O Brasil ainda tenta digerir a notícia da morte de Lô Borges, que partiu neste domingo (2), aos 73 anos, em Belo Horizonte. Um dos maiores nomes da música brasileira, o mineiro do Clube da Esquina nos deixou justamente quando a criatividade parecia pulsar mais forte do que nunca.
Segundo o irmão Yê Borges, Lô estava em plena ebulição artística: quatro discos inéditos prontos, agenda cheia de shows, inclusive com Zeca Baleiro, no Recife e uma vontade imensa de seguir criando. “Ele não esperava estar naquela situação. Foi uma decepção muito grande”, contou Yê durante o velório, no Palácio das Artes.

O ambiente, embora tomado pela emoção, também era de espanto. Todos diziam o mesmo: Lô estava vivendo uma fase de recomeço. O baixista Thiago Corrêa, parceiro de estúdio, contou que ele produzia tanto que “fazia mais discos do que o mercado conseguia lançar”. A inquietação era sua marca e a música, seu modo de respirar.
Amigos próximos, fãs e músicos se reuniram para uma despedida discreta, mas poderosa. Entre eles, Zeca Baleiro, que dividiu o estúdio com o cantor nos últimos meses. “Sinto-me presenteado pelos céus por ter sido o último parceiro de Lô, ainda que isso traga tristeza”, disse, emocionado.
A família confirmou que os quatro discos inéditos serão lançados. “Não podem ficar engavetados, porque têm coisas geniais”, garantiu Yê Borges.

É o Brasil se despedindo de um artista que nunca fez concessões: Lô Borges era pura arte, sem pausa nem ponto final. E se a morte interrompeu o corpo, a obra segue, viva, fresca, urgente, como se o tempo tivesse parado pra ouvir mais uma vez aquele acorde inconfundível vindo de Minas.
Lô não partiu. Apenas mudou de tom.