o negócio deles. São pessoas que trabalham com projetos sociais e isso para gente é muito importante”, ressaltou. Além disso, tem também os molhos da casa, que para Célia são maravilhosos. “É diferente, não é uma comida pesada, é gostosa e o pão é bem macio”, completou. “E eu gosto muito de maionese, então a deles eu particularmente amo. Acredito que são os pequenos detalhes que acabam cativando os clientes”, acrescentou Wagner.