O inglês Andy Murray, número 18 do ranking internacional, colocou mais fogo na polêmica sobre combinação de resultados no tênis profissional ao afirmar nesta terça-feira que “todo mundo sabe” da existência de subornos.
“Há partidas que estão sendo arranjadas e há jogadores advertidos por isso. É algo decepcionante para os jogadores, mas todo mundo sabe. Ainda mais porque é difícil provar que alguém arranjou um jogo”, afirmou à BBC.
Garantindo que nunca participou do esquema, Murray tentou justificar a atitude. “Existem caras que precisam jogar todas as semanas, não ganham muito e ainda pagam vôos e taxas. Tem jogadores que só dispõem de um cheque de 2.500 euros, que acaba na primeira rodada dos torneios”, exemplifica.
“A carreira de um tenista dura de dez a 12 anos e você precisa juntar o máximo possível enquanto está na atividade. A possibilidade de alguns conseguirem dinheiro extra é muito tentadora, mas é realmente inaceitável”, completou.
O tema ganhou peso em agosto, quando o russo Nikolay Davydenko, número quatro do mundo, foi derrotado pelo o argentino Martín Vasallo Arguello no Torneio de Sopot. Na ocasião, a casa de apostas Betfair registrou um volume de aposta dez vezes maior para esta partida em relação às demais, e a maioria apostara no 87º colocado do ranking.
Diante das suspeitas, as quatro maiores organizações do tênis (ITF, ATP, WTA e Comitê do Grand Slam) pretendem apresentar uma série de regulamentações unificadas. “Temos de manter a integridade dos jogos”, disse Bill Babcock, porta-voz da Federação Internacional de Tênis (ITF). “Creio que temos feito isso, mas temos essa nuvem cinzenta que precisamos dissipar”, completou.
Babcock também disse estar em contato com organizadores de outros esportes sobre o caso, como turfe e cricket. “Especialistas nestes esportes encontraram uma maneira de mantê-los limpos. É um trabalho duro, que precisa de unificação de regulamentações”, disse. “Não estamos visando proibir apostas. Mas precisamos ter certeza de que estamos mantendo os jogos limpos”, acrescentou o dirigente.