Paulo Vieira não precisou de palco, plateia ou roteiro para roubar a cena. Bastou um post. Com a clareza que só a inteligência afiada e a indignação legítima sabem ter, o humorista mirou alto e acertou em cheio.
“O governador bolsonarista Cláudio Castro é o grande responsável pela desgraça que o Rio vive hoje”, escreveu Paulo, em tom de denúncia. “Pra se livrar, ele vai botar a culpa até no Cristo Redentor, mas não se enganem.”
E não é exagero. O Rio de Janeiro amarga um dos períodos mais sombrios de sua história recente, governado há mais de uma década pela mesma ala política que prometeu “lei, ordem e prosperidade”. No entanto, o que o povo vê é sangue, abandono e discursos reciclados de campanha.

Paulo lembrou ainda que o governador foi contra a PEC da Segurança e que todo o comando político do Rio, governador, senadores e deputados é do PL, o mesmo partido de Jair Bolsonaro. “Agora, numa atitude desesperada e eleitoreira, sacrifica o povo pra fazer teatro sanguinário pra sua plateia sombria”, escreveu, sem medo de nomear.
E como boa plateia cansada desse espetáculo grotesco, o público aplaudiu não a violência, mas a coragem de quem, mesmo vindo do humor, fala sério quando o país precisa acordar. Quando o humorista é o único falando sério, é porque o resto virou piada.

Após a megaoperação no Rio, cerca de 50 corpos foram retirados por moradores de uma área de mata do Complexo da Penha. Os corpos foram reunidos na Praça São Lucas, no centro da comunidade, e de acordo com a população, não fazem parte da contagem oficial de 64 mortos (60 suspeitos e 4 policiais).
Se os corpos estiverem fora das 64 vítimas contabilizadas ontem, o saldo total de mortos da operação mais letal já realizada pelas forças de segurança do Rio, pode chegar a 120.