Larissa Galli
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Mostrando como são, sendo como podem, jogando seus corpos no mundo e andando por todos os cantos… Os Novos Baianos Moraes Moreira, Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão ainda dançam. Após 17 anos, a turnê Acabou Chorare – Os Novos Baianos se Encontram marca o reencontro e retorno do grupo aos palcos. Brasília, esquentai vossos pandeiros e iluminai os terreiros que os Novos Baianos querem sambar. O JBr. conversou com os integrantes da banda, que aterrissa por aqui no próximo sábado, às 22h, no Ginásio Nilson Nelson.
O grupo fez história na música brasileira ao juntar rock e samba, atravessando gerações. “Desde o começo queríamos fazer um trabalho que fosse relevante para a nossa cultura popular”, afirma Moraes Moreira. “Quando tudo começou, ardia em nossos corações o mesmo desejo de fazer algo que ficasse para sempre na história na nossa música”, completa Baby do Brasil.
“Buscávamos uma marca, identidade, um som que representasse a beleza, a criatividade, a espiritualidade e o amor em todas as suas facetas. Viramos uma tribo, uma família, para conseguir misturar no nosso som, com muita precisão e sinceridade, a musicalidade de cada um”, pontua Baby. Agora, segundo Moraes, “a juventude está chegando junto”, e isso os renova. “É muita paixão, é lindo ver a meninada cantando tudo”.
O grupo se destacou na cena musical do Brasil dos anos 1970, marcado pela repressão e censura da ditadura civil-militar. “Tivemos que jogar nossos corpos no mundo e hoje temos a certeza de que foi lá que começamos a derrubar tabus, questionar valores obsoletos e a construir esse mundo de liberdade e de tolerância em que vivemos”, ressalta Paulinho.
O músico relembra que “o uso de instrumentos elétricos na música brasileira nos anos 70 foi contestado pelos puristas, que até passeata fizeram protestando. Mas nada adiantou, o mundo vivia uma época de profundas mudanças e efervescência cultural e a globalização chegava na música também”.
“Com a expulsão de Caetano e Gilberto Gil do País pela ditadura militar, achávamos que seríamos os próximos a ser convidados a se retirar e, por isso, estávamos fazendo um som mais voltado para o pop rock. Mas nosso encontro com João Gilberto mudou completamente nosso som, nos colocou no caminho de casa. Continuamos usando guitarra elétrica, baixo e bateria, mas desencaixotamos cavaquinho, bumbo e pandeiro. Daí surgem as primeiras fusões do acústico com o elétrico na MPB, que veio ser a marca dos Novos Baianos”, completa.
Um mês morando juntos
Em 1979, o grupo se separou. No ano passado, 37 anos depois, anunciou o retorno. “Não planejamos o que está acontecendo, porém houve um convite para que fizéssemos a reinauguração da nova Concha Acústica, na Bahia, onde fizemos shows históricos. Após a apresentação, não paramos mais. Gravamos o primeiro DVD do grupo em março deste ano para registrar o nosso legado”, conta Baby do Brasil.
Amor da cabeça aos pés, Moraes reafirma o sentimento de união do grupo. “Em pouco tempo recuperamos a nossa intimidade. Começamos a dar risada, lembrar dos ‘causos’, aí a música se encarrega de tudo. Somos uma família, somos um todo, um time de futebol, cada um dando o seu melhor!”
O grupo segue em turnê durante o ano, mas Baby já adianta os planos para o futuro: “Guardamos para um futuro próximo um presente para a galera: um CD de inéditas após uma temporada de um mês morando juntos. Vamos reviver os momentos em que moramos juntos no sítio de Jacarepaguá”.
Serviço
Acabou Chorare – Os Novos Baianos se Encontram
Sábado, a partir das 22h.
No Ginásio Nilson Nelson
(Eixo Monumental). Os ingressos custam entre
R$ 50 e R$ 200. Valores referentes à meia-entrada
e sujeitos a alterações sem aviso prévio. Informações: 4003-6860. Não recomendado para menores de 14 anos.