Filmes de época carregam uma beleza particular ao transportarem o espectador para outros séculos com delicadeza, misturando cenários deslumbrantes, figurinos caprichados e histórias que ecoam muito além do período retratado. Em meio a romances contidos, guerras silenciosas, cartas trocadas à luz de vela e conflitos sociais marcantes, essas obras revelam emoções que não dependem do tempo, falam de afeto, resistência, luto, amadurecimento e escolhas que poderiam ser nossas, só que vestidas em outro século.
Na seleção abaixo, a ideia não é apenas revisitar os clássicos mais óbvios como Titanic ou O Grande Gatsby. O foco são filmes que talvez não estejam no radar de quem ama narrativas históricas, mas que carregam a mesma potência estética e emocional e algumas releituras de clássicos que valem o seu tempo. Obras que merecem ser descobertas e apreciadas com calma, como quem encontra uma carta antiga no fundo da gaveta.
A Cor Púrpura
Essa readaptação do clássico de 1985 aborda a vida de mulheres negras no sul dos Estados Unidos no início do século 20, Suas dores, opressões, relações familiares e a busca por dignidade e liberdade. A trajetória é intensa, o filme não mede consequências, mostra o sofrimento, a injustiça social, a discriminação, mas também a força, resiliência e esperança.
O ponto forte da obra é a carga emocional e as músicas. Ele não é um filme leve, mas é profundamente comovente e necessário: expõe racismo, opressão de gênero e injustiças de maneira honesta, e revela a luta de quem tenta sobreviver com dignidade num contexto de brutalidade. A sensibilidade na construção dos personagens e o talento do elenco ajudam a tornar a experiência marcante, sem contar a trilha sonora que engrandece ainda mais a narrativa.
Onde assistir: Netflix e Prime Video
A Sociedade Literária e a torta de casca de batata
Esse filme mergulha na Europa do pós-Segunda Guerra: a jovem escritora Juliet Ashton recebe uma carta de um misterioso clube de leitura na ilha de Guernsey e, movida pela curiosidade, decide entrevistá-los para escrever um livro sobre suas histórias durante a ocupação nazista. A partir daí, ela se conecta com pessoas marcadas pela guerra, amizade e solidariedade.
A narrativa dá espaço para silêncios, traumas e lembranças difíceis, mas também para risadas inesperadas, conexões sensíveis e pequenas alegrias que surgem. A literatura, ali, funciona quase como personagem, ela aproxima desconhecidos, guarda memórias e oferece um caminho de cura coletiva. No fim, o impacto emocional é grande porque tudo soa genuíno: nada é romantizado, mas também não é desolador.
Onde assistir: Netflix
Jane Eyre
Essa adaptação de 2011 do clássico da literatura de Charlotte Brontë traz a órfã Jane Eyre como protagonista: ela vai trabalhar como governanta no misterioso Salão Thornfield e se encanta pelo proprietário, o enigmático Rochester. Aos poucos, segredos e uma atmosfera sombria vão emergindo, e a trama se equilibra entre romance, tensão e mistério.
Há poesia e dureza no mesmo filme: a guerra devastou, mas o afeto, a literatura e a comunidade ajudam personagens a se reerguer, dá pra rir, se emocionar, refletir. Além disso, o filme mostra como a arte pode funcionar como um refúgio quando tudo à volta parece ruir. E, no fim, deixa aquela sensação boa de que conexões verdadeiras podem nascer nos lugares mais improváveis.
Onde assistir: Prime Video
Tomates verdes fritos
Esse é uma obra de época diferente, há uma história dentro de outra. Uma dona de casa insatisfeita e meio apagada na vida encontra uma senhora em um asilo, que conta a ela a história de duas jovens no Alabama dos anos 1920. A narrativa da senhora revela uma amizade intensa, enfrentamentos com a intolerância da comunidade e dramas pessoais, e aos poucos mestres contornos de coragem, rebeldia e empatia.
A forma como a narrativa do passado se entrelaça com a vida presente cria um jogo bonito entre memória e transformação. A história antiga não só inspira a protagonista atual, mas também ilumina temas como amizade leal, coragem diante da injustiça e a força que existe nos vínculos mais improváveis. O filme trabalha tudo isso sem pressa, deixando o espectador absorver as nuances das personagens femininas, que são o grande coração da trama.
Onde assistir: Prime Video
Adoráveis mulheres
Baseado no clássico de fins do século XIX, “Adoráveis Mulheres” conta a vida das irmãs March, Jo, Meg, Beth e Amy, crescendo durante a Guerra Civil dos EUA, cada uma com sonhos e temperamentos distintos. Entre amor, amadurecimento, ambições e tragédias, o filme acompanha o processo de crescimento e autodescoberta de cada uma. A direção de Greta Gerwig investe na perspectiva de independência feminina, revisitando o clássico com sensibilidade e atualidade.
O destaque está no elenco estrelado e talentoso. Saoirse Ronan brilha como Jo, trazendo a inquietação e a força da personagem com intensidade; Emma Watson entrega uma Meg delicada, dividida entre o sonho doméstico e a realidade; Florence Pugh rouba cenas como Amy, equilibrando ambição, insegurança e charme; e Eliza Scanlen dá profundidade à doce e frágil Beth. Ao redor delas, Laura Dern e Meryl Streep completam o time com atuações de peso.
Onde assistir: Prime Video e Apple TV