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Personagens da ficção e artistas servem de inspiração para empoderamento feminino

Arquivo Geral

02/11/2016 7h00

Atualizada 01/11/2016 22h20

Personagens da Disney de várias gerações. Foto: Divulgação

Larissa Galli
cultura@jornaldebrasilia.com.br

O ideal de princesa saiu da ficção e ganhou o noticiário aqui no Brasil, com a criação da Escola de Princesas, em Uberlândia, que abriu suas portas com a finalidade de ensinar meninas de 4 a 15 anos a usarem vestidos rodados ao mesmo tempo que preservam valores e princípios morais e sociais tradicionais. A escola ganhou outras duas unidades em Minas Gerais, nas cidades de Uberaba e Belo Horizonte, e uma terceira em São Paulo, inaugurada pela apresentadora Silvia Abravanel, filha de Silvio Santos.

Desde criança, mulheres sempre foram influenciadas a seguir comportamentos adotados pelas personagens dos contos de fada, eternizadas em figuras como Branca de Neve, Cinderela e cia. “(Mas) quando você apresenta um livro com uma protagonista que vive uma aventura, faz algo heróico ou supera uma dificuldade, você está mostrando a uma menina que ela também é capaz de fazer tudo aquilo”, explica a jornalista Stephanie Borges, integrante do grupo Leia Mulheres.

A construção de personagens femininas não raramente reproduz estereótipos sobre mulheres, representando-as como seres frágeis, em perigo, à espera do príncipe encantado. Segundo a professora do Departamento de Sociologia e integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Mulheres da UnB Tânia Mara Campos de Almeida, “a indústria cultural é uma das responsáveis por impor a ideia de que meninas devem ser princesas viva”.

Fotos: Divulgação

Fotos: Divulgação

No entanto, há várias referências de personagens femininos fortes, bem construídos e inspiradores, que chegam para quebrar a regra de que toda menina quer ser princesa, como, por exemplo, Daenerys Targaryen, de Game of Thrones, Katniss Everdeen, de Jogos Vorazes e a brasileiríssima Capitu, saída do clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis. De acordo com a professora Tânia, “as questões de passividade, submissão e vitimização, características das princesas, estão sendo substituídas pelo protagonismo feminino na própria história”.

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Divulgação

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Em maio de 2014, Julia Tolezano criou o canal Jout Jout Prazer para tentar superar seu medo a críticas. Hoje, o canal possui mais de 1 milhão de inscritos com vídeos que falam sobre o universo feminino de maneira desconstruída. Intitulado Não Tira o Batom Vermelho, seu vídeo sobre relacionamentos abusivos rendeu mais de 2 milhões de visualizações ao canal.

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Adaptação da série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, do escritor George R.R. Martin, a popular Game of Thrones desconstrói o estereótipo de que toda princesa precisa esperar que o príncipe encantado a salve de problemas. Daenerys Targaryen é introduzida na série como mulher-objeto, vendida por seu irmão para se casar com um bárbaro em troca de um exército. Em uma sociedade e cultura desconhecida, violentada e oprimida pelo marido, a princesa se empodera e passa a se guiar pela certeza de que o mundo é seu por direito, de que ela pode, e deve, conquistá-lo e governá-lo. A maior lição que a personagem tem a ensinar é não deixar as vontades de lado e não ceder a pressões masculinas.

A nova geração de princesas da Disney é composta por justas herdeiras de seus reinos e não precisam do casamento para coroação. Com ou sem príncipe, elas não ficam à mercê da vontade de seus pais-reis e são exemplos de figuras femininas atuais que podem inspirar a garotada. Anna e Elza (Frozen), Merida (Valente), Rapunzel (Enrolados), e Tiana (A Princesa e o Sapo) são construídas em um viés contemporâneo, de personalidades fortes e decididas, exemplos de proatividade e autonomia.

Personagens reais

Saindo da ficção, personalidades e artistas contemporâneas também têm voz na defesa de um papel mais justo às mulheres na história. A pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954) e a ativista paquistanesa Malala são personagens reais que ajudam a desconstruir estereótipos e servem de referência para as garotas de hoje em dia. “As meninas se identificam e se reconhecem em mulheres reais e próximas da nossa realidade, que não deixam de ser heroínas também”, afirma a professora Tânia Mara.

Os livros também são uma ótima forma de ampliar o repertório, não só de palavras, mas de universos, ideias e realidades. De acordo com Juliana Gomes, uma das coordenadoras do grupo Leia Mulheres, que incentiva a leitura de obras escritas por mulheres, “aumentar a representatividade feminina nos produtos culturais é importante para que as meninas se vejam, criem suas personalidades, façam suas próprias escolhas e até desenvolvam a empatia com outras meninas”.

A escritora Sofia Soter acredita que é fundamental insistir na ideia de que as meninas podem ser o que quiserem. “É muito mais fácil acreditar que você pode fazer, ser ou querer algo quando você vê alguém fazendo, sendo ou querendo aquilo. A literatura tem um papel muito importante nesse sentido: representando e apresentando possibilidades variadas para as meninas, mostrando cada vez mais modelos e inspirações que representem os desejos e aspirações das leitoras”, opina.

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