Larissa Galli
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Em comecinho de namoro com o Modernismo, o pintor, desenhista e escultor francês Henri Matisse já vivia um caso de amor com o jazz, ritmo que chegava ao seu auge, nos Estados Unidos em 1947. Naquele ano, era lançado Jazz, um novo ânimo cheio de movimento e calor, no qual o artista abusou de papéis recortados, coloridos com tinta guache. Transitando entre a concepção de livro-objeto e gravura, Jazz revela todo a vivacidade e liberdade expressiva de um dos mestres da arte plástica moderna, repleto de cores vivas e vibrantes, muitas formas, circo e contos populares.
Vinte ilustrações do livro chegam à Caixa Cultural para temporada gratuita até 23 de dezembro. Para a curadora Anna Paola Baptista, a exposição é um panorama da produção madura do artista francês. “Esse livro é um importante marco na obra de Matisse, pois significou o início de uma fase artística que perdurou até o fim de sua vida”, explica.
As ilustrações foram criadas com recortes de papel, uma técnica que Matisse começou a experimentar e se tornou seu principal meio de expressão – denominado pelo artista como desenho com tesouras.
De acordo com Anna Paola, a técnica de Matisse é parecida com o stêncil. “Para cada forma existe um molde vazado, utilizado pelo artista em todos os exemplares de forma manual. Os recortes do livro foram copiados para serem reproduzidos em serigrafias”, detalha.
Acervo raro
Jazz foi publicado em 1947, com tiragem de 250 exemplares, todos supervisionados pelo artista. As pranchas em exposição na capital são do exemplar 196 e pertencem ao acervo dos Museus Castro Maya.
Conhecido por inaugurar o movimento fauvista, Henri Matisse também teve um flerte inicial com a estética impressionista. A fase que a mostra Jazz ilustra é a aproximação do artista com o modernismo, quando a fase fauvista do pintor já havia sido superada. No entanto, a valorização da cor sempre esteve muito presente em toda sua obra do artista, e, em Jazz, ele demonstra sua força criativa e originalidade.
Segundo a curadora, Matisse acreditava que o título Jazz, assim como o ritmo musical, daria a ideia de “uma estrutura de padrão e repetição, entrecortada por atos inesperados de improvisação”. As ilustrações demonstram o encantamento do francês pela forma e pelas cores, mas, acima de tudo, mostra o brilhantismo da técnica do desenho. “As imagens parecem simples, mas são o resultado de um árduo trabalho do artista”, finaliza.
Serviço:
Henri Matisse – Jazz
De amanhã a 23 de dezembro. Na Caixa Cultural (Setor Bancário Sul). Visitação de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada franca. Informações: 3206-9448. Classificação livre.