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Entretenimento

O Conde imortal

O mundo gira e se transforma, menos o Drácula, que ninguém consegue matar

Gustavo Mariani

16/06/2022 10h09

Durante as últimas 125 viradas do calendário gregoriano, o homem fez guerras; mudou mapas geopolíticos; criou e destruiu ídolos; inventou e aposentou peças; descobriu itens fantásticos, como o elétron, e desenhou a primeira tirinha das histórias em quadrinhos, onde, por sinal, reside um ser que parece destinado a ser eterno: o Conde Drácula.

Sim! Desde 1897, quando o escritor irlandês Abraham Stoker (o Bram) o mandou para as páginas de um livro, o mundo nunca mais teve sossego por conta das maldades desse personagem. Muitos o matam, mas não adianta: ele revive. De 1922 para cá, ele entrosou-se com o cinema, tornando-se um pop star, mesmo encarnando um ser pavoroso – de capa preta e penteado de fazer inveja ao mais esquisitos dos punks. Sem falar de dentes, pavorosamente, pontiagudos e da boca sanguinolenta.

Realmente, um pavor! Menos para o ator Christopher Lee, que deveu a sua grande popularidade ao demoníaco Drácula, a partir de quando o viveu, em 1958, no filme “O Vampiro da Noite”. Mas nem só ele beliscou sucesso (e boa grana) por conta da figura amedronteira e horrorosa. Que o digam, também, os belos Tom Cruise e Brad Pitt, quando filmaram “Entrevista com o Vampiro”, em 1994. Duas temporadas antes, porém, o aplaudidíssimo diretor Francis Ford Copolla havia recorrido a uma ajudinha do vampirão, pra engordar a sua conta bancária, via “Drácula de Bram Stoker” na telas.

Drácula pode ser o que de pior lhe atribuírem, mas ninguém pode negar que é até um cara legal. O seu pai Bram não lhe passou tal gen, mas ele o criou e arrumou emprego para muita gente de sua tchurma, personagens, como Nosferatu, em 1922; Lestat, em 1976, e a Família Addams, em 1994. Até permitiu ao diretor Roman Polanski, em 1967, de fazer a galera se divertir muito e sacudir o esqueleto, em “A Dança dos Vampiros”, animadíssimo forrobodó em seu castelo da Transilvânia.

Mocinho encantador, que seduz mulheres, para enfiar os dentes em seus pescoços, e bandidaço combatido a cheiro de alho e amostragem da cruz do cristianismo, o certo é que o Conde Drácula segue sendo um mito – mitísimo. Sabe-se de tudo sobre a origem de qualquer super-herói. Menos dele. Até hoje, nenhum historiador jamais descobriu de onde veio: se Bram Stoker o clonou do sanguinário Vlade III, que torturava, até ver sangue escorrer, de quem invadia as suas fazendas transilvâniacas, ou mirou-se no que escreveram Augustine Calmet, em 1791, e John William Polidorim em 1819. Seja o que tenha sido, fique certo: a próximas aparição do Drácula será no dia 31 de outubro, o Dia das Bruxas que vem por aí – ultimamente, ele tem sido um convidado especial. Ou melhor: the guest star! Fica mais elegante.

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