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Kátia Flávia
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“Nariguda fica falando mal”: Bap surta, ataca jornalista da Globo e expõe o Flamengo no futebol feminino

Em vez de explicar vestiário com lodo, água barrenta e treino improvisado, o presidente rubro-negro prefere partir para a ofensa pessoal.
Quando falta argumento, sobra grosseria, e o futebol feminino paga a conta.

Kátia Flávia

24/12/2025 13h44

Em vez de explicar vestiário com lodo, água barrenta e treino improvisado, o presidente rubro-negro prefere partir para a ofensa pessoal. Quando falta argumento, sobra grosseria, e o futebol feminino paga a conta.

Luiz Eduardo Baptista perde a linha, troca gestão por ofensa pessoal e tenta calar a crítica no grito.
O Flamengo é gigante, mas a resposta foi pequena, barulhenta e constrangedora.

Respira fundo porque o episódio é daqueles que fazem a peruca cair. Luiz Eduardo Baptista, o Bap, resolveu responder uma crítica legítima sobre o futebol feminino do Flamengo atacando quem fez a pergunta. Chamou a jornalista Renata Mendonça de “nariguda” e disse que ela “fica falando mal”. Jornalismo virou ofensa pessoal. Gestão virou nervosismo.

A pergunta que acendeu o pavio

Renata não inventou nada. Apresentou vídeo, mostrou imagens e questionou a diferença gritante de estrutura entre o time masculino e o feminino. Nada de achismo. Era chão quebrado, vestiário precário, treino improvisado. Pergunta direta, incômoda, do jeito que dirigente odeia quando não tem resposta redonda.

Bap ouviu e explodiu. Em vez de explicar, atacou. Em vez de responder, ironizou. Em vez de assumir problema, mirou no nariz da repórter. Elegância zero, estratégia de quinta série.

Sem rebater o conteúdo, o presidente puxou a Globo para o centro da conversa. Falou de direitos de transmissão, apontou para números, tentou jogar a culpa no dinheiro que “fica com a TV”. Só esqueceu de um detalhe básico. A denúncia era sobre condição de trabalho, não sobre contrato comercial.

Quando o argumento falha, o alvo vira a mensageira. Manual antigo, efeito previsível.

Vestiário pedindo socorro, piso quebrado, lama, pia com água barrenta, identificação improvisada em papel A4, campo menor que o padrão oficial, sacos de lixo dividindo espaço com treino. Academia inexistente. Fisioterapia improvisada em cima de um bar. Isso não é narrativa militante. É imagem gravada.

Diante desse cenário, chamar a jornalista de “nariguda” não rebate nada. Só confirma o desconforto.

Não é a crítica que constrange. É a reação. Um presidente de clube bilionário, em pleno microfone aberto, tratando jornalismo como provocação pessoal. O futebol feminino vira detalhe, a ofensa vira manchete. E o Flamengo, que deveria liderar pelo exemplo, vira case de como não reagir.

Teve ofensa pessoal, teve ataque à imprensa, teve tentativa de desvio de foco.
Não teve explicação convincente.
A jornalista fez o trabalho dela. O problema estrutural continua lá. E o dirigente, nervoso, acabou dizendo mais sobre si do que sobre o clube.

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