A eliminação de Gustavo Kuerten na primeira rodada do Torneio de Costa do Sauípe não foi melancólica apenas para o jogador. Com a queda de Guga, o Brasil perdeu seu terceiro e último representante na chave de simples. Mais grave que isso, é o fato de todos eles terem sido eliminados e sem ganhar nenhum set. É a primeira vez que isto acontece em um evento da ATP realizado no país desde quando um evento desta categoria passou a ser organizado no Brasil, em São Paulo, no ano de 1974.
Thomaz Koch foi o desbravador da lista e chegou às semifinais com três vitórias. Ele defendeu a condição de semifinalista nas cinco edições realizadas na capital paulista. Em 1982, quando o Guarujá (SP) passou a ser a sede do evento, Carlos Alberto Kirmayr era o representante da casa e foi ainda mais longe. Chegou à final e terminou em vice após oito vitórias.
Desde então, em 33 eventos da ATP no Brasil nunca a representação nacional havia deixado de sobreviver à estréia. Aliás, em 40 oportunidades de disputa, houve 11 vices e sete campeões, o último deles Guga em 2004.
Outro fato de destaque nesta temporada é que foi a primeira vez que todos os brasileiros da chave principal tiveram de receber convite da organização. Até então, sempre havia alguém classificado por ranking.
Sem nenhum jogador atualmente entre os Top 100 do mundo, o Brasil precisou recorrer ao convite para não ficar fora da festa doméstica. Os escolhidos foram o homenageado Guga, Thomaz Belllucci e Marcos Daniel. Mas não houve como segurar a presença por mais de uma rodada.
A derrocada verde-amarela começou já na segunda-feira, primeiro dia de competição, com Thomaz Bellucci. Número 181 do ranking, ele foi eliminado pelo equatoriano Nicolas Lapentti em duplo 6/2. Na terça, os outros dois tiveram o mesmo destino.
Primeiro caiu Daniel. Número 1 do ranking nacional, 108º do mundo, ele não resistiu à pressão do australiano Peter Luczak e deixou o torneio sem nenhum set positivo.
Guga, 677 da lista, foi o último a tentar a sorte. Mas não teve destino diferente e acabou sendo superado pelo argentino Carlos Berlocq em 7/5 e 6/1.
Mesmo no qualificatório, a situação foi complicada. Dos dez aspirantes a um lugar na chave principal, apenas Júlio Silva chegou à última rodada do qualifying, parando contra o espanhol Daniel Munoz de la Nava.
O desempenho abaixo da expectativa não chega a ser uma surpresa pois, como o próprio Guga já havia destacada antes, o Brasil nunca esteve tão mal no ranqueamento internacional.
Apesar disso, o otimismo quanto ao futuro permanece. Assim como o treinador Larri Passos, Marcos Daniel acredita que a nova geração poderá recuperar a situação. “Já vemos alguns talentos agora com 14, 15 anos”.
Mas nem tudo está completamente estabelecido, acredita. “Está faltando trabalho de base”, avalia, acrescentando que a garotada de hoje também é mais receosa de arriscar a sorte nos qualificatórios dos grandes torneios.
Porém, mesmo isto é compreensível para ele. “É cada vez mais difícil chegar ao quali. A realidade de ranking (para se conseguir a vaga) complica. Antes, bastava se inscrever. A pontuação também é complicada. Compensa mais disputar três Challengers e somar 30 pontos, que conquistar 5 no quali”.