A chegada do fim de ano costuma provocar um movimento intenso de reflexão. É um período marcado por balanços pessoais, revisão de metas e projeções para o futuro, funcionando como um marco simbólico de encerramento e recomeço. Nesse processo, planos não realizados, escolhas feitas ao longo do ano e expectativas para o próximo ciclo ganham destaque, despertando sentimentos diversos que vão da gratidão à frustração.
Embora natural, essa mistura de emoções pode gerar sobrecarga emocional. Segundo Mariana Ramos, professora de Psicologia da Afya Centro Universitário Itaperuna, o fim de ciclo exige atenção redobrada à saúde mental, já que a tendência à autocrítica costuma se intensificar. Para a especialista, esse momento não deve ser encarado como um julgamento pessoal, mas como uma oportunidade de reorganização e acolhimento.
A psicóloga explica que a sensibilidade emocional típica desse período tem bases psicológicas e neurobiológicas. “Revisar memórias e avaliar conquistas ativa áreas do cérebro ligadas à autoconsciência e ao julgamento, especialmente o córtex pré-frontal. Quando isso se soma às pressões externas — da sociedade, da família e das redes sociais —, o cérebro tende a reforçar comparações, pensamentos repetitivos e autorrecriminações, ampliando a ansiedade característica do fim do ano”, explica.
Para atravessar esse período com mais equilíbrio, a especialista elenca algumas orientações práticas:
Seis orientações para enfrentar o fim do ano com mais leveza
- Revise o ano sem julgamentos: transforme a avaliação das metas em aprendizado, não em punição pessoal.
- Ajuste expectativas: estabeleça objetivos possíveis, compatíveis com sua rotina e com o momento de vida atual.
- Evite comparações: cada trajetória tem seu próprio ritmo; comparar-se aos outros tende a aumentar a ansiedade.
- Reserve momentos de pausa: desacelerar é essencial para reorganizar pensamentos e emoções.
- Planeje o novo ciclo com intenção: priorize ações concretas e significativas, evitando resoluções idealizadas e distantes da realidade.
- Pratique mindfulness: direcionar a atenção ao momento presente, de forma consciente e sem julgamentos, ajuda a reduzir a ansiedade. Um exercício simples é sentar-se em um local tranquilo, manter a coluna ereta e focar na respiração. Quando a mente divagar, basta trazer o foco de volta com gentileza. A respiração consciente diminui a atividade da amígdala, região do cérebro associada ao estado de alerta, favorecendo uma sensação de segurança interna.
A especialista da Afya Itaperuna reforça que recomeçar não precisa ser algo grandioso. Pequenas ações, planejadas com consciência, já contribuem para um início de ano mais equilibrado, respeitando o ritmo individual e promovendo mais leveza emocional.