Amores, acabei de voltar da academia, e o assunto do dia por lá é a saída do Kovalick do “Hora 1”.
Bem, há nomes que não precisam de pirotecnia para brilhar. Roberto Kovalick é um deles. Ele é o tipo de jornalista que não se impõe pelo grito, mas pelo olhar. Um olhar que já viu o caos do furacão Katrina, o silêncio devastador de Fukushima e o amanhecer de tantas redações mundo afora.
Quando muitos buscavam manchete, ele buscava sentido. E talvez por isso, por essa mistura de técnica, empatia e precisão cirúrgica, Kovalick tenha se tornado o nome do momento.

Enquanto alguns fazem do microfone uma arma, Kovalick fez dele um compasso. Foi esse compasso que o levou de Porto Alegre ao planeta: primeiro aos Estados Unidos, onde viveu de perto as grandes crises políticas e naturais da década de 2000; depois ao Japão, onde o mundo desabou sob um terremoto, um tsunami e uma usina nuclear em colapso.
Ele não relatava tragédias, ele as traduzia. Transformava o ruído da dor em compreensão. E fazia o público se enxergar na história.
Como ele mesmo já disse em entrevistas, o segredo é “encontrar o humano dentro do fato”. E é exatamente isso que falta em tempos de gritaria digital: o humano.
Anos depois, quando assumiu o Hora 1, o noticiário que acorda o Brasil antes do sol, Kovalick mostrou uma disciplina quase monástica. Enquanto o país dormia, ele estudava, ajustava a respiração, o relógio biológico, a voz.
Uma rotina que, sozinha, já seria tema de filme. Mas o que o move não é o sacrifício, é o propósito. Porque quem acorda o país precisa ser mais do que um apresentador, precisa ser um ritual de confiança.

Em tempos de likes, filtros e narrativas instantâneas, Kovalick virou o que muitos tentam ser: consistente. Ele não precisa viralizar, ele permanece. E é justamente isso que o torna tão contemporâneo.
Quando a notícia é espuma, ele é o mar. Quando o mundo se perde em opinião, ele oferece contexto. E quando a pressa tenta engolir a precisão, ele entrega o essencial: verdade com empatia.
Agora, à frente do Jornal Hoje, ele representa uma nova era no telejornalismo. Uma era em que credibilidade é luxo, e autenticidade é a nova sofisticação.
Roberto Kovalick é aquele tipo de profissional que lembra ao público o motivo pelo qual o jornalismo existe: para iluminar, não para incendiar. Para informar, sem teatralizar. Para mostrar o mundo, mas também as pessoas que o constroem, com seus medos, brilhos e quedas.
Se o jornalismo fosse um espelho, Kovalick seria o reflexo daquilo que todos nós gostaríamos de ver: calma em meio ao caos, verdade sem vaidade e elegância sem afetação.
Porque, no fim das contas, o charme dele não está na voz grave ou no terno impecável, está na alma de quem ainda acredita que notícia boa é aquela contada com coração e precisão.