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Kátia Flávia
Kátia Flávia

Paula Lavigne perde a paciência, Wagner Moura vira megafone errado e a cultura sangra no fogo amigo

Quando o Congresso passa boiada de madrugada, sobra para o MinC levar a culpa e para o artista virar instrumento.

Kátia Flávia

14/12/2025 9h30

Quando o Congresso passa boiada de madrugada, sobra para o MinC levar a culpa e para o artista virar instrumento.

Amadas, esse áudio da Paula Lavigne falando abertamente sobre Jandira Feghali caiu como uma bomba. Não se fala em outra coisa nem em Brasília, nem na Gávea, aqui no Rio. Desde sexta eu estou chocada, passada, eletrizada com o que veio à tona.Quando os bastidores da cultura resolvem falar, o silêncio vira escândalo e a ficha de muita gente começa a cair.
O áudio de Paula Lavigne não é desabafo, é raio X. Ela escancara algo que muita gente finge não ver, a cultura brasileira não está sendo sabotada só pela direita declarada, mas também por vaidade interna, disputa de poder e ego em modo avião.

Paula deixa claro que não é governo, não é PT, não é filiada a nada. É progressista, sim, e injusta, jamais. E fala de um lugar que dói mais, o de quem está dentro, acompanhando o sacrifício diário do MinC, vendo o governo tentar fazer política cultural com um Congresso hostil, predatório e cheio de fome atrasada.

Foto: Reprodução/Jandira Feghali

E aí entra o erro que hoje cobra juros. Paula ajudou, trabalhou, articulou a indicação de Paulo Alcoforado para a Ancine acreditando que era o melhor para o audiovisual. Hoje, arrependimento total. Porque descobrir que o mesmo sujeito liga para Wagner Moura para orientá-lo a atacar o governo e o MinC é o tipo de coisa que faz qualquer um perder a elegância e ganhar gastrite.

Vamos combinar.
Quem faz lei é o Congresso.
Quem passa anistia light na calada da noite é o Congresso.
Quem sabota projeto de país é o Congresso.

Mas quando o artista acorda indignado, escolhe o alvo errado e solta vídeo como se o MinC estivesse de braços cruzados. A plateia aplaude, o algoritmo agradece e o verdadeiro responsável continua rindo no cafezinho do plenário.

E não, Wagner Moura não está sozinho nessa cruzada contra o governo sob o verniz do “PL do streaming”. Tem lobby, tem player internacional, tem gente poderosa que odeia a ideia de regra, taxa e contrapartida. O artista vira rosto bonito de uma briga que não nasceu no set de filmagem, nasceu na planilha.

Agora, a parte que ninguém gosta de ouvir.
Quando Jandira Feghali, Manoel Rangel e esse entorno começam a jogar contra o MinC, segundo o que Paula afirma no áudio, o problema não é ideológico. É ambição. É frustração de quem queria a cadeira maior e resolveu puxar o tapete do prédio inteiro.

Vou traduzir em uma frase, porque às vezes só uma resolve:
Cultura não é prêmio de consolação para ego ferido.

O resultado desse circo é sempre o mesmo. O governo apanha, o MinC sangra, o Congresso passa ileso e a indústria criativa continua sendo tratada como figurante de luxo.

Tristeza define, mas ingenuidade não cola mais.
Porque fogo amigo, meu bem, mata do mesmo jeito.

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