No mês do Orgulho LGBTQIA+, Marcela Porto, a Mulher Abacaxi, quer ser uma voz contra o preconceito que acontece onde deveria ser o porto seguro de uma pessoa: na própria família. A influenciadora e caminhoneira recordou uma surra que levou do pai, Anastácio, ao ser flagrada vestindo roupas e maquiagem da mãe, Iolanda. Os dois já faleceram.
“Às vezes, quando meus pais não estavam em casa, eu vestia roupas da minha mãe e maquiagem. Colocava salto, roupas, bijuterias e uma toalha fingindo que era cabelo. Só que um dia meu pai saiu mais cedo do trabalho, e me flagrou, e deu uma surra. Disse que não teria filho gay. Se os pais soubessem que nenhuma surra vai fazer o filho deixar de ser LGBTQIA. A única coisa que vai fazer é criar traumas, dores e deixar o filho sozinho”, recorda.

Mulher Abacaxi diz que não foi a primeira vez que o pai foi preconceituoso com ela. “Minha voz sempre foi fina. ele implicava com isso. Queria que eu servisse o Exército para aprender a ser homem. Chegou a falar com um amigo dele para intervir, mas eu disse que fugia. Mas depois de tudo o perdoei. E éramos amigos. Transformei essa dor em luta”, diz.
A influenciadora acredita que toda essa repressão fez com que sua transição de gênero fosse tarde. “Foi aos 42 anos. Não culpo ninguém. A sociedade era diferente. Eu tinha poucas referências. Eu tinha problemas de autoaceitação. Nem gostava de me olhar no espelho. Hoje, olho e tenho orgulho. Vejo a mulher forte e linda que sou”, finaliza.
Amores, meu coração fica em frangalhos ao ver que tem pessoas que ainda pagam um preço alto por ser quem é.