Amigas , estou passada com a Sandrao na série Tremembé , que personagem forte! Estava lendo a matéria do UOL da Fernanda Talarico fiquei impressionada, e neste sábado nublado quero dividir aqui ;
Nos primeiros dias de gravação, Letícia Rodrigues percebeu que algo havia mudado. Nos corredores da produção, os colegas desviavam o olhar, falavam baixo, hesitavam até em cumprimentá-la.
“Me senti o Mickey”, contou, rindo do próprio espanto. A fantasia, porém, era outra: o corpo e o semblante de Sandrão, a temida líder do presídio feminino de Tremembé, nova série true crime do Prime Video.
A transformação não era apenas estética ,era quase espiritual. Letícia, de 35 anos, passou por uma imersão física e emocional para viver Sandra Regina Ruiz, mulher condenada a 27 anos de prisão pelo sequestro e morte de um adolescente. Transferida para Tremembé após agredir um agente penitenciário, Sandrão se tornou figura lendária entre os muros do cárcere e o desafio de interpretá-la exigia mais que talento: pedia entrega total.
“O maior desafio foi ser leal à obra e me entregar a uma história que talvez não seja a mais bonita ou feliz, mas que precisava ser contada”, reflete Letícia.
Com um currículo que inclui “Enterre Seus Mortos”, “Raul Seixas: Eu Sou” e “Tarã”, a atriz diz que sua construção foi “de fora pra dentro”, moldando o corpo, o gesto e o magnetismo da personagem. Tudo em parceria com as preparadoras Maria Laura Nogueira e Carol Fabbri ,verdadeiras arquitetas de alma.
Nos bastidores, Marina Ruy Barbosa, produtora executiva e colega de elenco, observava admirada:
“A Lelê é uma das pessoas mais doces que já conheci. Ver ela se transformando dia após dia foi impressionante. Uma entrega rara, de quem se deixa atravessar pela arte.”
Essa doçura, justamente, foi o contraste que fez Sandrão ganhar peso. Letícia virou espelho de uma dualidade potente: a mulher serena que carrega em si a fúria da personagem.
Fora das câmeras, Letícia também dá voz às próprias lutas. É criadora do espetáculo solo “116 Gramas”, em que trata de gordofobia com ironia e poesia pop. A peça, nascida de cinco anos de processo criativo, é prova de que sua arte vai muito além da ficção: ela é visceral, política e generosa.
Com Tremembé, Letícia deixa de ser apenas a atriz independente dos circuitos alternativos e se firma como um dos nomes mais promissores da nova geração.
E se no set ninguém ousava lhe dar “bom dia”, agora o Brasil inteiro se levanta para aplaudir ,de pé a mulher que encarou o abismo e voltou gigante.