Ontem, aqui neste espaço, fizemos o que raramente se vê. Elogiamos. Reconhecemos a Latam como uma companhia que vinha acertando, que vinha se organizando, que merecia destaque positivo.
Mas bastou o relato do Padre Fábio de Melo vir a público para o cenário mudar completamente.
O religioso usou suas redes sociais para relatar o que classificou como uma situação de descaso após o cancelamento de um voo. As passagens haviam sido compradas pela Latam, todas as informações foram repassadas pelo aplicativo da companhia e, após o cancelamento, os passageiros foram direcionados a um voo operado pela Delta.

A partir daí, começou o jogo de empurra.
Segundo o padre, a Latam afirmou não ter responsabilidade sobre o ocorrido. A Delta, por sua vez, não conseguia resolver a situação. Os códigos de reserva ficaram inválidos. E os passageiros, simplesmente, ficaram sem respostas.

O ponto que mais chama atenção é justamente esse. Tudo foi comprado pela Latam. Toda a comunicação veio da Latam. Mas, no momento do problema, a empresa se desvinculou.
O próprio Padre Fábio fez questão de registrar que a única pessoa que demonstrou empatia e educação foi uma funcionária da Delta, chamada Rute, que mesmo diante de cerca de 300 passageiros afetados, tentou ajudar dentro do que lhe era possível.
E aqui é onde o episódio ganha peso.
Porque se um passageiro conhecido, com visibilidade e voz pública, enfrenta esse tipo de situação, a pergunta é inevitável: o que acontece com quem não tem alcance nenhum?

Ontem, nós elogiamos a Latam. Hoje, cobramos.
Não pelo cancelamento do voo, que pode acontecer.
Mas pela postura.
Pela ausência de solução.
Pela tentativa de lavar as mãos.
A crítica não é ao atendimento individual, que sempre foi cordial. A crítica é à decisão institucional de se afastar do problema.
E quando até o Padre Fábio de Melo perde a paciência, é porque alguma coisa saiu muito do eixo.