O Maníaco do Parque é um dos criminosos mais notórios do Brasil, e sua história agora é retratada em um filme ficcionalizado que estreou nesta sexta-feira (18) no Prime Video. Francisco de Assis Pereira foi preso em 1998, acusado de estuprar e matar 11 mulheres no Parque do Estado, em São Paulo. No longa, o papel do assassino em série é interpretado por Silvero Pereira, um ator cearense que já brilhou em diversos sucessos, incluindo o icônico Lunga, de “Bacurau”.


Na noite desta quinta-feira (17), ocorreu a pré-estreia do longa “Maníaco do Parque” em Brasília, com a presença dos atores Silvero Pereira e Giovanna Grigio. Durante o evento, eles conversaram em exclusividade com o Jornal de Brasília sobre os desafios emocionais e técnicos da produção. Os atores compartilharam suas experiências intensas no set e como se prepararam para interpretar personagens tão complexos, ressaltando a importância de trazer à tona a perspectiva das vítimas e a crítica à violência de gênero presente na história.
Silvero explicou a complexidade de interpretar um personagem real e cheio de nuances, exigindo um estudo detalhado dos maneirismos e comportamentos de Francisco.
“Foi um desafio buscar essa mimese corporal e traduzir a complexidade dele em um recorte da história. Francisco era visto como um patinador admirado e, ao mesmo tempo, tornou-se um criminoso que traumatizou a sociedade brasileira.”
O ator reforçou que o longa não foca na glorificação do assassino, mas nas histórias das vítimas. “O protagonismo está na personagem Elena, vivida por Giovanna. Francisco é apenas o antagonista.”
Ao longo dos 98 minutos de filme, somos apresentados a três diferentes versões do criminoso. A primeira é Francisco de Assis, um jovem trabalhador, esforçado e querido pelo patrão. Depois, Chico Estrela, um atleta de patinação que faz sucesso no Parque Ibirapuera e sonha com a fama. Por último, o Maníaco do Parque, assassino que enganava mulheres, dizia ser um caça-talentos, as atacava e, por muitas vezes, as matava.

A personagem Elena, interpretada por Giovanna Grigio, foi criada especificamente para o filme e não existiu na vida real. Ela serve como uma jornalista fictícia que traz uma perspectiva crítica sobre a cobertura midiática dos crimes, destacando a importância de lembrar as vítimas e questionar a responsabilidade da mídia em abordar a violência de gênero. Sua jornada reflete a busca pela verdade e empatia, convidando o público a refletir sobre as vidas que foram trágicamente perdidas.
A atriz revelou que sua preparação incluiu pesquisas sobre a cobertura midiática da época e conversas com jornalistas. “Elena me fez enxergar a gravidade da banalização da violência contra a mulher. Essas histórias não podem ser tratadas como apenas mais uma manchete”. Ela também destacou como foi desafiador interpretar uma repórter em um ambiente dominado por homens e marcado pelo sensacionalismo dos anos 1990. “A personagem traz essa inquietação: não podemos nos acostumar com essas tragédias.”

A produção não tem amarras quando o assunto é violência em cena e, logo no início, mostra o ataque de Francisco contra uma de suas vítimas, interpretada por Bruna Mascarenhas. Cuidando do bem-estar dos atores, a gravação contou com a coordenadora de intimidade Larissa Bracher, que esteve presente desde o primeiro encontro entre Pereira e Mascarenhas até as filmagens.
“Foi essencial termos uma coordenação de intimidade para garantir segurança e respeito no set”, contou Silverio. Mesmo com poucas cenas juntos, Silvero e Giovanna passaram mais de dois meses ensaiando para garantir que a tensão entre Francisco e Elena fosse palpável. “Gravamos uma cena crucial durante um dia inteiro. Foi catártico e incrível. Trabalhar com o Silvero foi um privilégio.”
O longa não apenas relembra um dos crimes mais impactantes do Brasil, mas também faz uma crítica atual sobre a violência de gênero e o papel da mídia. A produção desafia o público a refletir sobre a misoginia e o impacto duradouro que esses casos têm na vida das vítimas e de suas famílias.
Confira o trailer: