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Folhetim "Outro Lugar na Solidão"

Folhetim – Outro lugar na Solidão. Capítulo 24 – Atrás das máscaras

Folhetim – Capítulo 24

Redação Jornal de Brasília

08/09/2020 12h24

Folhetim – Outro lugar na Solidão. Capítulo 24 - Atrás das máscaras

Folhetim – Outro lugar na Solidão. Capítulo 24 – Atrás das máscaras

Por Marcos Linhares, Adriana Kortland e Marcelo Capucci
Especial para o Jornal de Brasília

Alguns dias atrás…

Jamil estava decidido a desvendar o mistério daquela mulher seminua e encoberta por uma máscara. Andava ansioso pelo corredor dos camarins, até que parou diante de uma porta com uma foto desbotada de um cristal “Swarovski”. Abriu-a. Crystal ainda usava as roupas da apresentação: sutiã de tule preto com pedrarias em cádmio, calcinha vermelha insinuante e a máscara dourada, que agora, por medo do coronavírus, cobria-lhe todo o rosto.

– Quero saber quem você é, agora!!!

Enquanto falava, Jamil a segurou pelos braços. Crystal tentou se esgueirar, sair, abrir a porta, gritar pelos seguranças. Mas foi impedida. Jamil a agarrava como se tivesse tenazes ao invés de dedos. Num misto de cólera e pavor, ela começou a se debater, tentando se livrar daquele homem.

Crystal implorou:

– Por favor, me solte. Está me machucando.

Sua súplica de nada adiantou. Desesperada, ela continuou a se contorcer e espernear, agora aos berros:

– Tire suas mãos imundas de cima de mim!

Com olhos injetados de álcool e lascívia e sadismo, Jamil mantinha-se impassível, até sorria. Crystal buscava com os olhos algum objeto para se defender. O homem segurava as mãos da mulher contra as costas dela e falou ao pé do ouvido de sua vítima:

– Vai me mostrar a cara por bem ou por mal?

– Não vou mostrar porcaria nenhuma. Segurança! Segurança!!!

Nenhum sinal deles. Os dois homens estavam ocupados com outra confusão na recepção da boate, depois do interrogatório de Ricardo Xavier. Eles nada podiam ouvir além dos poderosos alto-falantes que vociferavam “Eu vou tirar você desse lugar”, de Odair José, no último volume.

Violentamente, Jamil trouxe Crystal para perto de si e, segurando as duas mãos dela com uma só, liberou a outra para arrancar a máscara.

Crystal se debatia, frenética.

Com a mão direita, Jamil puxou a máscara do rosto da mulher, que congelou de pavor. A surpresa foi um veneno para ambos. Trocaram olhares. O capataz, usado e açoitado por Crystal, agora mirava os olhos da chefe da enfermaria geral do Hospital Municipal.

– Suzana???

Diante do risco à sua carreira, Suzana agiu. Aproveitando a surpresa dele, ela livrou a mão esquerda. Estendendo o braço em direção à cômoda, pegou o candelabro de ferro com o topo em formato de caveira e atingiu a têmpora direita de Jamil. A pancada foi tão forte que lhe afundou a face, abrindo-lhe o supercílio. Suzana o empurrou para fora do camarim, trancando a porta imediatamente. Atordoado, sem conseguir abrir a porta, Jamil saiu cambaleando.

– Eu vou te matar, sua vadia!

De volta ao presente…

Ricardo Xavier entregou Layla a JVC e depois das burocracias ele voltou ao Felina’s. Ele precisava entender melhor as condições da morte de Jamil e, principalmente, aquele ferimento na fronte direita do capataz do prefeito.

Chegou à boate. Com suas credenciais, subiu no palco. Desceu um degrau ao fundo e passou à coxia. O rapaz, que trabalhava como “barman”, agora fazia a limpeza do local e acompanhava o policial que parou em frente a uma porta onde se lia: “Camarim Crystal”.

– Abra-a! Ordenou o cana.

– Mas, senhor, esse camarim é privativo.

– Abra! Estamos em meio a uma investigação.

– Ok!

A porta se abriu e ambos ficaram boquiabertos com a confusão instalada. Xavier ordenou que o rapaz saísse sem tocar em nada. Fotografou o quarto e coletou uma amostra de sangue que cobria um abajur com cabeça de caveira. Colocou o sangue em um tubo plástico, trancou e lacrou a porta, ligando para JVC.

– Chefe, em quanto tempo podemos conseguir um exame de sangue para comparação com o laudo cadavérico do Jamil?

– Xavier, te entrego em duas horas. Pode trazer.

Giaco entrou na delegacia, pedindo para falar com sua mãe. Nonata o acompanhava, mas ficou do lado de fora. Enquanto seguia o policial, sentiu-se diferente. Conscientemente, sabia das acusações contra Layla. Porém, seu coração não batia na mesma frequência, estava anestesiado. A porta da cela foi aberta. O médico entrou, mas manteve-se à distância da mãe. Seu rosto parecia de mármore.

– Meu filho… Eu sei que não tem perdão pra mim. Eu te peço a chance de provar que não sou só essa pessoa horrível que você demonstra ver agora, com esse olhar glacial. Pela última vez, me ouça: Neste envelope estão várias informações sobre o e-mail secreto de seu pai. Tem login e senha. Você pode imaginar o porquê de uma conta secreta.

Layla estendeu o braço em direção ao filho, que mecanicamente pegou o envelope. Giaco fez menção de dizer alguma coisa, mas não conseguiu.

– Tem mais uma coisa. Eu não me orgulho de mim, a não ser por ter tido você como filho…

– Mãe, para com…

– O teu pai…

– O que mais ele fez agora?

– Ele, nada. Eu é que fiz… nós nunca fomos felizes juntos… se é que você me entende…

Mordendo a boca, desviando o olhar de seu filho, Layla vomitou a frase:

– Seu pai não é o seu pai. O Jamil é que…

– Pra mim, chega!

Giaco saiu da delegacia, entrou voando no carro e deu partida. Nonata percebeu seu estado:

– Pare agora. Quem dirige sou eu. Vamos para meu hotel?

Enquanto trocavam de lugar, Giaco não percebeu a próxima tempestade se aproximando. Uma viatura acabava de estacionar na delegacia. Dentro dela, Suzana era levada para dar depoimento.

Tão logo o viu, ela se abaixou.

CONTINUA NA QUINTA-FEIRA

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