De volta aos palcos, o espetáculo “O Último Tango” circulará por seis regiões administrativas do Distrito Federal a partir de quinta-feira (10/10) até 8 de dezembro deste ano, trazendo uma reflexão profunda sobre o envelhecimento e a necessidade de políticas públicas voltadas para a população idosa. Contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), o projeto, que une dança, teatro, audiovisual e música, será apresentada em 22 sessões gratuitas em diferentes localidades, incluindo Plano Piloto, Sobradinho, Gama, Taguatinga, Ceilândia e Planaltina.
Além das apresentações teatrais, o projeto oferece uma série de ações paralelas que ampliam o debate sobre o envelhecimento. Entre as atividades estão bate-papos com o elenco após as apresentações, uma aula de tango ao ar livre no Conic, nesta quarta (9/10), às 12h, ministrada pelo coreógrafo Paulo Pivetta, e a exposição de fotos “Corpos que Dançam Não Envelhecem”, da fotógrafa Nityama Macrini, que será montada no foyer de cada teatro que receberá a peça. O projeto também visitará centros universitários e grupos de apoio a idosos para realização de oficinas e debates sobre o envelhecimento em populações vulneráveis, como a comunidade LGBTQIANP+, mulheres negras e pessoas ligadas às matrizes africanas.



Dirigido pelo dramaturgo Sérgio Maggio e com texto de Santiago Serrano, “O Último Tango” trata do encontro transformador de dois homens de gerações diferentes que descobrem na dança uma nova razão para viver. Antônio, interpretado por Chico Sant’Anna, e Manoel, vivido por Jones Abreu Schneider, são personagens que apontam para a capacidade humana de reinvenção em qualquer fase da vida. A trilha sonora, que mistura tango com canções de matriz africana, intensifica o tom poético do espetáculo, proporcionando uma experiência sensorial ao público.
Em entrevista ao JBr, Sérgio Maggio destacou a relevância de levar, ao teatro, a discussão sobre o envelhecimento em uma sociedade que, nas próximas décadas, terá uma população idosa maior que a jovem. “A questão do etarismo precisa ser trabalhada na sociedade de forma educativa. O espetáculo aborda isso de maneira poética e esperançosa, trazendo a ideia de que os sonhos não envelhecem”, afirmou o diretor. Maggio também ressaltou a importância de criar uma temporada longa para o projeto, permitindo um maior contato com o público e a oportunidade de aprofundar o diálogo.

O diretor explicou que a fusão entre o tango e elementos de umbanda foi uma escolha intencional para resgatar as origens marginalizadas do tango. “Santiago Serrano, autor da peça, é argentino, o que causa essa relação com o tango. O tango nasceu no cais, era uma dança entre homens para impressionar as mulheres. Trouxemos isso para o espetáculo e misturamos com os tambores da umbanda, criando uma fusão mágica entre essas culturas.”
As ações paralelas são de grande importância para Maggio. Segundo ele, elas ressoam o que está acontecendo no palco. “O teatro se mistura com outras linguagens. A imersão e a experiência ficam mais à flor da pele. Essas ações surgem para a gente estender essa discussão a outras formas de arte”, destaca.
Com um olhar inclusivo, “O Último Tango” promete ir além do entretenimento, promovendo uma reflexão crítica sobre o envelhecimento, a autonomia e o respeito às diversidades. Para Maggio, o maior sucesso da peça está em “jogar sobre a plateia a luz de que é possível continuar sonhando, mesmo com o corpo envelhecido”.
A itinerância do projeto, que inclui sessões adaptadas para cegos e surdos, reafirma a missão de alcançar e sensibilizar diferentes públicos, levando a discussão do envelhecimento para o centro do debate social.
Confira a agenda de O Último Tango
A entrada é gratuita mediante a retirada de ingressos pelo Sympla. Duração: 70 minutos.
OUTUBRO
Plano Piloto | Teatro Hugo Rodas / Espaço Cultura Renato Russo (508 Sul)
Dia 10 de outubro, às 20h; 11.10, às 16h (sesssão com libras, audiodescrição e bate-papo com a plateia) e às 20h; 12.10, às 20h; 13.10, às 19h; 31.10, às 20h (audiodescrição).
Teatro de Sobradinho
Dia 17 de outubro, às 16h (sessão com audiodescrição e bate-papo com a plateia) e às
20h.
NOVEMBRO
Plano Piloto | Teatro Hugo Rodas / Espaço Cultura Renato Russo (508 Sul)
Dias 1º e 2 de novembro, às 20h.
Teatro Sesc Paulo Gracindo (Gama)
Dia 6 de novembro, às 16h (sessão com libras, audiodescrição e bate-papo com a plateia) e às 20h.
Teatro Sesc Paulo Autran (Taguatinga)
Dia 12 de novembro, às 16h (sessão com libras, audiodescrição e bate-papo com a plateia) e às 20h.
Teatro Sesc Newton Rossi (Ceilândia)
Dia 14 de novembro, às 16h (sessão com libras, audiodescrição e bate-papo com a plateia) e às 20h.
Complexo Cultural de Planaltina
Dia 19 de novembro, às 16h (sessão com audiodescrição e bate-papo com a plateia) e às
20h.
DEZEMBRO
Plano Piloto | Teatro Hugo Rodas / Espaço Cultura Renato Russo (508 Sul)
Dia 5 de dezembro, às 20h; 6.12, às 20h; 7.12, às 20h (sessão com audiodescrição); e 8.12, às 19h.
Ações paralelas
Aula de Tango
Nesta quarta-feira (9.10), às 12h, no calçadão do Boulevard Center, Conic. Aberto a qualquer pessoa, sem limite de idade.
Exposição fotográfica “Corpos que dançam não envelhecem”
Da fotógrafa Nityama Macrini. Nos foyers dos teatros durante toda a temporada do espetáculo de 10 de outubro a 8 de dezembro.