Menu
Kátia Flávia
Kátia Flávia

Vídeo de agressão reacende condenações antigas: Babau Guimarães repete padrão de violência contra mulheres

Condenação em 2019, medida protetiva em 2023, prisão por descumprimento de regime e agora um novo vídeo que expõe a reincidência ignorada por anos

Kátia Flávia

05/12/2025 8h11

505786169 18074431534942103 7175982974732212694 n

O influenciador Babal Guimarães foi flagrado agredindo sua atual namorada, Karla Lessa. Fotos: reprodução/redes sociais

Amados, as imagens registradas na noite de 28 de novembro, na porta de um condomínio em Maceió, mostram Babau (Babal) Guimarães puxando o cabelo da namorada Karla Lessa, desferindo um tapa, empurrando a jovem contra a estrutura da portaria e arremessando objetos em direção a ela.

O vídeo, divulgado nos dias 3 e 4 de dezembro, correu o país antes mesmo de a vítima registrar boletim de ocorrência. Ainda assim, a Polícia Civil de Alagoas abriu investigação de ofício, tamanha a gravidade das cenas.

E é aí que entra o ponto que quase ninguém mencionou: o flagrante não é um episódio isolado. É parte de um padrão antigo, já reconhecido pela Justiça.

Em 2019, Babau foi condenado por lesão corporal dolosa em contexto de violência doméstica, após agredir a então esposa Teresa Santos Costa. A sentença: 1 ano e 4 meses de prisão em regime aberto. Ou seja, não foi denúncia, não foi especulação. Foi condenação formal.

A influenciadora Emily Garcia, outra ex-companheira, registrou queixa por violência doméstica e obteve medida protetiva que impedia Babau de se aproximar dela num raio de 500 metros.
Medidas desse tipo só são concedidas quando há risco concreto para a integridade da vítima.

No período de 2024 para 2025, Babau foi preso por descumprir condições do regime semiaberto relacionadas à condenação anterior. Após o episódio, passou um período em prisão domiciliar.

Esse conjunto de fatos já sinalizava um comportamento reincidente, mas o país só voltou a discutir o tema quando uma câmera escancarou o que estava diante dos olhos há anos.

Até a última atualização, Karla Lessa não havia registrado boletim de ocorrência nem feito manifestação detalhada sobre o caso.

O silêncio dela, apontam especialistas em violência doméstica, não significa ausência de agressão, mas ausência de proteção. Mulheres em situação de violência enfrentam medo, dependência emocional, pressão social e a sensação de que não serão amparadas pelo sistema.

A polícia, por sua vez, só se posicionará oficialmente após as primeiras diligências.

A blindagem que por anos o manteve protegido evaporou em poucas horas, revelando o quanto a tolerância social contribuiu para que o padrão se repetisse.

A repercussão do vídeo evidencia não apenas a conduta do influenciador, mas as brechas institucionais que permitiram que um agressor, já condenado, com medida protetiva em histórico recente e que já descumpriu regras do regime semiaberto
continuasse circulando livremente até repetir a agressão, desta vez diante de uma câmera.

O caso reacende debates sobre reincidência, aplicação da Lei Maria da Penha e monitoramento de agressores já julgados, temas que raramente recebem atenção adequada até que a violência se torne pública.

O vídeo de Babau Guimarães não chocou o Brasil por ser inédito.
Chocou porque mostrou, de forma nua e crua, a continuidade de um comportamento que o país preferiu ignorar enquanto era conveniente.

E a pergunta que fica no ar, com a mesma firmeza de um salto agulha batendo no mármore, é simples:

Quantas mulheres precisam ser feridas até que a reincidência deixe de ser tratada como coincidência?

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado