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Kátia Flávia
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“Qual exame é prazeroso de fazer?”: Dra. Ana Comin rebate crítica de Glória Pires ao Papanicolau e reacende debate sobre saúde da mulher

Após fala da atriz viralizar ao classificar o exame como “tortura”, ginecologista reage nas redes, defende o método e critica a desinformação sobre prevenção do câncer do colo do útero

Kátia Flávia

16/12/2025 17h30

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Declaração de Glória Pires sobre o exame Papanicolau gera debate nas redes sociais e reação de especialistas.

A fala de Glória Pires no videodcast Na Palma da Mari, da CNN Brasil, vem transformando um exame de rotina em um dos assuntos mais debatidos da semana nas redes sociais. Ao questionar o desconforto do Papanicolau e afirmar que, em pleno 2025, mulheres ainda precisam passar por um procedimento invasivo, a atriz reacendeu um debate legítimo sobre saúde feminina, mas também provocou reação dura de profissionais da área médica.

Entre elas, a médica Ana Comin, com atendimento especializado em ginecologia, obstetrícia e menopausa, que usou suas redes sociais para rebater diretamente a declaração da atriz e defender o exame como ferramenta essencial na prevenção do câncer do colo do útero. O comentário da médica rapidamente ganhou repercussão e dividiu opiniões.

No programa, Glória Pires contextualizou sua crítica dentro de uma discussão mais ampla sobre a medicina historicamente construída a partir de pesquisas feitas por homens e para homens, muitas vezes ignorando a experiência feminina.

A atriz afirmou: “Tem cabimento? Hoje, 2025, a gente ainda ter que passar por aquele tremendo desconforto que é o tal do exame Papa Nicolau? Aquilo tem fundamento Numa era que o povo tá saindo do planeta e a gente ainda sofre com aquilo, com aquele instrumento. É um negócio de tortura aquilo, gente. É bem tenso. É tenso. Então assim, a coisa da menopausa, por que é que ninguém falava? Porque a maioria eram médicos, homens, onde eles aprendiam em cima de pesquisas feitas por homens que não vivenciavam aquela realidade.”

A declaração viralizou rapidamente após a CNN Brasil postar esse trecho em seu perfil oficial, impulsionada por comentários que iam do apoio à crítica, até alertas sobre o risco de desestimular mulheres a realizarem exames preventivos. Foi nesse contexto que a Dra. Ana Comin, se posicionou.

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Ginecologista Ana Comin rebate fala da atriz e reforça a importância do Papanicolau na prevenção do câncer do colo do útero.

Em resposta, a ginecologista questionou o tom e o conteúdo da fala, destacando que exames médicos não existem para proporcionar conforto, mas para salvar vidas. Em seu comentário, ela escreveu: “Custo a acreditar que mulheres desta idade estejam falando em rede nacional tanta besteira. Poderiam ter estudado um pouco antes de ir a este programa. Para descobrir um tipo de câncer tem algum método no universo que seja diferente de obtenção celular? Resposta: não. Por que seria diferente com o colo do útero? Qual exame que se faz que é prazeroso? Exames não são para dar prazer. Remédios não são feitos para serem gostosos. São para curar.”

Dra. Ana, que também atua como cirurgiã referência em endometriose em Balneário Camboriú (SC), complementou a fala com críticas sobre pessoas famosas contribuírem com a desinformação, por se sentirem confiantes em falar na TV sobre saúde da mulher sem nunca terem tido experiência na área. “Estudem antes de abrir a boca ou falem daquilo que entendem. Fez teatro? Fale de teatro. Pergunte sobre o que não te compete, que passará menos vergonha”, finalizou.

O embate expôs uma tensão recorrente quando temas de saúde pública ganham espaço fora do ambiente científico, de um lado, a vivência e o desconforto real de milhares de mulheres; do outro, a preocupação médica com a banalização ou descredibilização de um exame responsável por reduzir drasticamente a incidência e mortalidade por câncer de colo do útero nas últimas décadas.

Embora o Papanicolau seja frequentemente associado ao desconforto físico e emocional, especialistas reforçam que ele segue sendo, até hoje, uma das principais estratégias de rastreamento da doença, especialmente em países como o Brasil. Ao mesmo tempo, cresce a pressão por investimentos em métodos menos invasivos e por uma abordagem mais humanizada no atendimento às mulheres.

O episódio mostra que a discussão vai além do exame em si. Ela toca em temas como acesso à informação, responsabilidade pública de figuras famosas e a necessidade de conciliar avanços científicos com escuta ativa das experiências femininas, sem que a prevenção fique em segundo plano.

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