O burnout deixou de ser um jargão corporativo para se tornar um alerta real para milhares de profissionais. Reconhecida como síndrome pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição é resultado do estresse crônico ligado ao trabalho e ultrapassa o limite do simples cansaço.
Entre os sintomas mais comuns estão exaustão extrema, sensação de ineficácia, perda de motivação, distanciamento das atividades e problemas físicos como insônia, dores de cabeça frequentes e alterações no apetite. De acordo com a International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de casos de burnout, ficando atrás apenas do Japão.
O enfermeiro Lucas Bernardes conhece bem essa realidade. Com mais de 20 anos de plantões hospitalares, incluindo o período mais crítico da pandemia de COVID-19, ele viu sua saúde física e mental se deteriorar:
“A sensação de ir para o plantão era de total desesperança. Estresse, insônia crônica, irritabilidade, dores musculares e cefaleia passaram a fazer parte do meu dia a dia”, relembra.
Diagnosticado com burnout severo, Lucas iniciou acompanhamento psicológico e psiquiátrico para lidar com os anos de pressão acumulada. Hoje, ele compartilha seis medidas práticas que ajudam empresas e equipes a construir um ambiente mais acolhedor e saudável:
1. Faça pausas regulares
Trabalhar sem interrupções não significa ser mais produtivo. Pequenos intervalos para alongar, respirar ou se afastar da tela ajudam o cérebro a se recuperar e mantêm o desempenho equilibrado.
2. Crie espaços de escuta coletiva
Terapia em grupo ou rodas de conversa fortalecem o senso de pertencimento e reduzem a sobrecarga emocional. Não se trata de expor vulnerabilidades, mas de compartilhar experiências e criar apoio mútuo.
3. Invista em ações de bem-estar
Sessões de massagem, meditação guiada ou dinâmicas coletivas podem parecer simbólicas, mas enviam uma mensagem clara: a saúde mental é prioridade.
4. Valorize e reconheça o trabalho
O reconhecimento vai além do salário. Um elogio sincero, a escuta ativa ou o convite para participar de decisões aumentam a motivação e a satisfação no trabalho.
5. Respeite o equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Disponibilidade 24 horas por dia é insustentável. Estabelecer limites e preservar momentos de descanso é essencial para manter a saúde mental e a qualidade de vida.
6. Mantenha comunicação aberta e colaborativa
Lideranças acessíveis e equipes dispostas a ajudar criam ambientes mais seguros, reduzem o medo de errar e favorecem relações mais humanas.
Para Lucas, combater o burnout exige mudança cultural e compromisso coletivo:
“A gente precisa quebrar a lógica da competitividade tóxica e apostar em relações de trabalho mais humanas.”