LAURA LEWER
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O primeiro show do Espaço Favela da edição de 40 anos do Rock in Rio foi feito por Slipmami, artista de rap e trap nascida e criada na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro e que subiu ao palco no dia em que lançou seu segundo álbum, “Até Aqui, Slip nos Ajudou”.
O espaço, que tenta fazer referência a uma favela carioca, com construções coloridas cercadas por caixas d’água, postes de luz e varais com roupas, foi cercado por um público que aparentava ter 20 e poucos anos.
Isso deve ser regra neste primeiro dia de festival, que tem outras atrações dos gêneros como Travis Scott, 21 Savage, Matuê e Mc Cabelinho, que costumam atrair uma audiência mais jovem.
No forte calor da tarde carioca e de lace azul, a artista de 24 anos fez seu show cercada por dançarinos e munida de alguns hits cantados pelo público.
Parte deles, como “8×5” e “Rap Cerva e Swapeeka”, está presente em seu trabalho de estreia, “Malvatrem”, lançado em 2023 e produzido por Leo Justi, DJ e produtor musical que criou o projeto Heavy Baile.
Os hits são bons exemplos da caneta afiada de Slipmami, que ficou conhecida por seus versos afiados com base no shit-rap, vertente do gênero musical que é banhada de ironia e baseada na despretensão de fazer letras cabeçudas.
Isso fez com que ela caísse nas graças de um público mais alternativo, além do que já era fãs dos gêneros musicais que ela explora.
Em suas letras, Slip fala de forma explícita sobre sexo, desejo e o corpo feminino, usando vários sinônimos para falar de vagina.
É uma forma de puxar para si a narrativa que foi por décadas versada por homens e de transformá-la em liberdade sexual.
Do álbum lançado nesta sexta, ela cantou “Velotrol”, “Gosto”, “E.P.A.M”, “Botei a V.U na Boca do Povo” e “Slip” quando dançarinos entraram no palco balançando bandeiras metade brasileiras, metade americanas estampadas com o nome do disco e uma foto de Slipmami de biquíni. Ela também fez uma versão de “Freak”, de Doja Cat.