Recém-chegada da Áustria, afundada numa poltrona Bergère, daquelas clássicas, largas e feitas para fofoca longa, eu achava que a noite ia terminar em silêncio. Ledo engano: o WhatsApp explodiu, amigas em estado de alerta disparando o vídeo de Matheus e Kauan, e ali ficou claro que a confusão tinha começado antes de todo mundo dormir, o que aconteceu nas redes nas últimas horas não foi só curiosidade, foi comoção. A possível separação de Matheus e Kauan virou um daqueles raros momentos em que o país para, arregala o olho e pergunta junto “mas como assim?”. Euzinha aqui ficou perplexa, indignada, passada e, confesso, um pouco emocionada.
Tudo começou com um vídeo aparentemente simples, mas com palavras que soaram como sirene. Quando artistas usam termos como “temporada”, “capítulo” e “ponto final”, o público não lê metáfora, lê despedida. A internet não espera nota oficial, ela reage no impulso, no medo e na memória afetiva.
No X, antigo Twitter, o clima foi de velório antecipado misturado com cobrança. Teve fã implorando por esclarecimento, teve gente revoltada pedindo menos suspense, teve quem acusasse jogada de marketing e teve quem simplesmente não aceitou. O tom dominante não foi ódio, foi susto. E susto mobiliza.
A indignação veio do silêncio. Não é exatamente sobre separar ou não separar. É sobre deixar o público no escuro depois de anos de convivência simbólica. Matheus e Kauan não são só uma dupla, viraram trilha sonora de casamentos, términos, reconciliações, churrascos de domingo e noites mal dormidas. Quando isso balança, o povo sente no estômago.
Outro ponto que inflamou a rede foi o lado prático, quase ninguém falou disso direito. Shows marcados, ingressos comprados, viagens programadas. Tem gente com passagem emitida e coração na mão. O sertanejo, goste ou não, é indústria pesada, mexe com muita gente além do palco.
E aí surge a divisão clássica. De um lado, os românticos feridos, do outro, os cínicos dizendo “é lançamento de projeto”. Essa briga alimenta o algoritmo, esquenta comentário e empurra o assunto ainda mais pra cima. A possível separação vira menos um fato e mais um fenômeno.
No fundo, o que essa reação escancarou foi outra coisa. O público não aguenta mais comunicação ambígua com cara de despedida. Quer verdade, quer clareza, quer saber se é pausa, fim ou só ruído. Drama sem legenda cansa.
Enquanto não vem resposta objetiva, a internet segue no modo passada. Euzinha observo, de leque imaginário aberto, pensando como um parágrafo mal explicado foi capaz de parar o Brasil antes das nove da manhã.