Uma eterna metamorfose ambulante. Chegou o grande dia: a partir de hoje, dia 26 de junho, a nova série Original Globoplay ‘Raul Seixas: Eu Sou’ convida o público a um mergulho profundo não apenas na música de um dos maiores ícones do rock brasileiro, mas também nas relações e nas personalidades que moldaram o lendário “Maluco Beleza”. Além da performance impactante de Ravel Andrade no papel principal, a trama de oito episódios, já disponíveis na plataforma, reúne grande elenco encarnando figuras cruciais da trajetória do artista baiano, que completaria 80 anos no próximo sábado (28). Com criação de Paulo Morelli, direção de Paulo e Pedro Morelli e produção da O2 Filmes.
No cerne da narrativa, a obra explora as raízes de Raulzito desde a infância, com Pedro Burgarelli interpretando o artista em seus anos iniciais. Os laços familiares são um pilar da produção, mostrando a relação do menino com a mãe Maria Eugênia, interpretada pela atriz Cyria Coentro, uma mulher extrovertida e comunicativa que, apesar de querer o filho diplomata, se torna seu porto seguro, e o irmão Plínio (vivido por Rodrigo Vidal e Vitor Novello em diferentes fases). Outro grande destaque do núcleo familiar é a poderosa conexão em cena entre Ravel Andrade e Julio Andrade, que dão vida a Raul Seixas e seu pai, Raul Varella. Irmãos na vida real, filho e pai na arte, eles revivem uma relação emocionante.
A vida afetiva do homenageado também é detalhada na ficção através de suas companheiras, mulheres fortes e potentes que foram base da sua vida e obra. Logo no primeiro episódio, opúblico poderá relembrar a trajetória de Edith Wisner, esposa do músico vivida por Amanda Grimaldi. “Edith foi a primeira grande relação de Raul. Ela era uma mulher muito presente e firme, dando suporte enquanto ele se transformava”, reflete a atriz. Norte-americana e fã de Elvis Presley, Edithinha, como o artista a chamava, foi sua companheira de 1966 a 1974. Ela o ensinou inglês e o apoiou incondicionalmente em sua carreira, costurando figurinos e compartilhando suas buscas místicas. Testemunha e colaboradora da transformação de Raulzito em Raul Seixas. Do relacionamento, nasceu a pequena Simone. O segundo casamento, com Gloria Vaquer, também invade a tela. “Ela representa a materialização da loucura de Raul. É uma parte vital da metamorfose e da sociedade alternativa que ele criou”, descreve Caroline Abras, intérprete da personagem. Fascinada pela inteligência de Raul e seu universo musical, Gloria participa ativamente das práticas místicas do artista. A trama mostra os altos e baixos dessa união e o nascimento da filha Scarlet.
Julia Stockler assume o papel de Tania Menna Barreto. Parceira de Raul de 1976 a 1979, a personagem é uma mulher à frente de seu tempo. A história desvenda uma figura feminina forte, autônoma e corajosa que, apesar de compartilhar das maiores loucuras e excessos do astro, navega com notável lucidez em seu mundo particular. “Raul Seixas foi um ícone de transgressão e sensibilidade. Interpretar Tania, uma de suas esposas, me permitiu explorar a profundidade das relações que ele teve e a complexidade de sua vida”, revela Julia. Já Chandelly Braz dá vida a Kika Seixas (Ângela Costa), companheira do astro de 1979 a 1984. “A série retrata um casal que se apoiava muito, mostrando uma mulher forte e que, com muito amor, estava disposta a fazer Raul brilhar de novo”, destaca a atriz. A produção também apresenta a pequena Vivian, fruto dessa união, e destaca uma Kika prática e descolada. Sua experiência no mercado da música a torna uma parceira essencial, não apenas afetivamente, mas também profissionalmente, auxiliando em composições, na prospecção de contratos e em estratégias para o pai do rock retomar sua carreira.
A série oferece ainda um olhar aprofundado sobre as importantes colaborações musicais e as amizades que influenciaram Raulzito, como a com Paulo Coelho (João Pedro Zappa). A produção aborda a conexão dessas duas figuras icônicas desde o seu surgimento até uma completa simbiose, passando por momentos emblemáticos da dupla, como a criação de canções que se tornaram clássicos. “A parceria entre Raul e Paulo Coelho foi mágica. Eles tinham uma química criativa única e foi incrível explorar essa relação na série”, comenta Zappa. Jaffar Bambirra também tem a oportunidade de mostrar uma nova faceta artística na obra, ao interpretar o cantor e compositor Sérgio Sampaio: um encontro musical marcante na trajetória de Raul. Já João Vitor Silva, dá vida ao músico Cláudio Roberto. Na trama, a franqueza e o humor desse personagem da vida real, carinhosamente apelidado de “Claudete” pelo homenageado, o tornaram um amigo e colaborador indispensável de composições. A trama traz ainda Sylvio Passos, interpretado por Gabriel Wiedemann, um adolescente que, ao conhecer a música do roqueiro, transforma sua vida e se dedica a criar o famoso Raul Rock Club, o fã-clube oficial do cantor.
E por falar no lado musical da série biográfica, o talento por trás das cenas é um show à parte. Para as sequências de show que são revividas ao longo dos episódios, o artista Tony Gambel divide com Ravel a missão de fazer a voz do ícone, garantindo a autenticidade das performances musicais na tela. Em entrevista exclusiva, o protagonista conta como foi mergulhar na genialidade e complexidade do astro Raul Seixas, os bastidores da intensa preparação e suas percepções sobre o “Maluco Beleza”.
Confira a entrevista com Ravel Andrade:
Como você se preparou para interpretar o personagem?
Minha preparação começou em dezembro de 2022, logo após a ligação de Paulo e Pedro Morelli confirmando que eu faria o Raul. Foi uma das grandes felicidades da minha vida, uma notícia inesquecível. Lembro que ganhei de presente de Natal da minha companheira, Andréia (Horta), a biografia de Raul Seixas “Não Diga Que A Canção Está Perdida”, escrita por Jotabê Medeiros. Minha preparação começou nesse dia, com esse livro e com as conversas que tive com ela. Andréia já havia feito a biografia da Elis Regina, uma das maiores cantoras deste planeta. Assisti a todos os vídeos de Raul, ouvi todos os discos, desde a primeira música do primeiro álbum. Passei a me conectar de forma mais profunda com ele, que para mim era um filósofo, pensava muito sobre o ser humano e a vida. Meu trabalho foi tanto físico quanto de conexão com o astral, as letras e referências dele. Depois de meses de estudo solitário, fui para a sala de ensaio e comecei a buscar o Raul da nossa série. Fui preparado por algumas pessoas que foram muito importantes para mim nesse processo. Uma preparação muito trabalhosa, mas extremamente prazerosa, embarcar em sua cabeça, trajetória, vida e obra de Raul.
Chegou a conhecer a família de Raul Seixas?
Conversei bastante com Vivi Seixas, que foi fundamental para eu entender o Raul sob a perspectiva de filha. Ela abriu o ‘baú’, onde ele guardava muitas relíquias: fitas das primeiras canções, filmes de Super 8, diários e figurinos de alguns shows. Pegou todo esse material de áudio e vídeo e digitalizou para disponibilizar online. É um material muito vasto sobre a vida de Raul, com intimidades, shows ao vivo, tudo separado por data. Isso, junto à pesquisa de Paulo Morelli com familiares e amigos mais próximos, me deu acesso a muita intimidade de Raul, essenciais para a composição.
Além de ator, você é músico. Já era fã de Raul e acha que isso influenciou para se preparar para o personagem?
Eu sempre fui muito fã de Raul, ele já fazia parte da minha vida, me influenciou com as ideias que colocava no rock and roll. Isso influenciou também na minha preparação, pois já era um artista que eu admirava, me tocava e interessava muito. Estava instigado a conhecer de fato esse cara de quem eu era fã e que agora eu poderia me aprofundar muito mais. A questão da música, do violão e da afinidade com o instrumento me ajudou a conquistar esse personagem. Foi importante porque a série tem muitas cenas de show e várias de Raul tocando. A afinidade que tenho com o violão e a afinidade que Raul tinha com o violão conversam, e isso me ajudou a chegar aonde chegamos nessas sequências, que tinham que ter um nível altíssimo de fidelidade com aquilo que Raul fazia. Estou sempre tocando e cantando em cena: conseguimos fazer isso de maneira muito fiel, pois tínhamos Kassin Kamal conosco, o diretor musical da série. Ele me ajudou muito, ia para o set cuidar das harmonias, dos tons, do dedo mindinho que Raul colocava no acorde. Era essencial que a parte musical estivesse impecável, porque Raul era também um produtor musical, sabia muito sobre música e fez muitas belezas.
Qual aspecto da personalidade de Raul você achou mais desafiador de incorporar? Na sua opinião, é mais difícil interpretar um personagem real?
O aspecto mais desafiador foi a solidão de Raul no fim da vida. Havia um Raul profundamente solitário, que lutava com os monstros do vício, com os conflitos internos, as desilusões com o mundo e a falta de reconhecimento em vida. Entrar nesse lugar escuro exige muita coragem emocional. Interpretar um personagem real é mais difícil porque há uma comparação com aquilo que as pessoas conhecem e elas esperam ver o personagem no ator, o ator no personagem e ter essa ilusão de confundir quem é o ator e quem é o personagem. O público espera isso, mas a dificuldade está principalmente em fazer algo que respeite o legado do artista, nesse caso, nosso grande Raul Seixas. É muito mais difícil interpretar um personagem real porque precisamos fazer algo que esteja à altura do que aquele artista fazia. E, se tratando de Raul, das grandes belezas que ele deixou no mundo para nós. Existe um respeito por esse legado e uma vontade de fazer algo que o represente também.
Destacaria o momento mais emocionante ou marcante durante as filmagens?
São muitos que foram extremamente emocionantes. Mas acho que o mais marcante para mim foi a reprodução do show de 1989 no Canecão, o último encontro de Raul Seixas e Paulo Coelho. Foi a primeira vez que se viram após anos sem contato. Eu estava ali, vivendo um Raul muito debilitado, já no ano de seu falecimento, cantando com meu melhor amigo, João Pedro Zappa (Paulo Coelho), e estávamos muito concentrados na cena e na história. A emoção era imensa, sabendo que era o desfecho da série e o último encontro deles. Foi uma noite muito emotiva, um momento inesquecível em que emanei muita gratidão ao universo por ter a oportunidade de interpretar um dos maiores artistas do nosso país.
Alguns personagens marcam para sempre a carreira de um artista. Acredita que esse é o caso?
Sim, um artista ou ator coleciona muitos personagens durante a carreira, mas poucos ficam na gente de maneira tão profunda como foi Raul, um artista, um ícone da música brasileira, um personagem inquieto que me ensinou tantas coisas, que mudou a minha maneira de pensar. Isso é muito marcante e é um presente receber um personagem desse para interpretar com tamanha profundidade.
E o que você aprendeu sobre si mesmo como ator ao interpretar Raul Seixas?
Primeiro, eu aprendi que eu era capaz de agarrar esse personagem, de interpretar Raul. Quando recebemos um convite desses, uma missão dessas, nos perguntamos se podemos, se conseguimos. Eu tive essas questões no início, por ser um personagem tão complexo e uma figura muito conhecida. Ao concluir o trabalho, entendi que eu era capaz, que poderia ocupar esse lugar de protagonismo e que conseguiria fazer um trabalho com excelência, cumprindo tudo o que tinha para cumprir, saindo dele saudável, são e satisfeito com tudo. Raul, para além de tudo, reforça a ideia de que a arte tem o poder de provocar, de questionar o público e o próprio intérprete, no caso eu. Tem o poder de libertar também. Raul reforça tudo o que a arte é para nós e o quanto ela transforma.
Se você tivesse que escolher uma música dele para ser trilha da sua vida, qual seria?
‘Tente Outra Vez’, essa música sobre persistência, fé e acreditar na vida me acompanhou em todo o processo, da preparação até as filmagens. É uma música que sempre esteve comigo. É impressionante como ela me dá força e tenho certeza de que dá para muita gente. É incrível como Raul consegue deixar essas palavras de fé e de insistência na vida, mesmo depois de tantos anos após sua partida, e continua ecoando no mundo essa mensagem de ‘tente outra vez’.
O que você espera que o público sinta ou reflita ao assistir à série?
Espero que as pessoas assistam à série e que não só revivam as músicas e os sucessos de Raul, mas que se conectem com o ser humano que existe por trás desse mito. Ele era um cara muito contraditório, genial, provocador e, acima de tudo, profundamente humano. Queremos também que a obra apresente Raul para as novas gerações e que reacenda a paixão nos fãs. Que o público embarque nessa viagem alucinante que é a vida de Raul Seixas e que resgatemos esse pensamento genial dele para os dias de hoje, reacendendo a chama desse meteoro que ele foi.
‘Raul Seixas: Eu Sou’ tem criação de Paulo Morelli, que divide a direção com Pedro Morelli, e produção da O2 Filmes. Com roteiro e redação final de Denis Nielsen, a equipe de roteiristas é formada ainda por Lívia Gaudencio e Marcelo Montenegro. A obra foi selecionada para a competição oficial do festival Series Mania na França, um dos maiores eventos internacionais dedicados a séries, marcando a primeira vez que uma produção brasileira participa da mostra.
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