Foi mais difícil do que esperado. Mas no final, deu a lógica na final do Aberto dos EUA. Diante do seu maior freguês do circuito, o suíço Roger Federer confirmou as expectativas e conquistou o tricampeonato do torneio. Neste domingo, ele não se importou com as mais de 23 mil pessoas no Arthur Ashe Stadium e derrotou o favorito local Andy Roddick por 3 sets a 1, parciais de 6/2, 4/6, 7/5 e 6/1, em duas horas e 27 minutos.
Federer chega à nona conquista de Grand Slam da carreira e ao sexto lugar entre os que mais venceram os principais eventos do circuito. Ainda faltam cinco para alcançar o norte-americano Pete Sampras, recordista com 14, mas por ainda estar com apenas 25 anos e por mostrar enorme domínio sobre seus rivais, tudo indica que ultrapassará a marca.
Ele também leva para casa seu terceiro major do ano, já que havia vencido o Aberto da Austrália e Wimbledon. É a segunda vez em dois anos que consegue isso, repetindo a campanha de 2004. O suíço esteve neste domingo em sua sexta final consecutiva nestes torneios e só falhou em Roland Garros, diante de Rafael Nadal. O recorde de finais seguidas é de sete, de Jack Crawford, em 1933-34.
O tricampeonato consecutivo do Aberto dos EUA iguala os feitos de Ivan Lendl e John McEnroe no evento, mas ele ainda segue atrás em números absolutos de conquistas: Sampras e Jimmy Connors venceram cinco vezes. Torna-se, no entanto, o único tenista da história a conquistar Wimbledon e o Aberto dos EUA em três temporadas seguidas.
A incrível lista de números do número um do mundo registra agora 41 títulos, o que o coloca em 12º lugar em todos os tempos, ao lado do sueco Stefan Edberg. Somente neste ano já são oito taças, que se juntam ao Aberto da Austrália e Wimbledon, aos Masters Series de Indian Wells, Miami e Toronto e aos torneios de Doha e Halle.
Ele defende o título e não perde pontos em relação ao ano passado. Assim, mantém ótima frente no ranking de entradas em relação a Nadal (7.295 contra 4.800). Na Corrida dos Campeões, vai a 1.324, contra 825 do rival. Líder do ranking desde janeiro de 2004, domina o circuito há 137 semanas e já fica em vias de quebrar o recorde de Connors, de 160 seguidas, já que dificilmente perderá a ponta nos próximos seis meses.
Vindo de derrota na segunda rodada do Masters Series de Cincinnati, na única vez no ano que disputou um torneio e não chegou à final, Federer chegou a Nova York pronto para mostrar novamente que nos momentos decisivos é difícil de ser batido. E confirmou ao manter altíssimo nível durante as duas semanas. Tanto que perdeu apenas dois sets em sua campanha.
Contra Roddick, chegou à 11ª vitória em 12 partidas, sendo seis delas em finais. Antes, haviam disputado duas decisões em Wimbledon. Para o norte-americano, a derrota não é de todo ruim. Ele confirma a ascensão depois da contratação de Connors como treinador e volta a figurar no quinto lugar do ranking, após sair do top dez pela primeira vez desde 2003.
Roddick vinha do título em Cincinnati, há três semanas, e de 12 vitórias seguidas. No entanto, esbarrou em seu maior carrasco. Na decisão, ainda tentou de tudo, foi agressivo e chegou a ter grandes chances de pular à frente em 2 sets a 1, caso não tivesse desperdiçado quatro break points no meio da parcial.
Federer abriu a disputa mostrando superioridade. Mais tranqüilo e variando melhor os golpes, conseguiu 3/0 de cara e não perdeu mais a ponta. A segunda parcial, porém, foi favorável ao norte-americano. Adaptado ao clima e incentivado pelo público, conseguiu quebra logo no primeiro game e ainda desperdiçou outras chances de vencer mais tranqüilamente.
A terceira parcial decidiu o confronto. Federer enfrentou um 0/40 no quinto game, depois outro break point, mas se salvou. No game seguinte, perdeu cinco oportunidades e o jogo se manteve equilibrado, com ambos jogando em alto nível. O golpe decisivo veio no 12º game, em que o número um quebrou o saque do rival e fechou em 7/5.
A perda deixou Roddick desanimado. Sem mostrar a mesma garra de antes, foi perdendo espaço aos poucos e permitiu avanço de 5/0 do suíço. No sexto game, conseguiu converter bons saques e evitou o “pneu”. Mas já era tarde. Federer só precisou sacar no game seguinte para levar a taça.
Na torcida, o suíço recebeu o apoio de outro gênio, Tiger Woods, e agradeceu na mesma forma. “Foi muito legal ele ter aparecido. Eu tinha que fazer uma boa apresentação”, disse, rindo. “Hoje, assim como em todo torneio, tudo deu certo. O Roddick jogou muito bem e é bom vê-lo de volta entre os melhores”, destacou o campeão, que levou para casa cheque de US$ 1,2 milhão pela campanha.
Roddick recebeu a metade, mas como havia vencido a Us Open Series, seqüência de torneios que antecederam o Grand Slam, teve seu prêmio igualado ao do suíço. Na celebração ainda na quadra, agradeceu o apoio do público e do novo treinador. “Ainda não estou no topo, estou perto dele. Mas é bom chegar aqui depois de um ano duro. Agradeço muito a todos pela força”, concluiu.